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Hydro nega contaminação ambiental em refinaria Alunorte, no Pará

Declaração contradiz as descobertas do Instituto Evandro Chagas (IEC), vinculado ao Ministério da Saúde

Norsk Hydro: produtora de alumínio negou nesta segunda-feira que sua refinaria de alumina Alunorte tenha contaminado as águas locais (Ricardo Moraes/Reuters)

Norsk Hydro: produtora de alumínio negou nesta segunda-feira que sua refinaria de alumina Alunorte tenha contaminado as águas locais (Ricardo Moraes/Reuters)

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Reuters

Publicado em 9 de abril de 2018 às 10h22.

Última atualização em 9 de abril de 2018 às 13h36.

Oslo - A produtora de alumínio Norsk Hydro negou nesta segunda-feira que sua refinaria de alumina Alunorte - a maior do mundo -, em Barcarena, no Pará, tenha contaminado as águas locais, contradizendo as descobertas do Instituto Evandro Chagas (IEC), vinculado ao Ministério da Saúde.

Citando um estudo interno e um relatório encomendado pela consultoria ambiental SGW Services, a Hydro disse que não foi encontrada nenhuma evidência de transbordamento de seus depósitos de bauxita ou de qualquer impacto ambiental significativo ou duradouro.

A empresa admitiu que alguns vazamentos não regulamentados de água não tratada ocorreram, o que, segundo a Hydro, é "completamente inaceitável". A companhia reiterou, porém, que melhoraria o tratamento de água da planta.

"Ambos os relatórios confirmam nossas declarações anteriores de que não houve transbordamento das áreas de depósito de resíduos de bauxita, bem como nenhuma indicação ou evidência de contaminação para comunidades locais próximas da Alunorte como resultado das fortes chuvas em fevereiro", disse o CEO da Hydro, Svein Richard Brandtzaeg, em nota.

No mês passado, a empresa já havia informado que iria investir cerca de 200 milhões de reais para melhorias no sistema de tratamento de água da empresa. Além disso, informou nesta segunda-feira que irá aportar 100 milhões de reais nas comunidades locais, em uma iniciativa chamada Barcarena Sustentável.

A Alunorte está atualmente operando com cerca de 50 por cento da capacidade sob uma ordem judicial. A empresa avalia que os dois relatórios ambientais a ajudarão a obter permissão para retomar a produção total da fábrica, disse Brandtzaeg à Reuters, anteriormente.

"Isso coloca os fatos sobre a mesa e nos dá uma base para resolver a situação", disse ele, acrescentando que a empresa está em "um diálogo construtivo" com as autoridades locais.

A Alunorte, localizada no Estado do Pará, conta com cerca de 2 mil funcionários e uma capacidade de produção de 6,3 milhões de toneladas, transformando bauxita em alumina, a qual vira posteriormente alumínio nas fundições.

As ações da Hydro chegaram a subir mais de 6 por cento, superando o índice de referência de Oslo, estendendo ganhos desde antes da declaração da empresa ser publicada. A empresa também está se beneficiando de sanções impostas à rival Rusal, da Rússia, disseram operadores.

O principal proprietário da Hydro, o Estado norueguês, com uma participação de 34,26 por cento, disse que teve uma reunião com a diretoria na segunda-feira para ser informado das conclusões dos relatórios.

"Notamos que os relatórios não devem ter indicações nem provas de que a Alunorte poluiu as comunidades locais", disse o ministério da indústria e do comércio da Noruega em um comunicado enviado por email. "Continuamos a monitorar o caso de perto."

Embate sobre resultados

Em 6 de abril, a Alunorte processou o Ministério Público do Pará, pedindo à Justiça que rejeitasse as conclusões do Instituto Evandro Chagas (IEC).

A diretora da SGW Andrea Aluani reforçou nesta segunda-feira as críticas da Hydro sobre o relatório do instituto.

"Nós discordamos (do IEC) em virtude de uma série de erros e ausências de controle de qualidade dos laudos", disse Andrea, reiterando que o órgão não tem acreditação do Inmetro para algumas das conclusões.

Procurado, o IEC não se manifestou imediatamente sobre os novos dados publicados pela Hydro, pois ainda está analisando as informações.

Entretanto, voltou a destacar que "todas as análises do IEC são realizadas com rigor científico, seguindo protocolos que atendem aos padrões de qualidade estabelecidos internacionalmente para cada tipo de análise, além de contarem com alto nível de precisão e confiabilidade".

Em nota, declarou que desconsiderar as análises realizadas pelo IEC é desconsiderar o que aconteceu em Barcarena e seus impactos na saúde ambiental e da população.

"Hoje nenhuma empresa conseguirá fazer as análises dos impactos ocorridos nos dias 17 e 18 de fevereiro de 2018 nas águas de Barcarena, porque a dinâmica hidrográfica e pluvial na região é intensa e o cenário está em constante modificação", afirmou.

Quanto à certificação pelo Inmetro, o IEC afirmou que iniciou seu programa de certificação junto ao órgão por etapas no ano de 2017.

O Ministério Público do Pará ainda não se manifestou sobre as informações publicadas nesta segunda-feira.

No final de fevereiro, as autoridades brasileiras ordenaram à Hydro que cortasse temporariamente a produção da usina.

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