Luciano Hang, dono da Havan, ao lado da equipe: cursos de capacitação sob demanda, independentemente de cargo ou tempo de empresa (Havan/Divulgação)
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Publicado em 15 de setembro de 2022 às 09h00.
Última atualização em 15 de setembro de 2022 às 15h43.
Há quatro anos, a Havan é listada no ranking GPTW de melhores empresas para trabalhar no Brasil. Quando questionados sobre o principal motivo para permanecer na empresa, o que os colaboradores mais citam é a oportunidade de crescer e se desenvolver.
Mas essa prática é prioridade desde o início da empresa há 36 anos.
Juliana Nunes, atualmente gerente de produtos de confecção da Havan, é a prova do mantra que todo colaborador repete no negócio: “a Havan dá oportunidades, basta querer”. Ela começou na empresa há 16 anos no setor de embalagens de presente da primeira loja da marca em Brusque (SC) e, no ano que vem, aos 38 anos, assumirá como COO (Chief Operating Officer, executivo responsável pela operação do negócio) da Havan. Nesse período, foram nove promoções.
Quando entrou, Juliana acabara de se mudar de Itajaí (SC) em busca de emprego. Sabia que a Havan tinha quatro lojas e estava em expansão ─ hoje, tem quase 200 megalojas em 22 estados brasileiros e no Distrito Federal, um dos maiores centros de distribuição da América Latina, localizado em Barra Velha (SC), o centro administrativo em Brusque e e-commerce ─, então estava confiante que conseguiria uma vaga.
Começou no mesmo dia da entrevista como embaladora de presentes. Em três dias, ganhou sua primeira promoção para operadora de caixa. Depois de oito meses, assumiu como apoio de caixa. Um ano depois, Juliana fez uma prova para auxiliar administrativo no setor de trocas. Passou e ficou por um ano e meio.
Fez outra prova de seleção para controle de estoque, mas não foi aprovada porque não tinha ensino superior. Juliana conseguiu convencer a chefe a aceitá-la, pois com o salário conseguiria pagar a faculdade de administração com ênfase em marketing, que começou a cursar logo em seguida.
Seu trabalho no estoque chamou a atenção de Luciano Hang, dono da Havan, que a convidou para trabalhar no setor de compras no escritório. “Aceitei, mas não me identifiquei com a vaga e, no terceiro dia, pedi para voltar para o depósito”, conta. Três meses depois, o próprio Hang a convidaria novamente para o setor de compras, onde ficou por três anos.
Na sequência, atuou como compradora sazonal e depois assumiu o recém-criado cargo de gerente de mercado. Até então, ela nunca havia viajado de avião e faltava apenas um ano para terminar a faculdade. “Foi um divisor de águas. Tranquei a faculdade, viajei por todo o país e, como o Luciano [Hang] mandou colocar uma mesa para eu me sentar ao lado dele, aprendi muito, o que ele pensava e como queria as coisas.”
Juliana se tornou gerente de compras de Eletrodomésticos, Praia, Camping e Ferramentas. O setor era responsável por 18% do faturamento da empresa e, quatro anos depois, quando saiu, chegou a 55%. Foi de R$ 365 milhões para R$ 4 bilhões em vendas.
O próximo desafio ─ e atual ─ foi no setor de Moda, com o qual Juliana não tinha qualquer afinidade. O resultado? Passou de 16% do faturamento da empresa para 22% em três anos ─ e o faturamento foi de R$ 1,7 bilhão para R$ 3,2 bilhões, mesmo com uma pandemia no meio do caminho, quando as pessoas deixaram de comprar roupas.
“O Luciano [Hang] foi uma referência para mim que nem meu pai foi, mas estou aqui por mim, pois sei que posso mais e tenho muito a conquistar”, afirma Juliana. “Nenhum dia é igual ao outro e, para uma sagitariana, isso é o máximo.”
A executiva acredita que hoje seja ainda mais fácil se desenvolver na empresa, já que há mais lojas sendo abertas e mais vagas sendo abertas. “É do DNA da Havan dar oportunidade de se desenvolver. Contratamos um zelador para que ele possa ser gerente ou o que ele quiser.”
Além disso, foram criados vários programas de desenvolvimento para ajudar os funcionários a avançar na carreira e, dessa forma, fazer a roda girar em uma empresa que prioriza a promoção de colaboradores a novas contratações.
“Quem entrar em uma loja consegue chegar a gerente, desde que se prepare nos programas que oferecemos”, afirma Goreti Maestri, gerente de desenvolvimento organizacional da Havan. “Cada programa é um degrau da escada de crescimento.”
A Havan ainda oferece cursos de capacitação técnica sob demanda, como em mudanças de sistema e lançamento de produtos, independentemente de cargo ou tempo de empresa. Também são oferecidos cursos in company, conforme demanda das áreas corporativas, e cursos específicos de outras entidades pagos pela empresa.
Já o Momento Havan, reunião com a equipe para falar sobre o que acontece na empresa, campanhas, lançamentos de produtos (atualmente, são vendidos 350 mil itens pela Havan, desde eletroeletrônicos até moda e brinquedos), resultados, planejamento estratégico e premiação de colaboradores. Mas ele também atua como um canal de desenvolvimento.
