iFood e Mottu fazem parceria e aumentam benefícios para entregadores (@FERNANDO_SIGMA/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 21 de agosto de 2025 às 06h00.
Última atualização em 21 de agosto de 2025 às 06h07.
Entregadores de delivery com bolsas vermelhas e motos verdes serão cada vez mais comuns nas ruas brasileiras. O iFood e a Mottu, líder em aluguel de motos, anunciam nesta quinta-feira, 21, uma parceria que mira diretamente a base de entregadores.
O acordo oferece motos a partir de R$ 19 por dia e ganhos extras de até R$ 350 mensais, além de descontos e suporte operacional. A iniciativa não apenas amplia o pacote de benefícios do iFood, mas também reforça a estratégia da Mottu de ganhar escala em um mercado estimado em 20 milhões de motocicletas no Brasil.
“Nosso objetivo é apoiar quem está nas ruas todos os dias. Com a Mottu, conseguimos ampliar os benefícios e oferecer previsibilidade de ganhos, o que é fundamental para aumentar a base de entregadores e reduzir a rotatividade”, afirma Thiago Viana, diretor sênior de Inovação do iFood.
No piloto, a iniciativa deve envolver cerca de 5.000 motos em São Paulo, mas a ambição é nacional. Para os executivos, trata-se de uma equação de ganha-ganha: a Mottu amplia sua base de clientes, o iFood fortalece sua malha de entregadores e os profissionais conseguem acesso mais barato a veículos e ganhos adicionais.
A partir de setembro, os entregadores que alugam motos pela Mottu e atuam no iFood poderão receber até R$ 350 adicionais por mês, caso cumpram metas de corridas em períodos determinados. Há ainda a possibilidade de retorno de até 10% em créditos no Mottu Cash para quem mantém alta performance.
O acesso às motos também será facilitado. Novos entregadores terão até 20% de desconto no valor da caução e condições especiais para iniciar ou renovar contratos de aluguel.
O modelo já se mostra competitivo: diárias a partir de R$ 19, autonomia de 60 km por litro (quase o dobro da média das motos convencionais), IPVA incluso, assistência 24 horas e cobertura em caso de roubo.
Vale lembrar que, no modelo da Mottu, a moto pode se tornar do entregador após três anos de uso, o que transforma o aluguel em uma porta de entrada para a aquisição do veículo.
“Na Mottu, qualquer pessoa que deseja conquistar uma moto encontra um caminho acessível e sem burocracia. Com a parceria com o iFood, além do acesso facilitado às motos mais econômicas do mercado, os entregadores passam a contar com condições especiais e ganhos extras”, diz Rubens Zanelatto, CEO da Mottu.
Criada em 2020, a Mottu nasceu com a proposta de ser o caminho mais barato para quem precisa de uma moto para trabalhar. Hoje, a empresa já soma 130 mil veículos alugados e espera chegar a 160 mil até o fim de 2024 — com a meta de atingir 1 milhão nos próximos anos.
Para dar suporte a esse crescimento, a Mottu construiu uma cadeia integrada: fábrica própria em Manaus, centros de distribuição e mais de 146 pontos físicos em 120 cidades.
A operação já movimenta cerca de R$ 100 milhões por mês em receitas e contou, ao longo de sua trajetória, com aportes de investidores. O mais recente foi o cheque de R$ 250 milhões liderado pela americana QED.
Do lado do iFood, a parceria fortalece a capacidade de oferecer previsibilidade de ganhos aos entregadores e reduzir a rotatividade da base, estimada em 450 mil profissionais ativos por mês.
“O benefício nunca é só para o público diretamente atingido, ele se reflete em todo o ecossistema. É essa a visão do iFood quando traz para perto empresas que estão transformando suas áreas de atuação, como a Mottu”, reforça Viana.
O mercado de delivery deve movimentar US$ 21,1 bilhões em 2025, segundo a consultoria Statista. Nesse cenário, os entregadores se tornaram peça estratégica: são eles que garantem a última milha, e, sem incentivos, o sistema emperra.
Plataformas como a 99Food têm anunciado pagamentos maiores aos profissionais, elevando a pressão sobre concorrentes. Para o iFood, a parceria com a Mottu se soma a outras iniciativas, como o programa iFood Super, que recompensa os mais engajados com benefícios financeiros.
“Nossa prioridade é apoiar quem está nas ruas todos os dias. Por isso, buscamos soluções práticas que ajudem os entregadores a ter mais autonomia e melhor rendimento de forma facilitada”, diz Johnny Borges, diretor de Impacto Social do iFood.
Se conseguir escalar, a parceria pode redefinir a forma como plataformas de delivery atraem e retêm seus parceiros em um setor marcado por margens apertadas, custos logísticos altos e necessidade constante de eficiência.