Rebanho do JBS, nos Estados Unidos: executivos vão tentar ressucitar negociações (John Blake/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 10 de janeiro de 2011 às 12h51.
Nova York e São Paulo - JBS SA estuda fazer uma nova oferta para comprar a Sara Lee Corp., segundo duas pessoas com conhecimento do assunto. Uma proposta da JBS feita no mês passado foi rejeitada por ter sido considerada muito baixa.
Executivos da JBS viajam esta semana para os Estados Unidos para tentar ressuscitar as negociações, disseram as pessoas, que pediram anonimato porque o assunto é privado. A JBS fez uma oferta de US$ 17,50 por ação da Sara Lee em meados de dezembro, colocando o valor de mercado da empresa em cerca de US$ 11 bilhões, segundo as pessoas.
Embora a Sara Lee não tenha dado à JBS um preço, o grupo americano com sede em Downers Grove, Illinois, estaria interessado em cerca de US$ 20 por ação, ou quase US$ 13 bilhões, segundo uma das fontes. A JBS, assessorada pelo JPMorgan Chase & Co., procura determinar se vai elevar a oferta já feita enquanto busca formas de levantar mais dinheiro, segundo a outra pessoa.
A JBS “provavelmente tem condições de pagar mais” por conta das economias que teria com a combinação de seu segmento de processamento de carne com a Sara Lee, disse Jon Cox, analista da Kepler Capital Markets, em Zurique. “É interessante que esta não é a primeira vez que uma produtora de alimentos do mundo desenvolvido está ligada a uma compradora do mundo emergente. Eu suspeito que essa tendência tenha apenas começado.”
A Sara Lee poderia obter até US$ 23 por ação, 32 por cento mais que seu preço de fechamento em 7 de janeiro, disse Terry Bivens, analista do JPMorgan em uma nota enviada hoje a clientes. Para ele, a possibilidade de um acordo é “alta”.
As ações da JBS operavam em baixa de 0,14 por cento às 13h08 em São Paulo, cotadas a R$ 7,01. Os papéis da Sara Lee subiam 2,7 por cento, para US$ 17,90, na Bolsa de Nova York,
Outras opções
A Sara Lee, que atua nos setores de café e carnes, também avalia se vai desmembrar uma de suas unidades principais e pretende tomar uma decisão até o fim do mês se vai vender a empresa ou dividi-la, segundo as pessoas. A unidade europeia de café do grupo é a mais provável de ser desmembrada, disse uma fonte, destacando que nenhuma decisão foi tomada ainda.
“É fiscalmente ineficiente estar sediado nos Estados Undios e vender café na Holanda”, disse Christopher Growe, analista da Stifel Nicolaus & Co. de Saint Louis, em uma entrevista. “Uma divisão ou uma venda propriamente dita seriam as únicas formas para tirar vantagem disso”, disse ele.
A unidade internacional de café é a maior da Sara Lee, com receita total de US$ 3,2 bilhões no ano fiscal encerrado em junho. O conselho da Sara Lee deve se reunir no fim do mês para decidir sobre o futuro da empresa, disse uma das fontes.
Assessores de imprensa da Sara Lee da JBS não quiseram comentar o assunto.
Estratégia da JBS
A JBS realizou mais de uma dúzia de aquisições desde 2007, expandindo sua operação nos Estados Unidos, na Austrália e na Europa. A empresa brasileira comprou a Swift & co. em 2007 e duas unidades da Smithfield Foods Inc. em 2008. Ela também comprou a produtora de carne de aves Pilgrim’s Pride Corp. em 2009, para diversificar seu portfólio.
“Sempre foi uma questão de tempo para a divisão total da Sara Lee”, disse James Amoroso, consultor da indústria de alimentos baseado em Walchwil, na Suíça.
O presidente da JBS, Joesley Mendonça Batista, de 38 anos, disse que sua companhia vai continuar a se expandir, buscando novas aquisições nos Estados Unidos e no Brasil, os dois maiores produtores mundiais de carne bovina, assim como em outros países.
O segmento de varejo de carnes da Sara Lee na América do Norte, cujas vendas superaram US$ 2,8 bilhões no ano terminado em junho, representaria mais de 15 por cento da receita total da JBS.
Outros potenciais compradores da divisão incluem a Hormel Foods Corp. e a Tyson Foods Inc., segundo uma relatório de hoje do Deutsche Bank AG. Representantes da Tyson e da Hormel não quiseram comentar.