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É natural que a dívida da companhia aumente, diz CEO da Oi

Em entrevista à EXAME, Rodrigo Abreu afirma que investimento em infraestrutura não é o melhor para quem busca retornos trimestrais

Rodrigo Abreu, presidente da Oi: telefonia e a crise do coronavírus (Omar Paixão/Exame)

Rodrigo Abreu, presidente da Oi: telefonia e a crise do coronavírus (Omar Paixão/Exame)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 22 de abril de 2020 às 12h45.

Última atualização em 25 de abril de 2020 às 14h55.

O uso do sistema de telecomunicações no Brasil cresceu em meio à crise do coronavírus, uma vez que as pessoas estão em casa e o uso a internet vem aumentando. O presidente da Oi, Rodrigo Abreu, afirma que o tráfego na plataforma da empresa cresceu de 30% a 40%. “Em áreas como streaming e transmissão de conteúdo tivermos aumento de quase 100%”, afirma. Ele falou nesta quarta-feira (22), com os jornalistas Gabriela Ruic e João Pedro Caleiro, na série exame.talks.

Apesar do aumento da demanda, a empresa teve redução de receita nas recargas de pré-pago e tem visto a inadimplência aumentar devido à crise casauda pela pandemia. “Existe aumento de tráfego, no entanto existe impacto de inadimplência e redução de recarga do pré-pago. Isso tem impactado as operadoras, vemos essa retração acontecendo mas ainda é cedo para ser mais preciso sobre a tendência dos próximos meses”.

O executivo também falou sobre a possível venda da operação de telefonia móvel da Oi. “O negócio de telefonia móvel é de 40 milhões de usuários, gera caixa e resultado. Mas é uma operação de escala. Nesse sentido a companhia traçou possibilidades e em algumas delas analisamos se vale a pena vender esse segmento. Recentemente tivemos comunicados públicos dizendo que estávamos discutindo essa possibilidade. Esse processo segue, isso não significa que ele vai se concretizar. Se acontecer, a empresa terá mais capacidade de investir em infraestrutura de telecomunicação”, disse.

Detalhou também a situação da dívida da companhia, que está na casa dos 15 bilhões de reais e cresceu recentemente. “Para uma empresa do tamanho da Oi, é uma dívida gerenciável. É natural que no primeiro momento que a dívida aumente. Não existe empresa de telecomunicações sem investimento de capital de grande porte. Uma empresa de infraestrutura precisa investir bastante e no nosso caso esse investimento vai principalmente para a fibra ótica. Isso vai voltar depois, mas nos primeiros dois ou três anos do plano, a empresa consome caixa”, afirma.

Sobre o valor da ação da companhia, que hoje é negociada a menos de 1 real na bolsa de valores B3, Abreu afirma que a companhia está sendo impactada “por um momento de derretimento global do mercado de capitais”, devido à crise causada pelo novo coronavírus. "Ninguém espera que esse momento de crise permaneça indefinidamente e estamos acompanhando a crise com lupa. Espera-se que o nosso setor saia mais rápido desse momento, porque ele passou a  ganhar uma importância que não era percebida antes”, afirma. 

Aos investidores, porém, Abreu faz um aviso. "Investimento em infraestrutura não é um investimento de trimestre. Se você quer retornos trimestrais, está no lugar errado. Estamos implementando um plano de dois a três anos”.

Rodrigo Abreu assumiu o comando da operadora de telefonia Oi em janeiro deste ano, após a renúncia do então presidente, Eurico Teles. Abreu está na companhia desde 2018, onde atuou pelo conselho de administração como coordenador do Comitê de Transformação, Estratégia e Investimentos e depois como diretor de operações. Antes da Oi, o executivo presidiu a subsidiária brasileira da operadora Tim e comandou a fornecedora de tecnologia Cisco no país.

Abreu assumiu a empresa em momento importante. A operadora, em recuperação judicial, vendeu em janeiro deste ano sua participação na empresa de telefonia angolana Unitel por 1 bilhão de dólares. Depois disso, emitiu 2,5 bilhões de reais para reforçar seu caixa. A companhia ainda considera vender sua operação de telefonia móvel e tem fortalecido sua atuação na prestação de serviços de infraestrutura de telecomunicações para outras operadoras e para consumidores finais.

Assista ao programa:

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Confira a programação do exame.talks

22 de abril, quarta-feira, 15h

Ruy Kameyama, CEO da BRmalls, Albero Serrentino, consultor de varejo, Pierre Berenstein, CEO do Outback, e Hector Nuñez, CEO da RiHappy
Novos modelos de negócios no varejo pós-covid-19
Com Graziella Valenti, editora do Exame.In
Veja no YouTube

23 de abril, quinta-feira, 18h

Webinar com Eduardo Menicucci, da Fundação Dom Cabral
Manuel de Sobrevivência para PMEs
Com Fabiane Stefano, editora de macroeconomia da EXAME
Veja no YouTube

24 de abril, sexta-feira, 12h

Roberto Marques, CEO Global da Natura&Co
O consumo e o setor de beleza em tempos de crise
Com Gabriela Ruic e João Pedro Caleiro, jornalistas da EXAME
Veja no YouTube

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