Realizado com 100% dos colaboradores, no administrativo, ele é bimestral e, no centro de distribuição, mensal. Já nas lojas é realizado, no mínimo, uma vez por semana e tem uma pauta previamente encaminhada pelo administrativo com informações gerais e uma atividade lúdica de desenvolvimento voltada para temas como qualidade no atendimento telefônico, comunicação ou uma data comemorativa.
“Pesquisas internas apontam que o Momento Havan é a atividade em que os colaboradores mais se conectam com a empresa e se mantém mais informados. É, ainda, uma oportunidade de falar e interagir com a equipe”, destaca Goreti. “Além disso, muitos talentos para a liderança acabam sendo descobertos nessas atividades.”
É bom para os colaboradores e para os clientes. Este tipo de atividade tem ajudado a empresa a alcançar resultados positivos nas avaliações de quem compra na Havan, como o NPS (Net Promoter Score, uma métrica da satisfação dos clientes). Em agosto, o valor acumulado foi de 87,23 pontos ─ um NPS considerado excelente fica entre 75 e 100 pontos.
Entre as 60 questões abordadas no questionário do GPTW, a maior nota da Havan envolve o item imparcialidade, ou seja, os colaboradores acreditam que recebem adequadamente pelo o que fazem.
Isso reflete o fato de que as oportunidades de crescimento surgem independentemente do gênero, idade, orientação sexual ou etnia, garante a gerente de desenvolvimento da Havan. Hoje, 80% da força de trabalho da empresa é feminina e ela ocupa 70% dos cargos de liderança.
A presença expressiva de mulheres na companhia talvez tenha ajudado na decisão de oferecer uma licença-maternidade estendida de seis meses há mais de dez anos. A licença-paternidade estendida de 20 dias também é praticada na empresa desde 2016.
A coordenadora de marketing da Havan Ana Maria Leal da Veiga engravidou quando tinha menos de um ano de empresa. Na época, era analista de mídia e coordenava a equipe de conteúdo das redes sociais do Luciano Hang, dono da Havan. “Tive medo de estagnar a minha carreira aqui, pois gostava muito do que fazia, mas tinha uma rotina intensa de viagens”, confessa.
Ana Maria não apenas manteve o emprego como foi promovida dois meses depois que voltou da licença. “É muito bom estar em uma empresa que te dá até sete meses de licença-maternidade, contando com as férias, e você pode voltar sabendo que o seu lugar está garantido e ainda ser promovida logo depois.”
Hoje, a executiva comanda com outras duas mulheres uma equipe de 70 pessoas e continua viajando, mas reduziu o ritmo. Questionada sobre o que mais gosta na Havan, ela aponta a oportunidade de aprender, a transparência e a liberdade que tem para “imprimir” seu jeito no trabalho. “Aqui, podemos ser quem queremos e, quem se dedica, cresce junto com a empresa.”
Goreti explica que, apesar de ser uma empresa grande, com mais de 22 mil colaboradores e receita bruta operacional de R$ 12,6 bilhões em 2021, com projeção de vendas de R$ 15 bilhões para 2022, a Havan tem um “jeito de funcionar” diferente, como se fossem vários núcleos pequenos. Cada loja tem entre 60 e 200 colaboradores e o gerente é quem ajuda na condução da carreira de sua equipe.
“É importante desenvolver as pessoas, pois são elas que vão tocar o negócio e fazer a Havan ser a melhor, então isso faz parte da rotina de todos”, ressalta Goreti. “A área de desenvolvimento só estrutura o como, mas quem desenvolve é o gestor no dia a dia.”
A supervisora regional da Havan Brigite Moretti Mateus, há quase 30 anos na empresa, coloca em prática o desenvolvimento de pessoas. Ela toma conta de 15 megalojas do litoral catarinense que empregam 1,4 mil colaboradores. “Quero contribuir com o meu conhecimento e dedicação”, diz.
Fala pela experiência de quem cresceu profissionalmente na empresa. Entrou aos 21 anos como vendedora de tecidos. Passou pelo televendas como vendedora, depois atuou como líder de diferentes setores de loja, subgerente e assumiu a primeira gerência de loja. Foi ainda gerente-geral de vendas na administração da empresa e, há quatro anos, assumiu a posição atual.
“A Havan faz parte da minha vida e a minha trajetória foi feita com base na oportunidade de carreira que a empresa oferece”, diz Brigite, que participou dos programas de PDL e PDG da empresa. “A oportunidade é dada a todos por igual e temos bastante exemplos para nos espalharmos e aprendermos a cada dia.”
Brigite também ressalta o orgulho que sente em trabalhar na empresa. Essa é, inclusive, outra nota de destaque da Havan na pesquisa do GPTW: os colaboradores sentem orgulho pelo o que a empresa faz e em falar que trabalham na Havan. “Tenho paixão pela empresa. Conquistamos o cliente a cada dia, trabalhando com muita honestidade. Isso faz a Havan crescer e a gente se desenvolver como profissional e pessoa.”