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Infortúnios da Petrobras contaminam unidade de Buenos Aires

Os rendimentos dos US$ 300 milhões em notas da Petrobras Argentina com vencimento em 2017 subiram 1,85 ponto porcentual nos últimos 30 dias


	Sede da Petrobras: a companhia com sede em Buenos Aires terá dificuldades para aumentar os investimentos em um momento em que o petróleo bruto está em queda
 (Vanderlei Almeida/AFP)

Sede da Petrobras: a companhia com sede em Buenos Aires terá dificuldades para aumentar os investimentos em um momento em que o petróleo bruto está em queda (Vanderlei Almeida/AFP)

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Da Redação

Publicado em 18 de dezembro de 2014 às 14h02.

Buenos Aires - A investigação cada vez maior de corrupção na empresa petroleira controlada pelo Estado brasileiro está elevando os custos dos empréstimos de sua unidade na Argentina.

Os rendimentos dos US$ 300 milhões em notas da Petrobras Argentina com vencimento em 2017 subiram 1,85 ponto porcentual nos últimos 30 dias, para 5,63 por cento, mais do que o aumento médio de 0,67 ponto porcentual das dívidas corporativas de grau de investimento dos mercados emergentes.

Com a empresa-mãe Petrobras envolvida em uma investigação a empresas construtoras que teriam formado um cartel para vencer contratos, incluindo R$ 59 bilhões (US$ 22 bilhões) com a empresa petroleira, a companhia com sede em Buenos Aires terá dificuldades para aumentar os investimentos em um momento em que o petróleo bruto está em queda, disse Russell Dallen, sócio-gerente da Caracas Capital Markets.

A Petrobras está adiando o plano de desinvestir em seus negócios petroquímicos na Argentina porque está focando no caso de corrupção no Brasil, disseram duas fontes com conhecimento do processo.

“O preço do petróleo está ligado aos problemas que a Petrobras vem enfrentando em termos de corrupção”, disse Dallen, por telefone, de Miami. “As duas coisas juntas e ao mesmo tempo representaram um golpe incrivelmente duro” para a unidade da empresa na Argentina.

Um funcionário da Petrobras Argentina preferiu não comentar se a investigação no Brasil está afetando a confiança do investidor na unidade da Argentina.

Salto nos rendimentos

A Petrobras, que tem sede no Rio de Janeiro, recebeu uma oferta conjunta das sócias YPF SA e Dow Chemical Co. por seus 34 por cento de participação na Cia. Mega SA, disseram as fontes, que pediram anonimato porque as negociações são privadas.

A YPF, que tem sede em Buenos Aires, possui 38 por cento da Mega e a Dow, 28 por cento.

Contatado por telefone, Alejandro Di Lazzaro, porta-voz da YPF, preferiu não comentar. A assessoria de imprensa da Petrobras disse, por e-mail, que preferia não comentar.

No dia 16 de dezembro, os rendimentos dos bonds da Petrobras Argentina atingiram a maior alta em cinco anos, de 6,96 por cento, antes de caírem, ontem, devido à recuperação dos preços do petróleo, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Os bonds da empresa estão classificados em Baa2 pela Moody’s Investors Service, o mais baixo grau de investimento, e um equivalente BBB- pela Standard Poor’s.

O petróleo Brent, referência para metade do petróleo do mundo, despencou 45 por cento neste ano e no dia 16 de dezembro ficou abaixo de US$ 60 o barril pela primeira vez desde julho de 2009.

Além de produzir estimados 97.000 barris de petróleo por dia na Argentina, a Petrobras é sócia majoritária da Transportadora de Gas del Sur SA, maior operadora de gasodutos do país.

“Embora não tenha havido nenhuma irregularidade na Argentina”, a unidade está sendo punida no mercado de bonds, disse Omar Zeolla, analista de dívidas corporativas da Oppenheimer Co., por telefone.

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