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Indicados pedem exclusão de seus nomes da chapa de Abilio na BRF

A nova chapa de Abilio foi apresentada para concorrer com a dos fundos de pensão no dia 26 de abril

BRF: executivos pediram a exclusão de seus nomes da chapa montada pelo empresário Abilio Diniz para o novo conselho de administração da companhia de alimentos (Nacho Doce/Reuters)

BRF: executivos pediram a exclusão de seus nomes da chapa montada pelo empresário Abilio Diniz para o novo conselho de administração da companhia de alimentos (Nacho Doce/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 12 de abril de 2018 às 08h37.

O executivo Augusto Cruz, ex-Pão de Açúcar, enviou comunicado nessa quarta-feira, 11, à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e à BRF pedindo a exclusão de seu nome da chapa montada pelo empresário Abilio Diniz para o novo conselho de administração da companhia de alimentos.

Cruz, indicado em fevereiro pelos fundos de pensão Previ (Banco do Brasil) e Petros (Petrobrás) para presidir o colegiado da BRF, disse que teve o seu nome incluído na chapa concorrente montada por Abilio na sexta-feira passada, sem ser consultado.

Outros quatro conselheiros - Walter Malieni, Roberto Mendes, Vasco Dias e José Luiz Osório - também foram incluídos nessa nova chapa e teriam ficado contrariados com a inclusão, segundo fontes. A BRF recebeu nessa quarta-feira o pedido de exclusão de Osório desta lista, de acordo com pessoas a par do assunto.

A nova chapa de Abilio foi apresentada para concorrer com a dos fundos de pensão no dia 26 de abril. Previ e Petros estão insatisfeitos com o desempenho da BRF, que registrou prejuízo pelo segundo ano seguido, e questionam o processo de reestruturação da empresa conduzido por Abilio e Tarpon.

Como atual representante da Previ no colegiado, Walter Malieni estava na reunião de conselho onde a chapa concorrente, que inclui seu nome, foi apresentada. Segundo fontes, sinalizou a Abilio e Tarpon na ocasião que não concordava com a inscrição de nova lista de conselheiros. Procurados, Malieni e Osório não responderam os pedidos de entrevista. Mendes e Dias não foram encontrados pela reportagem.

Cruz disse que está alinhado a Petros e Previ. "Não participei da reunião realizada na quinta e na sexta-feira. Não fui consultado."

Peter Taylor, gestor do fundo britânico Aberdeen, também acionista da BRF, manifestou ontem apoio à chapa dos fundos e disse ter sido informado que os conselheiros foram incluídos sem ser consultados.

Crise

A ausência de consulta prévia a integrantes da chapa reforça a ideia de que a lista de Abilio foi feita às pressas para manter poder de barganha do empresário e da Tarpon junto aos fundos de pensão. Na chapa de Abilio, Luiz Fernando Furlan é indicado como presidente do conselho. Flavia Almeida, da Península, e o ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, também fazem parte.

A decisão de compor nova chapa ocorreu após dois dias de reunião do conselho. A disposição era oficializar um acordo entre o empresário e os fundos, que possibilitasse a votação de chapa única e incluísse a renúncia de Abilio do conselho.

Mas o empresário recuou e houve impasse em relação aos nomes que iriam compor o novo colegiado - discordância que permanece.

No centro do problema, está a insistência de Abilio em exigir a saída do advogado Francisco Petros, representante da Petros, da relação para o conselho. A Petros já manifestou que não abre mão de mantê-lo e não vê motivo para trocá-lo. Ele figura como vice-presidente da chapa apresentada pelos fundos.

Petros e Previ pretendem ainda chegar a um acerto com Abilio, que vem sendo representado nas conversas por Eduardo Rossi, executivo da Península. Apesar de juntos terem participação de 22% - superior a de Abilio e Tarpon, que possuem cerca de 12,5% - os fundos de pensão preferem o consenso.

Temem que a disputa aberta na assembleia leve a um desfecho incerto. Uma possibilidade é que Abilio e Tarpon exijam o uso de voto múltiplo. Nas contas dos fundos, eles podem ficar com um número de assentos maior do que já possuem.

Procurados, Abilio, BRF, Francisco Petros, os fundos de pensão Previ e Petros não comentam. Em nota, CVM disse que foi comunicada e a questão será analisada em processo.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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