"Quero que acreditem que a Apple não vai mudar" disse Tim Cook, novo CEO da Apple (Justin Sullivan/Getty Images/AFP)
Da Redação
Publicado em 25 de agosto de 2011 às 18h20.
Nova York -- A Apple limitava a queda na Bolsa de Nova York nesta quinta-feira, no dia seguinte à renúncia de seu emblemático líder Steve Jobs, enquanto os investidores acreditam na continuidade do sucesso dos produtos da marca, e o novo presidente prometia ser fiel ao caminho traçado pela empresa.
As ações do grupo perderam 0,65%, a 393,72 dólares no Nasdaq, em um mercado que registrou uma baixa considerável. A queda, no entanto, é modesta comparada com a de mais de 5% registrada no "after market" após o anúncio da saída de Jobs, na noite de quarta-feira.
Tim Cook, que substituirá Jobs, começou seu primeiro dia como presidente-executivo da Apple assegurando aos funcionários que continuará o caminho traçado por seu predecessor.
"Quero que acreditem que a Apple não vai mudar", disse Cook em um email interno divulgado pela internet.
"Steve construiu uma empresa e uma cultura distinta de qualquer outra no mundo e seremos fiéis a isso, está no nosso DNA", afirmou na mensagem.
Cook - que completará 51 anos em novembro - citou sua entrada na Apple há 13 anos, como a melhor decisão de sua vida, e disse que divide o otimismo de Jobs no sentido de que haverá dias melhores, inclusive para a empresa californiana.
"Steve foi um líder incrível e um mentor para mim, assim como para toda a equipe executiva e nossos funcionários incríveis", disse Cook ao pessoal. "Amo a Apple e estou ansioso para assumir minhas novas funções", completou.
A reação do mercado é moderada se for levada em conta a importância de Jobs no funcionamento da Apple, empresa que fundou e reativou em 1997 com o lançamento do computador iMac.
Desde então, a Apple foi de um sucesso a outro: o reprodutor de música iPod, os telefones inteligentes iPhone e, recentemente, os tablets digitais iPad.
A Apple chegou a ser a segunda maior empresa cotada no mercado de ações, superando por alguns momentos - no início de agosto - a petroleira ExxonMobil.
Os analistas da RBC Capital Markets comparam a saída de Steve Jobs de sua empresa de informática com a de Henry Ford da montadora de automóveis e de Walt Disney do grupo de entretenimento, cujas empresas levavam seus nomes.
Os analistas financeiros enfatizam, quase de forma unânime, o crescimento da companhia californiana, que em julho publicou um lucro trimestral anual mais do que duplicado.
"Continuamos achando que a Apple vai registrar um forte crescimento em seus resultados durante os próximos anos, com uma forte demanda de seus produtos", declarou Michael Walkley, da Canaccord Genuity.
Os observadores lembram também que Tim Cook, que será o novo diretor do grupo, já estava a cargo da Apple desde janeiro, quando Steve Jobs teve de se ausentar por motivos de saúde.
Cook "dirigiu a empresa quando ocorria a recessão de 2009, as ameaças competitivas no mercado dos telefones multifuncionais e várias transações em termos de produtos, durante a ausência de Jobs em 2009 e 2011", completaram analistas da Morgan Stanley.
Estes especialistas estimam que a transição ocorre em um bom momento, "tendo em vista os lançamentos previstos de produtos e a aceleração do ganho de terreno em mercados-chave", especialmente em países emergentes.
"Tim Cook demonstrou sua capacidade na gestão da produção e da cadeia de abastecimento", opinou o banco Jefferies.
"Mesmo durante a tragédia no Japão (o terremoto seguido de maremoto, em março), que ocorreu durante o lançamento do iPad 2, ele conseguiu multiplicar por dois, ou até três, as fontes de abastecimento", completou.
"Há anos sabemos que Steve Jobs está doente, há anos sabemos que um dia infelizmente ele já não estaria aqui e há anos sabemos que a empresa se prepara para esse momento", comentou Gregori Colokhin, estrategista de mercados de ações da Meeschaert Capital Markets.
"No curto e no médio prazo, isso não muda grande coisa", completou, estimando que os problemas de saúde de Jobs já tinham desacelerado o avanço das ações da empresa nos últimos anos.
O longo prazo, no entanto, continua incerto.
"Steve Jobs tinha uma marca única e poderosa na Apple, que ninguém poderá substituir. No longo prazo (mais de dois anos), sua ausência poderá afetar o rendimento da empresa", advertiu Toni Saccomaghi, da Bernstein.