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Incursão europeia da Petrobras anuncia mudança global

A estatal está liderando um impulso global para obter financiamentos mais baratos de dívida na Europa


	Tanques para armazenar petróleo da Petrobras: com a venda de bônus da Petrobras, as ofertas brasileiras nas moedas da região já excederam todos os totais anteriores de ano-cheio
 (Pedro Lobo/Bloomberg News)

Tanques para armazenar petróleo da Petrobras: com a venda de bônus da Petrobras, as ofertas brasileiras nas moedas da região já excederam todos os totais anteriores de ano-cheio (Pedro Lobo/Bloomberg News)

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Da Redação

Publicado em 10 de janeiro de 2014 às 12h49.

Nova York - A Petrobras está liderando um impulso global para obter financiamentos mais baratos de dívida na Europa, pois o movimento do Federal Reserve para reduzir seus estímulos está jogando para cima os custos dos empréstimos nos EUA.

A Petrobras vendeu US$ 5,1 bilhões de bônus denominados em euros e libras em 7 de janeiro, ajudando a levar a emissão de títulos de dívida de países emergentes em moedas europeias ao começo de ano mais rápido da história, segundo dados compilados pela Bloomberg.

A Barclays Plc prevê que os tomadores de empréstimos de países em desenvolvimento venderão um montante recorde de dívida denominada em moedas europeias neste ano.

Com o Banco Central Europeu e o Banco da Inglaterra buscando políticas para suprimir os custos dos empréstimos em um momento em que o Fed reduz suas aquisições de dívidas, agora a venda de bônus em euros e a posterior conversão para dólares está 0,76 ponto porcentual mais barata para os países em desenvolvimento do que a emissão direta na moeda americana, mostram dados compilados pela Bloomberg e pelo Bank of America Corp.

Há um ano o euro estava 1,09 ponto porcentual mais caro para tomar emprestado.

“Não é algo iisolado”, disse Aziz Sunderji, estrategista do Barclays, em entrevista por telefone, de Nova York. “A melhor perspectiva para taxas livres de risco na Europa causaram uma maior demanda por papéis denominados em euro. Enquanto essa diferença relativa nos custos de financiamento existir, as empresas continuarão tirando vantagem dela”.


Com a venda de bônus da Petrobras, a maior venda na Europa de uma empresa de um país em desenvolvimento, as ofertas brasileiras nas moedas da região já excederam todos os totais anteriores de ano-cheio, mostram dados compilados pela Bloomberg.

Plano do BNDES

Um assessor de imprensa da Petrobras, que tem sede no Rio de Janeiro, preferiu não comentar a respeito da venda de bônus em uma resposta a perguntas enviada por e-mail.

A oferta da petroleira foi seguida, nesta semana, por vendas em euros da Polônia e da Eslováquia, enquanto Israel e o BNDES estão estudando levantar fundos na moeda nas próximas semanas, segundo fontes familiares aos planos que pediram para não serem identificadas porque a informação não é pública.

A assessoria de imprensa do BNDES disse, em entrevista por telefone, que uma venda de bônus dependerá das condições do mercado.

Ontem o BCE fortaleceu sua promessa de manter as taxas de juros baixas pelo tempo que for necessário ao deixar sua taxa de depósito em zero e a taxa de empréstimo marginal em 0,75 por cento.

O Comitê de Política Monetária da Inglaterra manteve sua taxa básica a uma baixa recorde de 0,5 por cento, ontem, e seu programa de aquisição de bônus em 375 bilhões de libras (US$ 617 bilhões).


Os custos totais para a Petrobras para vender seus 750 milhões de euros de bônus de 3,75 por cento com vencimento em 2021 e trocar os rendimentos pela moeda americana é equivalente a pagar 4,88 por cento em títulos denominados em dólar, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Isso é 0,56 ponto porcentual mais barato que o rendimento dos US$ 5,25 bilhões em bônus da empresa denominados em dólar com o mesmo vencimento.

‘Boa combinação’

“É uma boa combinação que ajuda o tomador de empréstimo a olhar para esse mercado de uma forma muito próxima”, disse Roberto D’Avola, chefe de mercados de capital e dívida para a América Latina do JPMorgan Chase Co., que gerenciou a venda da Petrobras.

“Alguns de nossos emissores na América Latina também têm exposição a essas moedas, mas se eles não tiverem, a combinação de taxas baixas e swap de base as torna atrativas para eles”.

A multinacional Corporación Andina de Fomento, com sede em Caracas, que oferece serviços financeiros internacionais para apoiar o desenvolvimento econômico na América Latina, emitiu 275 milhões de francos suíços (US$ 303 milhões) de títulos com vencimento em 2024 no início desta semana.

“Há definitivamente uma oportunidade para os emissores de boa qualidade na América Latina irem ao mercado do euro”, disse D’Avola. “As condições estão lá, há liquidez e nossa região oferece valor quando olhamos para a qualidade dos potenciais emissores que você pode trazer para os investidores”.

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