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Holcim transforma bonecas tóxicas em cimento e aumenta lucro

A empresa transforma lixo em lucro por meio da queima de bonecas tóxicas, cigarros contrabandeados e óculos de sol velhos


	Trabalhador empilha sacos de cimento da Holcim: a queima de resíduos pode tornar algumas fábricas de cimento da Ásia eficientes, ajudando a Holcim a liberar dinheiro e competir com rivais 
 (Kemal Jufri/Bloomberg News)

Trabalhador empilha sacos de cimento da Holcim: a queima de resíduos pode tornar algumas fábricas de cimento da Ásia eficientes, ajudando a Holcim a liberar dinheiro e competir com rivais  (Kemal Jufri/Bloomberg News)

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Da Redação

Publicado em 23 de setembro de 2013 às 12h03.

Zurique - O CEO da Holcim Ltd., Bernard Fontana, está transformando lixo em lucro na maior fabricante de cimento do mundo por meio da queima de bonecas tóxicas, cigarros contrabandeados e óculos de sol velhos.

Fontana, que no ano passado se tornou a primeira pessoa de fora a comandar a Holcim, com sede em Jona, Suíça, em seus 101 anos de história, está aumentando o uso de resíduos em vez de carvão para aquecer fornos de cimento em países como Índia e Vietnã e cortar custos.

A expansão para a gestão de resíduos está gerando receitas enquanto empresas como fabricantes de cigarro pagam para queimar produtos falsificados e vencidos, disse Aidan Lynam, um gerente de área da Holcim no sul da Ásia.

“Eles assistem para ter certeza que até o último cigarro entrou no nosso forno”, disse ele, referindo-se aos fabricantes do Vietnã que pagam para cremar contrabando nas fábricas da Holcim.

“Tudo desaparece como um grão de areia no deserto do Saara”, disse ele, acrescentando que em temperaturas extremas os cigarros tornam-se parte do cimento.

Após mais de US$ 10 bilhões em aquisições na década até 2011, Fontana iniciou um programa de redução de custos no ano passado para impulsionar o lucro operacional a 1,5 bilhão de francos suíços (US$ 1,6 bilhão) e de ajuste devido à demanda em queda em meio à crise da dívida europeia.

A queima de resíduos pode tornar algumas fábricas de cimento da Ásia tão eficientes em relação à energia quanto as da Europa, ajudando a Holcim a liberar dinheiro e competir com as rivais Lafarge SA e Cemex SAB.

‘Enorme economia’

“A curto prazo, é uma economia enorme; ao longo do tempo, isso vai diminuir”, disse Ian Osburn, analista da Cantor Fitzgerald em Londres, acrescentando que a energia representa cerca de um terço do custo de fabricação do cimento. “A Holcim claramente tem sido líder nisso e inovadora, mas todos os fabricantes de cimento se movimentam rapidamente para copiar um do outro”.


A Holcim, que pagou US$ 4,1 bilhões pela Aggregate Industries em 2005, evitou uma queda ao status de junk. A Holcim caiu 38 por cento nos últimos seis anos em Zurique, ficando com o valor de 22 bilhões de francos, enquanto a Lafarge tombou 45 por cento em Paris e a Cemex perdeu 48 por cento na Cidade do México.

A planta Wadi da Holcim na Índia pode produzir seis vezes mais cimento que uma fábrica média suíça em um ano e tem uma conta de energia igualmente grande, disse Lynam. A Holcim quer levar as fábricas asiáticas, especialmente da Índia, ao mesmo nível de eficiência das europeias.

A taxa de substituição térmica da Holcim, ou a porcentagem de combustíveis alternativos usados no lugar de combustíveis tradicionais como o carvão e o coque de petróleo, aumentou para 12,8 por cento no ano passado, acima dos 12,5 por cento em 2011. A taxa de substituição aumentou 2 pontos porcentuais nos seis meses até junho em comparação com o ano anterior, disse Fontana em uma ligação em 15 de agosto.

As fábricas produzem cimento alimentando um forno em que a temperatura pode atingir até 2.000 graus com uma mistura de calcário e argila, transformando-a em clínquer. O clínquer é então resfriado, moído e misturado com gesso para produzir cimento.

As condições de queima dentro do forno destroem resíduos como medicamentos vencidos e pesticidas sem deixar desperdícios, ao contrário de incineradores que queimam a temperaturas mais baixas. Isso torna os fornos da Holcim perfeitos para o chamado coprocessamento de estoque indesejado, como bonecas defeituosas, que foram queimadas por causa da contaminação por chumbo, disse Lynam.

Por segurança, há algumas coisas que Lynam não vai queimar, como o Agente Laranja, um herbicida usado pelo exército dos EUA como arma química no Vietnã.

“Nós simplesmente não queremos chegar a isso”, disse ele.

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