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Itaú se protege do real com carteira externa de crédito

O Itaú está usando sua presença em mercados como Chile e Colômbia para sustentar sua receita após a desvalorização do real


	Agência do banco Itaú: esses empréstimos em moeda estrangeira totalizaram R$ 116,5 bilhões no fim do quarto trimestre
 (Sérgio Moraes/Reuters)

Agência do banco Itaú: esses empréstimos em moeda estrangeira totalizaram R$ 116,5 bilhões no fim do quarto trimestre (Sérgio Moraes/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 30 de abril de 2015 às 20h50.

São Paulo - O Itaú Unibanco Holding SA, o banco brasileiro com a maior carteira de crédito em moeda estrangeira, está usando sua presença em mercados como Chile e Colômbia para sustentar sua receita após a desvalorização do real.

Esses empréstimos em moeda estrangeira totalizaram R$ 116,5 bilhões no fim do quarto trimestre, ou 20 por cento da carteira total do Itaú, segundo o último balanço do banco paulista.

No mesmo período, esses créditos representavam 9 por cento da carteira total do Banco Bradesco SA e 8,2 por cento da do Banco do Brasil SA.

Essa exposição ajudou a proteger o Itaú da desvalorização do real frente ao dólar. A moeda brasileira perdeu quase um terço de seu valor no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2014.

É o pior desempenho entre as principais moedas do mundo. O Itaú vem se expandindo no Chile e na Colômbia, economias que neste ano devem crescer 2,9 por cento e 3,4 por cento, respectivamente, segundo pesquisa da Bloomberg. Para o Brasil, a expectativa é uma contração de 0,9 por cento.

O Itaú “deve ser favorecido pelo cenário mais favorável nos outros países na América Latina”, disse Carlos Daltozo, analista do Banco do Brasil em São Paulo, em uma entrevista por telefone no dia 17 de abril.

O banco “já vem com essa estratégia de crescer fora do Brasil, de reduzir a dependência no mercado doméstico”, disse ele.

No quarto trimestre, a carteira de crédito do Itaú cresceu 9,8 por cento em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo seu último balanço.

Excluindo-se os efeitos cambiais, o crescimento teria sido de 8 por cento. O real avançou mais de 9 por cento desde o fim do primeiro trimestre até quarta-feira.

Temporada de balanços

O Itaú não quis comentar a carteira em moeda estrangeira porque vai publicar o resultado do primeiro trimestre no dia 5 de maio. Representantes do Banco do Brasil em Brasília e do Bradesco em Osasco também não quiseram comentar.

Em janeiro de 2014, o Itaú acertou a compra do controle do Corpbanca SA, com sede em Santiago, por pelo menos US$ 2,2 bilhões, para se expandir no Chile e na Colômbia. Essa foi a maior aquisição feita pelo banco no exterior.

O Itaú tem buscado se expandir em outros mercados da América Latina para diversificar seu balanço, disse o presidente do banco, Roberto Setúbal, 60, em maio do ano passado. A empresa opera no varejo no Chile, Uruguai, Argentina e Paraguai, e está aumentando a operação de atacado na Colômbia e no México.

A diversificação geográfica pode mitigar a exposição dos bancos a ciclos econômicos locais, disse André Riva Gargiulo, analista do Grupo Bursátil Mexicano SA em São Paulo, em uma entrevista. O crédito se expandiu 11,3 por cento no Brasil no ano passado em relação a 2013, o ritmo mais lento desde 2003, mostram dados do Banco Central.

Daltozo, do Banco do Brasil, estima que o Itaú vai elevar sua estimativa para crescimento da carteira de crédito em 2015 assim que concluir a aquisição do Corpbanca. Ele disse que a carteira do Itaú se expandiria na parte inferior do guidance sem o Corpbanca.Em fevereiro, o Itaú estimou crescimento entre 6 por cento e 9 por cento para sua carteira de crédito neste ano.

Contratações

No mês passado, o Itaú contratou Enrique Camacho, do JPMorgan Chase Co., para liderar sua corretora de valores do México. Alberto Mulás, que se tornou presidente da unidade mexicana do Itaú em dezembro de 2013, disse em fevereiro que a empresa pretende aumentar em dez vezes para US$ 1 bilhão o crédito no país até o próximo ano. O Itaú contratará mais 15 pessoas no país até o fim deste ano, disse Mulás.

Os três maiores bancos brasileiros, Itaú, Bradesco e Banco do Brasil, vêm se expandindo no exterior desde a crise financeira internacional de 2008 e o Itaú tem sido o mais “agressivo”, disse João Pedro Brugger, gestor de recursos da Leme Investimentos Ltda.

“O Itaú sabia que uma hora ou outra a economia brasileira poderia dar uma engasgada”, disse Brugger, que ajuda a administrar cerca de R$ 500 milhões, em uma entrevista por telefone, de Florianópolis, no dia 23 de abril.

“É uma estratégia válida e que está servindo como um colchão de segurança para passar este momento difícil da economia doméstica”.

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