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iFood, EUA e China: os segredos do lucro bilionário da Marfrig

Os frigoríficos estão na mira do mercado hoje: além dos resultados da Marfrig e BRF, também há a constatação de coronavírus em frango exportado para a China

Marfrig: A operação da América do Norte teve seu melhor trimestre histórico, com recorde de receita líquida de 2,7 bilhões de dólares (Paulo Whitaker/Reuters)

Marfrig: A operação da América do Norte teve seu melhor trimestre histórico, com recorde de receita líquida de 2,7 bilhões de dólares (Paulo Whitaker/Reuters)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 13 de agosto de 2020 às 13h50.

Mesmo com a pandemia do novo coronavírus, que obrigou plantas de abate de animais e frigoríficos a paralisarem as operações momentaneamente em diversos países, a Marfrig teve um lucro recorde: 1,6 bilhão de reais. A pandemia e as medidas de isolamento social ajudaram inclusive a impulsionar seu resultado, com aumento nas vendas de hambúrguer por delivery e com a alta no preço da carne nos Estados Unidos. 

A venda de processados foi um ponto que chamou a atenção no trimestre do frigorífico brasileiro. Com marcas como Bassi e Montana, a companhia atua com foco nos canais de varejo e foodservice para o mercado local, com restaurantes e churrascarias como clientes. 

Mais do que isso, a marca está posicionada na oferta de hambúrgueres, um dos líderes nos pedidos por delivery, com capacidade de produzir 222.000 toneladas de hambúrgueres por ano - 77.000 toneladas só no Brasil.

"Quando você olha para as vendas de Rappi e iFood, o produto líder no delivery é o hambúrguer. A Marfrig está muito bem posicionada", disse Miguel Gularte, presidente da Marfrig em teleconferência com investidores. Segundo o executivo, o fato de ter um hambúrguer a base de plantas no portfólio também ajuda a companhia a conquistar novos clientes. 

Estados Unidos

Nos Estados Unidos, a pandemia do coronavírus obrigou muitos frigoríficos a paralisarem suas plantas momentaneamente. Também houve um alto grau de absenteísmo, ou faltas de funcionários preocupados com a transmissão. Nos EUA, o volume de animais abatidos no segundo trimestre deste ano foi de 5,6 milhões de cabeças, 14% inferior ao primeiro trimestre do ano e 17% abaixo do mesmo período do ano passado. 

Assim, a oferta de carne ficou reduzida, o que pressionou os preços para cima, ainda mais em um momento de alta na demanda - com os churrascos de verão e de 4 de julho no país.  "O preço de carne bovina dobrou no país em maio", diz Tim Klein, presidente da operação na América do Norte.

A operação da América do Norte teve seu melhor trimestre histórico, com recorde de receita líquida, Ebitda e margem. A receita líquida foi de 2,68 bilhões de dólares, Ebitda ajustado 635 milhões de dólares e margem de 23,7%. A operação norte-americana é responsável por 76% da receita líquida - 93% do resultado do frigorífico é em dólar. 

China

O resultado também foi recorde na América do Sul, com receita líquida de 4,4 bilhões de reais, 27,7% superior na comparação com o mesmo período do ano anterior. Por aqui, 68% da produção é destinada a exportações, principalmente para a China e o mercado asiático. A Marfrig tem 13 plantas habilitadas para exportação para o país asiático. 

Com a retomada parcial da economia chinesa, as exportações aumentaram - 17,8% no total. Aproximadamente 65% do total das receitas de exportação foram destinadas a China e Hong Kong, aumento de 81%. O preço da carne exportada também está 42,5% maior, principalmente pela desvalorização de 37,5% do real frente ao dólar. 

Os frigoríficos estão sob olhar intenso do mercado hoje. Além dos resultados da Marfrig e de sua concorrente BRF, no radar dos investidores também está a constatação de coronavírus em asas de frango congeladas exportadas para a China (a Marfrig não produz frango).

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