Negócios

Hertz vai à falência devido à falta de demanda por viagens

Confinamento por coronavírus faz companhia suspender atividade nos Estados Unidos e Canadá; na Europa, Nova Zelândia e Austrália, operação continua

Locadora da Hertz em São Francisco: dívida estimada em 19 bilhões de dólares (Delphine TOUITOU/AFP Photo)

Locadora da Hertz em São Francisco: dívida estimada em 19 bilhões de dólares (Delphine TOUITOU/AFP Photo)

Ivan Padilla

Ivan Padilla

Publicado em 23 de maio de 2020 às 10h07.

Última atualização em 26 de maio de 2020 às 16h08.

A empresa de aluguel de carros Hertz, afetada pelo impacto da pandemia de coronavírus, anunciou na sexta-feira (22) que entrou com pedido de falência nos Estados Unidos e no Canadá.

"O impacto da COVID-19 na demanda de viagens foi repentino e dramático, levando a uma queda acentuada na receita da empresa e reservas futuras", declarou a companhia em comunicado.

A Hertz disse que tomou "medidas imediatas" para priorizar a saúde e a segurança dos funcionários e clientes e eliminar "todas as despesas não essenciais".

"No entanto, permanece a incerteza sobre quando as receitas retornarão e quando o mercado de veículos usados voltará a reabrir inteiramente às vendas, o que exigiu ação imediata", acrescentou.

Carros em frente a uma loja da Hertz em Livonia, Estados Unidos

Loja da Hertz em Michigan, Estados Unidos: concorrência da Avis Budget e do Uber (Dwight Burdette/Wikimedia Commons)

As principais regiões operacionais globais da Hertz, incluindo Europa, Austrália e Nova Zelândia, não estão incluídas no pedido de falência.

Em 21 de abril, a Hertz havia anunciado o corte de 10.000 empregos na América do Norte, 26,3% de sua força de trabalho global, para economizar dinheiro após o confinamento pelo coronavírus paralisar as viagens e a economia.

O grupo explicou na sexta-feira que finalmente demitiu 20.000 pessoas, metade de sua força de trabalho global.

A empresa recorreu ao capítulo 11 da lei de falências nos Estados Unidos, um mecanismo que permite que uma empresa que já não pode mais pagar sua dívida se reestruture sem a pressão dos credores.

As franquias Hertz, que não são de propriedade da empresa, não estão incluídas no procedimento do capítulo 11.

Hertz não mencionou o valor de sua dívida, mas o Wall Street Journal informou na sexta-feira que totalizava cerca de US$ 19 bilhões.

"A reorganização financeira fornecerá à Hertz o caminho para uma estrutura financeira mais robusta que posicione melhor a empresa para o futuro, enquanto navega no que poderia ser uma jornada prolongada e uma recuperação econômica global", afirma o comunicado da empresa.

A pandemia de coronavírus levou vários países a impor medidas de contenção que paralisaram as atividades econômicas.

A direção da Hertz teme que o retorno à normalidade seja demorado, e a generalização do teletrabalho durante a pandemia levanta dúvidas sobre se a empresa será capaz de recuperar sua clientela comercial assim que a crise terminar.

A empresa, com sede em Estero, na Flórida, empregava 38.000 pessoas no final de dezembro, incluindo 29.000 nos Estados Unidos.

Há alguns anos, a Hertz sofre com a concorrência da Avis Budget e com serviços de transporte com motorista como o Uber.

A empresa registrou uma perda líquida anual em 2019, pela quarta vez consecutiva. Mas 2020 começou bem, com um aumento no faturamento de 6% em janeiro e 8% em fevereiro, em comparação com os mesmos meses do ano passado.

A falência ilustra a magnitude da crise que os Estados Unidos sofrem como resultado das medidas para conter o coronavírus, que devastaram setores inteiros da economia, como transporte e turismo.

Desde meados de março, 38,6 milhões de pessoas solicitaram auxílio-desemprego nos Estados Unidos.

Acompanhe tudo sobre:CoronavírusFalênciasHertz

Mais de Negócios

Esta startup capta R$ 4 milhões para ajudar o varejo a parar de perder dinheiro

Ele criou um tênis que se calça sozinho. E esta marca tem tudo para ser o novo fenômeno dos calçados

30 franquias baratas a partir de R$ 4.900 com desconto na Black Friday

Ela transformou um podcast sobre namoro em um negócio de R$ 650 milhões