JBS: balanço desta quarta-feira deve mostrar mais um trimestre de resultados fortes (Ueslei Marcelino/Reuters) (Ueslei Marcelino/Reuters)
Karin Salomão
Publicado em 15 de novembro de 2018 às 06h00.
Última atualização em 15 de novembro de 2018 às 09h48.
São Paulo - A JBS vive uma semana de surpresas. Na segunda-feira, o empresário Joesley Batista, que havia sido preso há poucos dias, foi solto por decisão do STJ e ontem, 14, surpreendeu o mercado com bons resultados de crescimento.
A receita líquida do trimestre chegou a 49,4 bilhões de reais, alta de 20,1%, e o Ebitda ajustado foi de 4,4 bilhões de reais, 2,6% superior ao terceiro trimestre do ano anterior e o maior já registrado pela JBS em um trimestre.
A empresa apresentou prejuízo de 133,5 milhões de reais, mas, ao ajustar o número e excluir o impacto da variação cambial e da adesão ao PRR - Funrural (Programa de Regularização Tributária Rural), o lucro líquido ajustado é de 2,1 bilhões de reais. Os investidores receberam os resultados com animação e as ações da companhia subiram 15,74% no dia.
Os principais destaques foram os resultados nacionais, vindos da Seara e JBS Brasil, depois de sofrerem pressão por vários trimestres por conta da crise econômica e difícil mercado interno.
No mercado interno, os preços para a receita da divisão de frangos e alimentos processados cresceu 9,8% comparado ao mesmo período do ano passado. A receita foi impulsionada pelo aumento do preço de aves e produtos processados, de 11,9% e 8,4% respectivamente.
"A Seara se beneficiou da melhoria das tendências de preços no mercado interno, ao mesmo tempo em que aproveitava a menor concorrência nas exportações para a Europa", afirmou o banco BTG Pactual em relatório. Algumas unidades da BRF estão impedidas de vender frango para a Europa.
Já na JBS Brasil, que atua no segmento de bife, couro e novos negócios, a receita cresceu 37,2%, para 7 bilhões de reais, com aumento tanto no volume quanto no preço dos animais vendidos.
As exportações e o dólar favorável ajudaram a divisão a ganhar mais e o Ebitda ajustado se multiplicou em quase oito vezes, para 712,2 milhões de reais. A margem foi de 1,4% há um ano para 10,1%.
Desde o ano passado, a empresa afirmou que o foco é a geração de caixa e redução da dívida. Vendeu cerca de 5 bilhões de reais em ativos e, assim, reduziu a dívida em 3,3 bilhões de dólares desde o segundo trimestre do ano passado. Já no último trimestre deste ano, a dívida deve sofrer nova redução de 1 bilhão de dólares.
Mesmo com todas as surpresas positivas, a empresa ainda sofre com riscos de novas investigações do Ministério Público Federal, Comissão de Valores Mobiliários ou Departamento de Justiça dos Estados Unidos, de acordo com análise da XP Investimentos.
Já o BTG aguarda mais informações sobre novos avanços no compliance da companhia. "Estamos ansiosos para saber mais sobre os desenvolvimentos futuros no plano de sucessão da administração, bem como sobre outros aprimoramentos na governança corporativa. Acreditamos que esses são os principais elos que faltam para uma história de reclassificação mais séria à frente", diz relatório.