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Insider abre loja física após criar império de R$ 600 milhões com venda de camiseta pela internet

Conhecida pelas camisetas tecnológicas, a empresa quer usar a loja como vitrine de marca e laboratório para o futuro

Yuri Gricheno, da Insider: “Entendemos que havia um desejo latente dos consumidores de experimentar, sentir e vivenciar nossos produtos em primeira mão" (Insider/Divulgação)

Yuri Gricheno, da Insider: “Entendemos que havia um desejo latente dos consumidores de experimentar, sentir e vivenciar nossos produtos em primeira mão" (Insider/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 2 de outubro de 2025 às 09h04.

É difícil abrir o YouTube, ouvir um podcast ou rolar o feed do Instagram sem topar com uma propaganda da Insider — a marca brasileira que transformou camisetas básicas e tecnológicas, que não amassam e não acumulam odor, em um negócio de centenas de milhões de reais. Tudo isso sem ter uma única loja física. Pelo menos até agora.

A empresa inaugura neste domingo, 5, sua primeira operação física. A loja ficará no Morumbi Shopping, na zona sul de São Paulo.

Depois de oito anos dedicada ao e-commerce, a marca de roupas essenciais aposta em um espaço temporário, no modelo de pop-up store, para entender como seus produtos performam fora da internet.

O movimento vem em um ano decisivo: a Insider fechou 2024 com 400 milhões de reais em faturamento e projeta chegar a 600 milhões até dezembro de 2025.

A aposta no varejo físico é uma tentativa de fortalecer a presença de marca e ampliar pontos de contato com o consumidor.

“Entendemos que havia um desejo latente dos consumidores de experimentar, sentir e vivenciar nossos produtos em primeira mão", diz Yuri Gricheno, um dos fundadores e CEO da Insider. "A pop-up no Morumbi Shopping é a resposta a esse pedido: um espaço efêmero, mas extremamente significativo, que aproxima ainda mais a Insider da sua comunidade”.

A primeira loja é temporária, mas pode ser um teste para movimentos maiores. Ao mesmo tempo, o crescimento de 50% neste ano também passa pela ampliação das vendas fora do Brasil e pelo aumento no portfólio de produtos, desde roupas íntimas até calças e jaquetas.

Qual é a história da Insider

A trajetória da Insider começa em 2017, mas a ideia nasceu alguns anos antes.

Ex-tenista e formado em relações internacionais, Yuri Gricheno viveu nos Estados Unidos, onde conheceu roupas tecnológicas que já eram comuns por lá.

De volta ao Brasil, trabalhando como consultor, sentiu na pele a falta de opções mais funcionais no mercado local.

Foi dessa frustração que surgiu a ideia de criar a própria marca. Junto com a sócia Carol Matsuse, Gricheno investiu 100.000 reais das economias pessoais para fundar a Insider.

O primeiro produto foi uma undershirt projetada para controlar suor e odor, que rapidamente encontrou espaço entre consumidores urbanos.

O grande salto veio em 2020, com a pandemia.

A Insider lançou máscaras antivirais que esgotaram em três horas.

O episódio deu fôlego para ampliar o portfólio, que ganhou a Tech T-shirt — feita com fibra natural, antiodor e de alta durabilidade. Desde então, a marca se consolidou como referência em roupas básicas com tecnologia aplicada.

Com mais de meio milhão de clientes em mais de 50 países, a Insider sustenta o crescimento em um tripé: tecnologia, funcionalidade e sustentabilidade. Suas peças usam até 95% menos água que camisetas tradicionais de algodão e têm vida útil mais longa, reduzindo a necessidade de substituição constante.

A empresa segue crescendo com recursos próprios e sem aportes de capital de risco. Em 2024, contratou Guilherme Almeida como CFO para fortalecer governança, processos e preparar possíveis movimentos de internacionalização e parcerias estratégicas.

Qual é a a estratégia do varejo físico

A estreia no varejo físico não significa uma guinada imediata na operação.

A pop-up store no Morumbi Shopping é temporária e tem caráter de teste. A loja funciona até o fim de dezembro e serve mais como vitrine de marca do que como ponto de venda tradicional. Ao mesmo tempo, pegará as duas datas mais importantes de venda para as empresas de varejo: a Black Friday e o Natal.

O espaço foi organizado em formato de showroom, dividido por “famílias tecnológicas” em vez de categorias de gênero. Além das linhas já conhecidas, como a InTech e a FutureForm, a loja traz lançamentos que só estarão disponíveis ao público durante a operação da loja.

A aposta em uma pop-up segue o movimento de outras marcas nativas digitais que buscam ampliar conexão com consumidores no ambiente físico.

A lógica é fortalecer presença de marca, gerar experimentação e, ao mesmo tempo, medir o potencial de expansão futura em shoppings e ruas comerciais.

Por enquanto, não há planos de abrir uma rede de lojas. A decisão é observada de perto pela gestão, que enxerga o projeto como um laboratório para entender como o consumidor interage com os produtos fora da internet.

Quais são os desafios do crescimento

A entrada no varejo físico também carrega riscos. Custos de aluguel, operação e pessoal são elevados, e até hoje a Insider cresceu sem esse tipo de despesa estrutural.

Se a experiência se expandir para lojas permanentes, será necessário equilibrar margens e eficiência em um ambiente competitivo.

Além disso, o espaço que a Insider ajudou a criar no Brasil já não é mais exclusivo.

Marcas tradicionais, como Hering e Renner, incorporaram tecnologias em roupas básicas. No exterior, redes como Uniqlo e Muji também trabalham com tecidos funcionais e sustentáveis, mostrando que o conceito virou tendência global.

Outro ponto é a própria proposta da Insider: vender roupas que duram mais tempo. Esse posicionamento desafia a lógica de recorrência de compras no varejo, exigindo da marca um portfólio cada vez mais amplo para manter clientes ativos.

A loja no Morumbi Shopping não muda o DNA digital da Insider, mas funciona como um ensaio para entender até onde a marca pode ir fora da internet. Uma vez que, sem nenhuma operação física, a marca já caminha rumo ao primeiro bilhão de reais em receita.

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