Negócios

Hidroxicloroquina precoce reduziu mortes em 60%, diz Prevent Senior

Protocolo evitou uma internação para cada 28 pacientes que iniciaram o tratamento e reduziu internações, diz operadora

Fachada de hospital da Prevent Senior no Tatuapé (Prevent Senior/Divulgação)

Fachada de hospital da Prevent Senior no Tatuapé (Prevent Senior/Divulgação)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 17 de abril de 2020 às 16h04.

Última atualização em 28 de abril de 2020 às 10h45.

Estudo elaborado pela operadora de saúde Prevent Senior avalia o uso da hidroxicloroquina ainda em estágio precoce para pacientes com suspeita de terem contraído o novo coronavírus. De acordo com a pesquisa, o uso da medicação no estágio inicial da doença, quando o paciente tem apenas sintomas comuns de gripe, tem efeito importante para desafogar hospitais em um cenário de pandemia. A pesquisa aguarda publicação na revista médica PLOS Medicine.

A operadora afirma que o tratamento em estágio precoce da doença, associado ao isolamento social dos beneficiários, levou a queda de 80% no movimento nas unidades de pronto-socorro. Hoje, 60% dos leitos da operadora destinados ao tratamento de covid-19 estão ocupados. Até agora, 380 pacientes com coronavírus tiveram alta dos hospitais da Prevent Senior.

O número de mortes por covid-19 caiu 60% e a média de idade dos pacientes que morrem subiu de 80 para 83 anos, segundo o médico e diretor-executivo da Prevent Senior, Pedro Batista Júnior. A redução das mortes não está registrada no estudo atual e deve ser incluída em publicação posterior.

O estudo enviado à PLOS Medicine foi feito com 636 pacientes, sendo que 412 tomaram a hidroxicloroquina associada à azitromicina logo nos primeiros dias de sintomas. Os outros 224 não tomaram e funcionaram como grupo de controle. A conclusão da operadora, que atende majoritariamente idosos, é de que o protocolo evitou uma internação para cada 28 pacientes que iniciaram o tratamento. O estudo ainda não foi publicado.

“No contexto de uma pandemia de covid-19, evitar uma única internação em cada grupo de 28 pacientes pode significar, em termos demográficos, a diferença entre saturar ou não a capacidade de atendimento dos serviços de saúde”, afirma a companhia. “É um estudo que coloca na mão dos médicos a responsabilidade de avaliação clínica e acompanhamento”, afirma Júnior.

Dos pacientes que fizeram uso precoce da medicação, 1,9% precisaram de internação. Já entre os 224 pacientes do grupo controle, 5,4% tiveram que ser internados. “Quem não tomou a medicação teve necessidade de internação 2,84 vezes maior”, afirma Júnior.

Segundo Júnior, o uso da hidroxicloroquina no estágio precoce da doença deve ser visto em um contexto específico de pandemia em que os testes para confirmação de covid-19 levam de sete a dez dias para ficarem prontos. O médico afirma que, mesmo sem o exame de confirmação da doença, a tomografia pode ajudar na decisão sobre o uso do remédio.

“Conseguimos mapear a evolução da doença em três partes. A primeira, somente com sintomas. A segunda com sintomas e inflamação. A terceira com forte inflamação. E identificamos que o melhor uso da medicação é no período inicial. O dia de ouro é o segundo dia de sintomas. Sabendo disso, optamos por entrar com medicação no começo, mesmo sem a comprovação do exame”, explica.

A companhia permanece com três hospitais destinados exclusivamente para o tratamento de pacientes com coronavírus. Uma quarta unidade estava sendo preparada para atender mais pacientes, mas a empresa afirma que com a estabilização do número de internações, ela não será necessária.

Júnior afirma que, diferente da cloroquina, a hidroxicloroquina tem baixa toxicidade. O principal risco associado ao uso do medicamento é a ocorrência de arritmia, que pode ocorrer em um em cada mil casos. Também pode ocorrer algum tipo de alergia à medicação. A medicação é usada no tratamento de artrite e lúpus. “Se houver acompanhamento médico, o risco é reduzido e controlado”, afirma.

A companhia realiza outro estudo, com pacientes que usam essa medicação devido a outros problemas de saúde para entender como é a contaminação por coronavírus nesse público. Em outro estudo, com pacientes em estado grave, a empresa diz ter conseguido reduzir o tempo de internação em UTI de 14 para 8 dias.

Alguns dias após a divulgação dos dados, o estudo da operadora Prevent Senior para testar a eficácia da hidroxicloroquina no tratamento da covid-19 foi suspenso pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) após o órgão descobrir que os testes com pacientes foram iniciados antes de a empresa receber o aval para a realização da pesquisa, o que é proibido pelas normas do país. 

*Texto atualizado em 28/04 para incluir a informação de que o estudo foi suspenso pela Conep. 

Acompanhe tudo sobre:CoronavírusPrevent Senior

Mais de Negócios

Setor de varejo e consumo lança manifesto alertando contra perigo das 'bets'

Onde está o Brasil no novo cenário de aportes em startups latinas — e o que olham os investidores

Tupperware entra em falência e credores disputam ativos da marca icônica

Num dos maiores cheques do ano, marketplace de atacados capta R$ 300 milhões rumo a 500 cidades