Wesley Batista, da JBS: linguagem tortuosa para um IPO complicado (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 6 de abril de 2011 às 13h09.
São Paulo – O presidente do JBS, Wesley Batista, negou que haja planos de abrir o capital de sua subsidiária dos Estados Unidos (o famoso IPO, na sigla em inglês). Expressando-se de modo tortuoso, Batista afirmou que “não é que (o IPO) morreu ou que vamos fazer. Sempre é possível, mas não temos planos.”
O IPO da unidade, porém, não passa apenas por um desejo ou não do JBS de promovê-lo. Trata-se, também, de um compromisso assumido com os investidores – sobretudo, o BNDES.
Para bancar a compra da Pilgrim’s Pride, uma das maiores processadoras de aves dos Estados Unidos, anunciada em setembro de 2009 por 2,8 bilhões de dólares, o JBS emitiu cerca de 2 bilhões de dólares em debêntures conversíveis em ações.
Compromisso
O BNDES comprometeu-se a apoiar a operação, ao subscrever a maior parte desses papéis. Em troca, o frigorífico assumiu o compromisso de abrir o capital da unidade americana até 2010 – algo que não ocorreu.
O pedido de oferta pública de ações chegou a ser arquivado, em julho de 2009 (antes, portanto, da compra da Pilgrim’s), na Securities and Exchange Commission (SEC, o equivalente à CVM brasileira).
Pressionado pelos investidores, em novembro do ano passado, o então presidente do JBS, Joesley Batista, irmão de Wesley, afirmou que o IPO poderia ocorrer no terceiro trimestre deste ano. O objetivo era que os resultados da operação americana melhorassem e impressionassem mais o mercado.
Na hora certa
Na ocasião, Joesley também afirmou que poderia ser vantajoso bancar a multa de 300 milhões de dólares, prevista no acordo com os debenturistas para o caso de não haver IPO no prazo programado. Isto porque, para o empresário, o potencial de valorização da JBS USA era muito maior que a penalidade.
No início de janeiro de 2011, porém, o JBS parece ter jogado a toalha e desistido do IPO. A empresa retirou o pedido de abertura de capital da unidade americana que tramitava na SEC.
O atraso no IPO rendeu, de fato, uma multa ao JBS que corroeu os resultados de 2010. A empresa apresentou um prejuízo líquido consolidado de 264 milhões de reais. Segundo a companhia, não fosse a multa paga, o ano terminaria com um lucro de 280 milhões de reais.