TiX Tecnologia Assistiva: startup atua desde 2018 nos EUA com o propósito de ampliar o potencial das pessoas com deficiência (TiX/Divulgação)
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Publicado em 15 de dezembro de 2021 às 09h00.
Os motivos que levam uma empresa a começar a exportar são conhecidos: aumentar as vendas, diversificar os riscos e fugir da volatilidade do mercado doméstico. As dificuldades encontradas na hora de implantar uma operação internacional também dispensam maiores explicações — do desafio de prospectar parceiros estrangeiros aos entraves associados à criação de uma estrutura organizacional fora do Brasil.
Fundada em 2009, a startup TiX Tecnologia Assistiva sabe de tudo isso muito bem. Sediada em Belo Horizonte, a companhia também atua nos Estados Unidos desde 2018. No ano seguinte, quando abandonou o antigo nome, Geraes, também passou a marcar presença nos Emirados Árabes. Fora do Brasil, ela se apresenta como Key2Enable.
Não à toa, a abertura da operação americana coincide com a aproximação da empresa com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), que favoreceu a chegada de investimentos de companhias estrangeiras e o início das vendas internacionais. Em 2019, a empresa foi selecionada pela agência para o ciclo de Santiago do Programa Startup Brasil e, logo em seguida, para participar do festival South by Southwest (SXSW), em Austin, no Texas.
“Com o apoio da ApexBrasil, ficou muito mais fácil estabelecer as conexões estratégicas de que precisávamos fora do país, seja com embaixadas, seja com futuros investidores e novos clientes”, afirma Adriano Assis, um dos sócios da startup. Outro fruto foi a participação no campeonato global de startups do hub de inovação Krypto Labs, de Abu Dhabi, no qual a TiX sagrou-se vencedora. Depois disso ela passou a ser acelerada pela entidade, e José Rubinger Filho, um dos fundadores da companhia mineira, mudou-se para os Emirados Árabes.
O propósito da startup é ampliar o potencial das pessoas com deficiência. “Queremos que elas tenham a chance de protagonizar seus destinos por conta própria”, acrescenta Assis, lembrando que não se trata de um nicho pequeno. “Cerca de 18% da população global tem algum tipo de deficiência”.
De acordo com a Singularity University, de cujo portfólio ela faz parte desde 2018, a TiX Tecnologia Assistiva está apta a impactar 1 bilhão de pessoas até 2030 — e parece disposta a atingir essa meta.
Lançado em outubro de 2021, o mais recente produto da companhia — o quinto — ganhou o nome de Colibri. Trata-se de um “mouse” sem fio acoplado a um par de óculos que permite que tetraplégicos e pessoas com outras limitações severas façam uso de computadores e dispositivos móveis só com movimentos da cabeça e piscar de olhos. “Criamos uma maneira para utilizarem tanto o celular como as redes sociais como o Instagram”, orgulha-se Assis. “Há 800.000 tetraplégicos só no Brasil”.
O primeiro produto da companhia mineira, o teclado inteligente e multifuncional TiX, foi apresentado em 2015. Com apenas 11 teclas sensíveis ao toque, que podem ser acionadas até com o piscar de olhos, dá autonomia para pessoas com qualquer limitação motora que queiram controlar qualquer computador.
Em conjunto com o aplicativo Expressia, outra invenção da startup, forma uma plataforma de inclusão escolar e de reabilitação capaz de estimular funções motoras e cognitivas de alunos e pacientes com deficiências físicas e intelectuais.
No Brasil, onde já atende mais de 8.000 pessoas e faturou cerca de 1,5 milhão de reais neste ano, a startup oferece sua linha de produtos por assinaturas que partem de 99 reais por mês.
Para 2022 ela prevê um crescimento local expressivo, totalizando 3,5 milhões de reais. O modelo adotado no exterior é o da venda dos produtos, sobretudo para clientes governamentais. “É por isso que a proximidade com a ApexBrasil é tão importante para nós”, acrescenta Assis. “Ela nos ajuda a abrir as portas no exterior e dar sequência aos nossos planos de crescimento”.