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Japão se blinda contra Airbnb após recorde de turistas

Governo alega que quer proteger a indústria hoteleira e os moradores dos imóveis perante o alvoroço gerado pelo Airbnb

O CEO e co-fundador do Airbnb, Brian Chesky (Justin Sullivan/Getty Images)

O CEO e co-fundador do Airbnb, Brian Chesky (Justin Sullivan/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 24 de março de 2016 às 08h01.

Tóquio - Um país que bate recorde de visitantes, que tem uma oferta hoteleira insuficiente, mas uma lei restritiva com relação ao aluguel de imóveis com fins turísticos - assim é o Japão, que se blindou contra o Airbnb, um negócio que gerou no ano passado 1,75 bilhão de euros na terceira maior economia do mundo.

A fim de proteger a indústria hoteleira e os moradores dos imóveis perante o alvoroço gerado pelo Airbnb, o governo japonês acaba de aprovar uma restritiva lei que afeta o aluguel temporário de imóveis particulares.

Concretamente, a legislação do Executivo japonês obriga os "anfitriões" do Airbnb a alugar suas casas durante pelo menos uma semana, e a lei em alguns municípios acrescenta que os vizinhos e os bombeiros devem ser notificados sobre a estadia dos inquilinos e que seus dados pessoas devem ser guardados por três anos posteriores à visita.

Uma estrita legislação que "será relaxada paulatinamente" devido à necessidade de alojar os milhões de visitantes que o Japão recebe, opinou Koji Tsurumoto, responsável do veículo especializado em turismo "Travel Voice Japan".

Apesar de sua pouca tradição turística, o país recebeu quase 20 milhões de visitantes em 2015, o que representa um aumento de quase 50% com relação ao ano anterior. É um impulso procurado pelo governo de Tóquio, que, no entanto, convive com uma oferta hoteleira insuficiente.

"A indústria hoteleira não tem suficiente capacidade para acomodar os milhares de turistas que visitam as grandes cidades como Tóquio e Osaka. Algo novo como o Airbnb é realmente necessário aqui", explicou à Agência Efe Tsurumoto.

Para o especialista, o portal de aluguel de imóveis não está prejudicando os hotéis da terceira economia do mundo. "O turismo está crescendo a tal ritmo que há mercado para todos", comentou.

No entanto, o Airbnb está enfrentando o ceticismo de muitos japoneses em relação a questões mais culturais do que econômicas.

É habitual ler na imprensa local histórias sobre os problemas gerados por pessoas que estão de passagem nos imóveis, por exemplo por seu desconhecimento do complexo sistema de coleta de lixo japonês.

Os números do Airbnb demonstram, no entanto, seu sucesso no Japão. Entre 2014 e 2015 seus administradores sustentam que gerou 1,75 bilhão de euros na economia japonesa.

O site gerou quase 21.791 empregos no país asiático e ofereceu alojamento a quase 600 mil pessoas que pernoitaram em média 3,8 noites e gastaram cerca de 1.373 euros em sua viagem ao país asiático.

Cerca de cinco mil japoneses alugaram suas casas no ano passado através deste operador online, que possui oferta de imóveis de férias em mais de 300 cidades japonesas, afirmou recentemente a empresa com sede em São Francisco (Estados Unidos).

Em média, cada um dos arrendatários embolsou cerca de 7,75 mil euros, enquanto os inquilinos economizaram 65% com relação ao que teriam investido em um hotel tradicional. Desses, 90% recomendariam o alojamento a seus amigos e familiares, segundo o portal.

No total, 90% dos usuários do Airbnb no país asiático escolheram esta plataforma para "viver como um japonês", segundo um relatório publicado pela companhia.

Uma informação confirmada por Luis Mendoza, um espanhol de 28 anos que viajou durante duas semanas pelo arquipélago japonês e que classifica a plataforma como "uma autêntica revolução para o viajante".

"Poder desfrutar de seu próprio apartamento em Kioto, com todos os pequenos detalhes de um lar típico japonês, não só torna a experiência mais cômoda, mas também mais autêntica", opinou o jovem, um usuário assíduo do portal de aluguel de imóveis. 

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