O homem mais rico do mundo, Elon Musk, ganhou cerca de R$ 21,35 bilhões (US$ 4 bilhões, na cotação atual) em apenas um dia, segundo dados em tempo real da Forbes. A fortuna de Musk, às 8h29, no horário de Brasília, estava estimada em US$ 480,5 bilhões — R$ 2,5 trilhões, o que faria de Musk o primeiro trilionário do mundo se sua riqueza fosse em reais.
Mesmo não sendo um trilionário em dólares, o empresário já é o homem mais rico da história de acordo com alguns parâmetros.
Por que Musk ficou mais rico?
Musk ficou mais rico nesta quinta-feira, 27, porque as ações da Tesla subiram no dia anterior. A valorização veio após o bilionário anunciar a expansão da frota de robotáxis em Austin, prevista para dezembro. A novidade animou investidores, que viram na notícia um avanço concreto na estratégia de veículos autônomos da empresa.
Com alta de US$ 7,18 por ação, o papel fechou cotado a US$ 426,58, alta de 1,71% no dia anterior, 26. Como Musk detém mais de 12,4% da companhia — e ainda comprou US$ 1 bilhão em ações recentemente —, a valorização se traduziu em um ganho bilionário para o CEO.
Além dos robotáxis, a Tesla se beneficiou do clima positivo entre analistas de mercado. Stephen Gengaro, do Stifel, elevou o preço-alvo da ação para US$ 508 em 17 de novembro. Já Daniel Ives, da Wedbush, projetou US$ 600 no dia 7.
O bom desempenho da Tesla também acompanha um movimento mais amplo de recuperação nas bolsas globais, após semanas de instabilidade. O setor de tecnologia foi um dos mais beneficiados no rali recente.
Com valor de mercado estimado em US$ 1,41 trilhão, a Tesla figura hoje entre as dez maiores empresas do mundo. E, com cada subida, o patrimônio de Musk avança junto.
O PIB como métrica
Antes da era digital, a riqueza das pessoas era medida principalmente pelo impacto no Produto Interno Bruto (PIB) nacional, e não apenas pela soma nominal de ativos. A métrica considerava o domínio econômico de uma pessoa em seu tempo.
Em termos proporcionais ao Produto Interno Bruto (PIB), nomes históricos ainda rivalizam ou superam Musk. John Davison Rockefeller, por exemplo, controlava cerca de 1,5% a 1,6% da economia dos Estados Unidos em 1913, o que chega bem perto do 1,61% de Musk em 2025.
Jakob Fugger, banqueiro europeu do século XVI, chegou a deter cerca de 2% do PIB da Europa, equivalente a aproximadamente US$ 400 bilhões ajustados pelos valores atuais.
Mansa Musa, imperador do Mali entre 1312 e 1337, é frequentemente apontado como o mais rico da história, mas historiadores alertam para a imprecisão desses cálculos. Durante sua peregrinação a Meca, distribuiu tanto ouro que desvalorizou o metal no Egito por mais de uma década.
Já o imperador romano Augusto César controlava de forma direta ou indireta até 30% da economia global de sua época. Estimativas sugerem que isso equivaleria hoje a até US$ 4,9 trilhões — mas especialistas reconhecem um alto grau de especulação nessa estimativa.
Riqueza nominal vs. influência econômica
No critério de riqueza nominal (a soma absoluta em dólares) Musk lidera com folga.
Seus quase US$ 500 bilhões superam os picos de Jeff Bezos (US$ 260 bilhões), Mark Zuckerberg (US$ 250 bilhões) e Bernard Arnault (US$ 209 bilhões).
Rockefeller, frequentemente citado como o homem mais rico da era industrial, acumulou US$ 900 milhões em 1913, o que corresponderia a cerca de US$ 26 a US$ 29 bilhões em valores atuais — uma diferença de até 94,6% em relação a Musk.
A diferença entre riqueza nominal e poder econômico contextualizado é o que complica as comparações históricas.
Enquanto Musk detém seu patrimônio majoritariamente em ações de empresas de tecnologia, figuras como Rockefeller ou Fugger operavam com ativos tangíveis, como petróleo e metais preciosos.
E o Barão de Mauá?
No Brasil, Irineu Evangelista de Sousa, o barão de Mauá, foi considerado o homem mais rico do país no século XIX.
Em seu auge, controlava oito das dez maiores empresas nacionais, além de bancos, ferrovias, estaleiros e companhias de navegação que modernizaram a economia brasileira. Sua atuação também se estendia ao exterior, com negócios na Inglaterra, Uruguai e Argentina.
O impacto de sua fortuna era tão grande que, em meados de 1867, ela ultrapassava o próprio orçamento do Império do Brasil. Segundo estimativas, seu patrimônio acumulado chegaria hoje a cerca de US$ 80 bilhões — valor expressivo, mas ainda distante dos atuais quase US$ 500 bilhões de Musk.
A principal diferença entre os dois está na escala econômica em que atuavam. Enquanto Mauá dominava amplamente uma economia de base agrária e industrial incipiente, Musk concentra sua riqueza em setores de alta tecnologia em uma das maiores economias do mundo.
As fortunas do século XIX também eram baseadas em ativos tangíveis — terras, navios, infraestrutura, metais —, ao passo que a de Musk é composta majoritariamente por ações de companhias de capital aberto, cujas avaliações flutuam com o mercado.
Apesar de sua relevância econômica, o império de Mauá enfrentou forte resistência da elite conservadora da época, especialmente após a Guerra do Paraguai, e colapsou em meio a uma crise financeira.
Ao final da vida, ele voltou à atividade como corretor de café e morreu com recursos bastante reduzidos em relação à sua antiga fortuna.