Jeff Bezos e Donald Trump (Jonathan Ernst / Reuters e David Ryder / Getty Images/Site Exame)
Fernando Pivetti
Publicado em 18 de agosto de 2017 às 12h15.
Última atualização em 18 de agosto de 2017 às 15h01.
São Paulo - Apesar da crise pela qual passa o governo de Donald Trump em meio aos escândalos sociais e diplomáticos, o chefe da Casa Branca parece seguir mais poderoso do que nunca.
Na última quarta-feira, Trump voltou a atacar empresas pelo Twitter e sua mais recente vítima foi a Amazon. No tuíte, o presidente americano acusou a companhia de causar prejuízos aos varejistas americanos e tirar empregos dos Estados Unidos.
Amazon is doing great damage to tax paying retailers. Towns, cities and states throughout the U.S. are being hurt - many jobs being lost!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) August 16, 2017
Em questão de horas, as ações da Amazon despencaram e a companhia perdeu, em um único dia, mais de US$ 5 bilhões em valor de mercado, um pesado golpe para os negócios do magnata Jeff Bezos.
Essa não é a primeira vez que Trump ataca de forma direta os negócios de Bezos, que também é dono do jornal The Washington Post.
Em 2015, Trump alfinetou o magnata ao afirmar que ele utilizava o Washington Post como abrigo fiscal para a Amazon. Já em junho deste ano, o presidente utilizou o Twitter para acusar a varejista de não pagar seus impostos.
Declarações contra grandes companhias são frequentes nos discursos do presidente americano.
Em dezembro de 2016, o então presidente eleito criticou os preços dos caças da fabricante de aeronaves Lockheed Martin, e ameaçou encerrar a compra de caças da companhia pelo governo dos EUA. No mesmo dia, a Lockheed perdeu US$ 3,5 bilhões em valor de mercado.
Pouco tempo depois de assumir a Casa Branca, Trump atacou a montadora Toyota por escolher o México como sede de sua produção, o que levou a empresa japonesa a perder também cerca de US$ 1,2 bilhão em valor de mercado.
O estilo Trump para coagir companhias atingiu inclusive os negócios de sua filha, Ivanka. Em fevereiro deste ano, a rede de lojas Nordstrom rompeu com a marca Ivanka Trump e deixou de comercializar seus produtos. Sem hesitar, Trump voltou ao Twitter para criticar a empresa e defender sua filha.
As alfinetadas do líder americano contra a Amazon poderiam ser mais um item na lista de críticas contra empresas que ele coleciona, não fosse um detalhe especial.
Jeff Bezos, que ao lado de Bill Gates aparece como o homem mais rico do mundo, é um opositor assumido do presidente americano e chegou a afirmar que acionou uma equipe de repórteres do Washington Post para promover uma “caçada ao Trump” durante as eleições de 2016.
A postura de Bezos abre espaço para uma possível rixa pessoal entre o homem mais rico do mundo e o homem mais poderoso do mundo.
Ao atacar a Amazon, Trump conseguiu enfraquecer um dos seus principais opositores e reafirmou sua postura de “atacar para se defender”.
Marc Fisher, o autor da biografia de Donald Trump, e curiosamente editor de política do Washington Post, afirmou em entrevista exclusiva para EXAME.com no começo deste mês, que o presidente americano não liga para o passado e não tem planos para o futuro, só pensa em vencer no presente.
No caso de Bezos, Trump utilizou esse estilo provocativo para impactar os negócios de seu opositor, uma expressão clara de que o presidente transferiu o estilo agressivo de liderar suas empresas para dentro da Casa Branca.