Joesley Batista, da J&F Holding: o Grupo Rede não seria a primeira incursão da J&F em uma empresa com problemas financeiros e de gestão (Divulgação/Divulgação)
Da Redação
Publicado em 3 de setembro de 2012 às 17h52.
São Paulo - A J&F, holding de controle do frigorífico JBS, apresentou no fim de semana uma manifestação formal para comprar o endividado Grupo Rede Energia, incluindo a Celpa, segundo afirmou a juíza responsável pelo processo de recuperação judicial da distribuidora paraense de energia, Maria Filomena Buarque.
Um representante da J&F disse durante assembleia de credores da Celpa ocorrida no sábado que a holding está interessada em comprar todo o Grupo Rede Energia.
Na sexta-feira, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) decretou intervenção em oito das nove distribuidoras do Grupo Rede, exceto a Celpa por estar em recuperação judicial, na maior ação direta do governo em toda a história sobre um setor regulado.
Até agora, a Equatorial Energia era a única que tinha manifestado oficialmente o interesse na Celpa e negociou com um período de exclusividade a aquisição da paraense.
Não havia indicação oficial de qualquer interessado em assumir a totalidade dos ativos do Grupo Rede, que tem dívida de cerca de 5,7 bilhões de reais.
Além de controlar o JBS, a J&F é acionista majoritária da produtora de celulose Eldorado Brasil, da empresa de produtos de limpeza Flora e do Banco Original, com foco em financiamento do agronegócio.
O Grupo Rede não seria a primeira incursão da J&F em uma empresa com problemas financeiros e de gestão.
Em maio, a J&F fez acordo para assumir o comando da Delta Construções, que está no epicentro de denúncias envolvendo o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Mas a operação acabou não se concretizando diante da piora da situação econômico-financeira da Delta.
As nove distribuidoras do Grupo Rede operam em seis Estados e o seu colapso poderia colocar em risco o abastecimento de energia a uma área com 17 milhões de habitantes.
Celpa - No sábado, os credores da Celpa aprovaram em assembleia realizada em Belém o plano de recuperação judicial da companhia, que prevê um aporte de 700 milhões de reais na empresa. Não está claro, ainda, de onde viriam os recursos.
Segundo pelo menos duas fontes que acompanham a negociação, a Equatorial não mostrou disposição de arcar com a totalidade da injeção de recursos na Celpa e a Eletrobras, que tem 34 por cento de participação na distribuidora paraense, manifestou em diversas ocasiões que não pretende colocar dinheiro na companhia.
A Equatorial pediu à Aneel flexibilização nos critérios regulatórios que medem a qualidade do serviço da Celpa e as perdas de energia causadas por furtos, os chamados "gatos", segundo explicou o diretor da Aneel, André Pepitone, em agosto.
Procurada pela Reuters, a Equatorial não retornou o contato até o fechamento da reportagem.