O índice de inadimplência ficou em 5,1% no primeiro trimestre para dívidas com vencimento superior a 90 dias (Germano Lüders/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 24 de abril de 2012 às 08h46.
São Paulo - O Itaú Unibanco encerrou o primeiro trimestre com queda no lucro líquido, impactado pela manutenção do cenário de aumento da inadimplência, que atingiu o maior nível em mais de dois anos, e de atividade econômica contida no país no início do ano.
A maior instituição financeira privada do país teve lucro líquido de 3,426 bilhões de reais, queda de cerca de 3 por cento sobre igual período do ano passado e abaixo dos 3,68 bilhões de reais dos três últimos meses de 2011.
Em termos recorrentes, o banco teve ganho de 3,54 bilhões de reais no período, ante expectativa média de analistas consultados pela Reuters de 3,6 bilhões de reais.
"Essas reduções devem-se ao continuado cenário de aumento da inadimplência na economia brasileira que impacta a qualidade do crédito", afirmou o banco no balanço, ressaltando que o recuo foi "parcialmente compensado pelas evoluções de 14,6 por cento da margem financeira com clientes, de 12 por cento das receitas de prestações de serviços e de tarifas bancárias e de 30 por cento do resultado de seguros, previdência e capitalização".
Com o índice de inadimplência de operações vencidas há mais de 90 dias chegando a 5,1 por cento no primeiro trimestre, o maior nível desde os 5,6 por cento dos três últimos meses de 2009, o Itaú Unibanco registrou um salto anual de 37,7 por cento nas despesas com provisão para dívidas de difícil recuperação, a 6,03 bilhões de reais.
No quarto trimestre de 2011, o índice de calotes era de 4,9 por cento e, nos três primeiros meses de 2011, de 4,2 por cento.
Enquanto isso, o retorno sobre patrimônio líquido médio anualizado, indicador de rentabilidade de um banco, recuou de 22,7 por cento no primeiro trimestre de 2011 para 19,3 por cento nos três meses encerrados em março.
Na véspera, o Bradesco também divulgou aumento na inadimplência para o maior nível em dois anos, mas informou que espera estabilização a partir deste trimestre e possível recuo no fim do ano, com a tendência de melhora da economia e o ciclo de cortes da taxa Selic .
O resultado dos dois maiores bancos privados do país surge em meio a uma ofensiva do governo de usar os públicos Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal para forçar queda no spread bancário com corte de juros, estratégia que foi seguida pelas instituições privadas.
Entre janeiro e março, a carteira de crédito do Itaú Unibanco, incluindo avais e fianças, somou 400,52 bilhões de reais, 16 por cento acima dos 344,86 bilhões registrados um ano antes e dentro da expectativa da instituição de aumento de 14 a 17 por cento em 2012.
A expansão foi dividida entre um crescimento de 14,7 por cento na carteira para pessoa física, onde o crédito pessoal avançou 39,2 por cento e o imobiliário subiu 57,3 por cento sobre o primeiro trimestre de 2011, e alta de 14,8 por cento nos financiamentos a pessoas jurídicas.
Destaque na carteira, o crédito para aquisição de veículos recuou 1,3 por cento na comparação anual, para 59 bilhões de reais, refletindo relatos da indústria automotiva de que os bancos contiveram empréstimos ao consumo no setor no início do ano diante do aumento da inadimplência.
O Itaú Unibanco apurou despesas não decorrentes de juros de 8,15 bilhões de reais no primeiro trimestre, aumento de 6 por cento sobre um ano antes, mas o índice destas despesas sobre ativos médios foi de 3,7 por cento, ante 4 por cento na comparação anual.
Os ativos totais do Itaú Unibanco somaram 896,8 bilhões de reais entre janeiro e março, alta de 15 por cento em 12 meses.
*Matéria atualizada às 8h53