Frigorífico da JBS: empresa quer rebalancear cerca de 2 bilhões de dólares (Arquivo)
Da Redação
Publicado em 11 de maio de 2011 às 11h14.
São Paulo - A JBS pretende alocar sua dívida conforme sua receita. O assunto é estudado pela empresa há oito meses, aproximadamente, e nessa semana o grupo pretende resolver essa transferência. Entre redução de custo da dívida e benefícios de impostos, a empresa espera gerar, depois de impostos, cerca de 150 milhões de dólares de beneficio por ano.
O grupo espera concluir a operação ainda no segundo trimestre. “Estamos num processo de rebalanceamento da dívida, é uma operação para sermos mais eficientes do ponto de vista de custo da dívida e de imposto”, disse Wesley Batista, presidente da JBS, em teleconferência realizada hoje (11/5).
A empresa quer rebalancear cerca de 2 bilhões de dólares – ela encerrou o ano de 2010 com uma dívida bruta de 15,5 bilhões de reais e desse total, entre 75% e 85% estava alocado no Brasil, e o restante nos Estados Unidos. Como a receita da empresa se concentra nos Estados Unidos – cerca de 70% dos 55 bilhões de reais obtidos em 2010 -, a atual distribuição da dívida causa certa desvantagem para a JBS no pagamento de impostos.
Nos Estados Unidos, como a JBS tem pouca dívida e poucos juros, há um alto lucro antes de impostos – e conseqüente cobrança elevada de impostos sobre esse valor. Já no Brasil, o pagamento de juros sobre a dívida é alto e há pouco lucro antes de calcular o imposto que recairá sobre ele – o que faz o imposto ser menor.
Como no Brasil há o ágio (que pode ser usado para contrapor o pagamento de impostos), o desejo da empresa é levar parte da dívida para os Estados Unidos. Desse modo, a JBS espera que o custo financeiro seja maior nos Estados Unidos para diminuir o lucro antes dos impostos e, consequentemente, a cobrança de impostos no país.
Alavancagem
A relação da dívida líquida sobre ebitda foi de 3,1 vezes no trimestre, igual a do primeiro período de 2010. No último trimestre de 2010 ela era de 3 vezes. A empresa creditou o aumento à maior necessidade de capital de giro em decorrência do auemnto de preços dos produtos e exportações. Batista considera que a relação ideal para a empresa é de cerca de duas vezes e espera alcançar essa relação entre esse ano e o próximo.
Unidade frangos EUA
Os resultados nessa unidade no primeiro trimestre foram desapontadores, segundo Batista. A empresa encerrou o trimestre com uma receita líquida de 1,8 bilhão de dólares – valor 4,5% superior a obtida no primeiro trimestre de 2011. Mas o ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) foi negativo em 55,2 milhões de dólares. O ebitda de abril foi positivo, segundo Batista.
Os resultado foram impactados por fatores como redução de estoque, alto preço dos grãos, eventos adversos que levaram ao fechamento de algumas plantas e fraco desempenho do preço de frango no mercado doméstico americano, segundo Batista. Por outro lado, as exportações aumentaram em decorrência da alta demanda internacional. A unidade corresponde a 22% da receita líquida do grupo JBS.
Unidade Mercosul
A JBS calcula que ainda tem sinergias de 150 milhões de reais para serem capturadas na operação com o Bertin. Além disso, a empresa vê a possibilidade de diminuir o custo por cabeça abatida. “Do ponto de vista da operação, achamos que 50 reais por cabeça (de gado) no nosso negócio é relativamente fácil de capturar”, disse Batista.
A empresa vê uma gradual melhora na oferta de gado no Brasil. “Temos crescido nosso volume e achamos que vai ter matéria prima suficiente para manter esse nível”, disse Batista. A unidade Mercosul representa 25% da receita líquida do grupo JBS, aproximadamente.