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Itaú se prepara para a redução do spread – mas não tem pressa

Agora, o banco deve se preocupar em não deixar que essa redução tenha grande impacto em seus resultados.

Banco Itaú:  vagas para trainees (Jean-Pierre Pingoud/Bloomberg News/Bloomberg)

Banco Itaú: vagas para trainees (Jean-Pierre Pingoud/Bloomberg News/Bloomberg)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 2 de maio de 2018 às 15h25.

Última atualização em 2 de maio de 2018 às 15h26.

São Paulo – A queda da taxa básica de juros, a Selic, fez com que o mercado esperasse ansioso pela redução das taxas de juros praticadas pelos bancos por aqui. Porém, as instituições bancárias não estão com tanta pressa.

Para o Itaú, a redução do spread bancário – a diferença entre os juros pagos na ponta e os juros básicos – é esperada, mas não tem relação apenas com a queda da Selic.

“Esperar que os juros bancários caiam por causa da queda da Selic é o mesmo que cobrar das montadoras carros mais baratos devido à queda no preço do aço”, comparou o presidente do banco Candido Bracher, durante teleconferência nesta quarta-feira.

Bracher ressalta, porém, que o governo tem ido além dos cortes na Selic, com movimentos como a discussão do cadastro positivo, que tramita atualmente no Congresso, o que deve acelerar a tendência de redução dos spreads. Outro fator que impacta o spread é a inadimplência, que vem caindo e, no caso do Itaú, ficou em 3,7% no primeiro trimestre de 2018.

Agora, o banco deve se preocupar em não deixar que essa redução nos juros tenha grande impacto em seus resultados. Dados da margem financeira do banco mostram uma queda de 36 milhões de reais nos spreads ativos no primeiro trimestre de 2018.

“A tendência é encontrar números negativos nesse indicador durante todo o ano”, disse Bracher, ao comentar os resultados trimestrais do banco. Nos primeiros três meses do ano, o Itaú teve lucro de 6,4 bilhões de reais.

Para compensar as perdas esperadas por conta da redução do spread, o Itaú aposta no aumento da oferta de crédito e no foco em linhas de menor risco.

Os setores com maior potencial são o de crédito pessoal e o voltado para pequenas e médias empresas. Ambos registraram alta nos três primeiros meses do ano de 3,9% e 1,9% respectivamente. Já o crédito para grandes empresas ainda não teve resultados positivos: registrou queda de 1,9% no período.

Segundo Bracher, isso se deve em parte pelas incertezas que ainda seguram os investimentos das companhias, em especial devido às eleições que ocorrem este ano.

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