Votorantim: a entidade afirma ver com apreensão a efetividade das restrições (foto/Divulgação)
Estadão Conteúdo
Publicado em 7 de fevereiro de 2018 às 17h58.
São Paulo - O Instituto Nacional das Empresas de Sucata de Ferro e Aço (Inesfa) diz lamentar a aprovação, pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), da fusão entre a Votorantim Siderúrgica e a ArcelorMittal.
Em relação aos remédios impostos pelo órgão antitruste para o negócio, a entidade afirma ver com apreensão a efetividade das restrições.
O Inesfa acrescenta ainda que respeita a decisão e reforça que manterá sua atuação vigilante em prol da competitividade do mercado.
O Cade aprovou nesta quarta-feira, 7, com restrições, a compra da Votorantim Siderúrgica pela ArcelorMittal. Dois conselheiros chegaram a votar pela reprovação da operação, mas foram vencidos pela maioria, que seguiu o voto da relatora Polyanna Vilanova.
Como antecipado pelo Broadcast (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado), o acordo prevê a venda de um pacote de ativos produtivos nos mercados de aços longos, comuns e perfilados a um comprador, e outro pacote de produção de trefilados e fio máquina para um segundo comprador. As vendas incluem unidades hoje da ArcelorMittal em Cariacica (ES), Itaúna (MG) e outras duas unidades em local não divulgado.
O Inesfa participou do processo de análise no Cade como terceiro interessado e sempre se posicionou contra a operação. Nesta quarta, em nota, a entidade diz que "compreende a complexidade do caso e respeita a decisão do Cade", mas afirma lamentar a aprovação da fusão.
Quando o Departamento de Estudos Econômicos (DEE) do Cade recomendou a reprovação do negócio, o Inesfa avaliou a decisão como "adequada". "As conclusões do Departamento Econômico do Cade estão absolutamente alinhadas com os resultados práticos desta fusão: irreversível concentração do mercado nas mãos dos grandes", destacou, na ocasião, o presidente da entidade, Clineu Alvarenga.
A entidade alegava que uma aprovação da transação por parte do regulador daria à ArcelorMittal grande poder de mercado, o que provocaria queda nos preços da sucata e prejuízo ao setor.
Em seu parecer, o DEE considerou que a venda de ativos proposta pelas companhias poderia ser para uma das empresas que já atuam no mercado.
No posicionamento divulgado nesta quarta, o Inesfa lembra que, há 30 anos, eram quase 30 grupos siderúrgicos no Brasil e que, a partir da decisão desta data, serão dois grandes grupos controlando de forma amplamente dominante o mercado de aços longos.