Carlos Slim: o Inbursa foi fundado por Slim em 1965, 25 anos antes de ele entrar no setor de telecomunicações, que iria impulsioná-lo (Mark Wilson/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 17 de março de 2014 às 14h49.
Cidade do México - O bilionário Carlos Slim está utilizando uma aquisição de US$ 45 milhões para participar mais formalmente no mercado financeiro do Brasil, apostando que essa é a melhor forma para replicar o modelo de negócios do seu banco mexicano na maior economia da América Latina, disse seu filho.
O Grupo Financiero Inbursa SAB, controlado por Slim, anunciou o acordo na semana passada para comprar a unidade brasileira do Standard Bank Group Ltd. enquanto a empresa sul-africana desativou as operações da divisão.
A ideia é usar a unidade como uma plataforma para desenvolver o banco de acordo com a mesma filosofia do Inbursa, disse Marco Antonio Slim Domit, segundo filho mais velho do bilionário e presidente do grupo bancário.
O Inbursa é conhecido pela abordagem financeira conservadora que o manteve mais capitalizado que seus concorrentes, disse Daniel Abut, analista do Citigroup Inc., em uma nota da semana passada.
A empresa é o grupo financeiro mais diversificado do México, com lucros oriundos de seguros, financiamento de automóveis e financiamento corporativo, entre outras áreas, disse Abut.
“Tínhamos participado antes com o Inbursa em operações de crédito no Brasil, e o tamanho da economia é muito importante para a região” disse Slim Domit em um e-mail. “A estratégia será baseada nos princípios e na experiência do Inbursa, mas sem dúvidas terá que ser adaptada às características locais do país”.
O PIB anual do Brasil de US$ 2,25 trilhões é quase o dobro do PIB do México, a segunda maior economia da América Latina, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
O banco está sinalizando sua ambição de se expandir internacionalmente desde pelo menos 2008, quando fez uma parceria com o CaixaBank SA da Espanha. O Inbursa tem feito negócios financeiros fora do México há anos.
Em 2012, sua participação em um empréstimo sindicalizado para a YPF SA resultou na obtenção de ações depois que a petroleira argentina foi inadimplente.
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Com sede na Cidade do México, o banco trabalha de perto com outras empresas de Slim em seu mercado de origem. Pequenas empresas clientes da Telmex, a unidade de telefonia fixa da América Móvil SAB, podem obter empréstimos do Inbursa e pagá-los através de suas contas telefônicas. Muitos dos restaurantes e lojas do Grupo Sanborns SAB possuem caixas eletrônicos do Inbursa.
O Inbursa já teria potenciais parceiros no Brasil, onde a America Móvil possui empresas de telefone e TV a cabo com a marca Claro. A empresa de telecomunicações disse que está interessada em realizar mais aquisições no país, seu segundo maior mercado.
Slim não foi tão agressivo quanto seus concorrentes, como o Grupo Financiero Banorte SAB e HSBC Plc, ao ampliar o alcance de seu banco no México. O portfólio de empréstimos do Inbursa, de 193 bilhões de pesos (US$ 14,6 bilhões) ficou em sexto lugar entre os bancos mexicanos no fim de janeiro, de acordo com as estatísticas do governo.
Slim fundador
O Inbursa foi fundado por Slim em 1965, 25 anos antes de ele entrar no setor de telecomunicações, que iria impulsioná-lo como uma das maiores fortunas do mundo. O banco tinha 320 agências em todo o México até o fim do ano passado, em comparação com 1.288 agências do Banorte.
A aquisição da unidade do Standard Bank foi anunciada no dia 14 de março. A Bloomberg News informou em outubro que o Inbursa estava em negociações para adquirir a divisão do Standard Bank.
O Banco Standard de Investimentos SA, como a divisão brasileira é conhecida, tinha 244 milhões de reais (US$ 144 milhões) em ativos no país até setembro, 92 por cento menos que os 2,9 bilhões de reais registrados em junho de 2012, de acordo com dados do Banco Central. O capital total diminuiu 63 por cento para 115 milhões de reais.
O Standard Bank, com sede em Johanesburgo, estabeleceu um escritório em São Paulo em 1998, onde chegou a contratar mais de 100 pessoas, de acordo com o site da empresa. A unidade do Brasil esteve envolvida em finanças estruturadas, comércio de metais, finanças de commodity, transações cambiais e operações de produtos derivados.
Em 2011, o Standard começou a diminuir sua estratégia de expansão nos mercados emergentes e anunciou vendas de ativos na Rússia, na Turquia e na Argentina para arrecadar dinheiro para um investimento na África. No ano seguinte, o banco finalizou a venda de 80 por cento da sua divisão argentina por cerca de US$ 400 milhões ao Industrial Commercial Bank of China Ltd.