Iguatemi: companhia é sócia de 16 empreendimentos (14 shoppings de luxo e dois outlets), dos quais apenas 12 já voltaram a funcionar (Nacho Doce/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 4 de agosto de 2020 às 19h35.
Última atualização em 4 de agosto de 2020 às 20h05.
A rede de shoppings de luxo Iguatemi obteve lucro líquido de 43,6 milhões de reais no segundo trimestre de 2020, queda de 23% em relação ao mesmo período de 2019.
O Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) somou 114,9 milhões de reais, recuo de 16,5% na mesma base de comparação, com margem de 71,4%.
O FFO (lucro líquido excluindo depreciação, amortização e efeitos não caixa) alcançou 83,8 milhões de reais, queda de 8,8%.
E a receita líquida totalizou 160,9 milhões de reais, baixa de 14,3%.
O encolhimento nos resultados do grupo é efeito direto da pandemia do coronavírus, que fechou os shoppings por uma boa parte do período. A companhia é sócia de 16 empreendimentos (14 shoppings de luxo e dois outlets), dos quais apenas 12 já voltaram a funcionar e, ainda assim, com restrições no expediente.
Isso se traduziu em queda nas vendas e em perda de faturamento com locação de pontos comerciais e cobrança de estacionamento. A Iguatemi isentou o aluguel dos lojistas nos meses em que os shoppings ficaram fechados e vem concedendo descontos nesta reabertura parcial.
A receita bruta totalizou 160 milhões de reais, queda de 25,3%. A receita de aluguel atingiu 229,1 milhões de reais, recuo de 11%, enquanto a receita de estacionamento foi de apenas 5,6 milhões de reais, uma baixa de 90,7%.
As vendas totais nos shoppings caíram 82,8%, para 603,6 milhões de reais. As vendas nas mesmas lojas (abertas há mais de um ano) diminuíram 70,6% no período, enquanto os aluguéis nas mesmas lojas tiveram retração de 79,1%
Os danos ao balanço no trimestre só não foram piores devido à adoção da prática contábil de linearização.
Essa é uma prática comum no setor de shoppings. Funciona assim: os valores dos contratos de locação dos pontos comerciais são divididos de uma forma equilibrada ao longo de seu período de vigência. Isso serve para o operador dos shoppings diminuir a volatilidade no reconhecimento da receita, que dispara em alguns períodos, como nas vendas de fim de ano.
Agora, porém, o efeito da linearização está sendo aplicado também nos valores dos descontos sobre os aluguéis, em conformidade com o direcionamento do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), segundo a Iguatemi. Ou seja, essa perda de receita "está sendo espalhada ao longo dos períodos de vigência dos contratos, diluindo os prejuízos originados no trimestre."
O lado bom para as empresas é que o prejuízo não fica tão feio agora. O lado ruim é que esses danos vão pesar nos balanços por muitos trimestres adiante.
A dívida total da Iguatemi no fim do segundo trimestre ficou em 2,8 bilhões de reais, 12% acima do fim do primeiro trimestre, impulsionada pela captação de recursos no mercado, como a emissão de debêntures no montante de 300 milhões de reais.
A disponibilidade de caixa estava em 1,2 bilhão de reais, aumento de 24,7% na mesma base de comparação, levando a uma Dívida líquida de 1,6 bilhão de reais e uma alavancagem (dívida líquida ante o Ebitda) de 2,66 vezes, ante 2,47 no fim do trimestre anterior.