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Há mais a fazer para promover a justiça racial, diz diretora do Facebook

Em entrevista exclusiva à EXAME, Maxine Williams, diretora global de diversidade do Facebook falou das metas e práticas da empresa

Maxine Williams, diretora global de diversidade do Facebook  (Facebook/Divulgação)

Maxine Williams, diretora global de diversidade do Facebook (Facebook/Divulgação)

Marina Filippe

Marina Filippe

Publicado em 23 de novembro de 2020 às 07h00.

Última atualização em 23 de novembro de 2020 às 11h53.

A empresa de tecnologia Facebook tem trabalhado para aumentar a diversidade no seu quadro de funcionários, com metas como ter 30% a mais de pessoas negras, hispânicas, asiáticas ou de outras etnias, em posições de liderança.

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A frente desta missão está Maxine Williams, diretora global de diversidade do Facebook. Nessa função, ela e uma equipe de especialistas desenvolvem estratégias para atrair, reter e apoiar o crescimento de pessoas sub-representadas na empresa. A equipe de Maxine trabalha para aumentar a diversidade cognitiva - diferentes formas de pensar com base em pessoas com origens, experiências e informações diferentes - de todas as equipes do Facebook.

"Assumimos compromissos ambiciosos e transparentes e também criamos formas de medir o nosso progresso. Fazemos isso publicamente por meio de nosso relatório anual de diversidade. Isso deixa claro para nossas lideranças onde estão nossos desafios e as ajuda a serem transparentes com os funcionários sobre as ações que estamos tomando para enfrentar esses desafios e cumprir nossas metas", disse a executiva em entrevista exclusiva à EXAME. Leia mais a seguir.

 

 

Qual é o investimento mais importante do Facebook para melhorar a diversidade?

Temos dois objetivos ambiciosos no Facebook. No ano passado, nos comprometemos a ter 50% da nossa força de trabalho nos Estados Unidos composta por pessoas sub-representadas até 2024. Isso inclui mulheres, pessoas negras, hispânicas, nativo americanas, pessoas da região das Ilhas do Pacífico, pessoas com duas ou mais etnias, pessoas com deficiência e veteranos de guerra. Nossa segunda grande meta é ter 30% a mais de pessoas negras, hispânicas, asiáticas ou de outras etnias, em posições de liderança.

Como o Facebook pretende alcançar a meta de aumentar em 30% a representação de pessoas negras em cargos de liderança na empresa?

Hoje, pouco mais de 1 a cada 3 líderes nos EUA são pessoas negras. Quando atingirmos nossa meta de aumentar a representatividade na liderança em 30%, chegaremos mais perto de 1 em cada 2 líderes na empresa sendo pessoas negras. Esse foco na liderança será um forte impulso para nos ajudar a alcançar nossa meta mais geral de chegar a 50% da força de trabalho diversa em 5 anos. Também reconhecemos que é importante que as pessoas sub-representadas, e especificamente as pessoas negras, se vejam refletidas em posições de liderança. Alcançaremos essas metas ambiciosas por meio do foco na contratação e na retenção de talentos diversos.

Apenas 1,7% dos funcionários técnicos são negros, no Facebook. Por que é difícil para o Facebook contratar e reter?

Para apoiar nossa meta de ter 50% da nossa força de trabalho composta por grupos sub-representados até 2024, introduzimos Planos de Ação de Diversidade e Inclusão. Também estamos investindo no nosso Diverse Slate Approach (ou DSA), e sempre exploramos novas possibilidades. Temos visto bons resultados ao focar mais em minorias sub-representadas em nossos programas de Recrutamento em Universidades, e buscamos expandir esse sucesso para contratações de posições mais sênior também. Também estamos realizando mais pesquisas para melhorar a execução das iniciativas de retenção e recrutamento, como treinamento de gerentes e planejamento de suporte.

Como é possível ter um ambiente de trabalho verdadeiramente inclusivo?

Existem muitos esforços essenciais de Diversidade e Inclusão sendo executados no Facebook e que contribuem para o progresso constante que fizemos em diversidade e também para a criação de um ambiente inclusivo onde todos são vistos, ouvidos e valorizados. Em termos gerais, nosso trabalho está focado em encontrar, desenvolver e reter talentos diversos. Alguns exemplos incluem nosso Diverse Slate Approach (ou DSA), um sistema que garante que temos candidatos com perfis diversos nos processos de recrutamento de cada posição para que possamos encontrar e aumentar a diversidade dos candidatos ano a ano.

Também temos aumentado o número de funcionários existentes com foco em processos e ferramentas consistentes, justos e equitativos e mentido os funcionários criando um ambiente onde todos possam prosperar por meio de ferramentas como treinamento de Diversidade e Inclusão - incluindo vários treinamentos que agora são obrigatórios para gerentes. Em todas essas áreas de trabalho usamos relatórios executivos de diversidade e planos de ação para garantir que os líderes responsáveis ​​por impulsionar o progresso de Diversidade e Inclusão tenham acesso aos dados relevantes e sejam responsáveis por eles.

Quais são os desafios de diversidade em uma empresa global para compreender as particularidades de cada região?

Cada país, região e comunidade apresentam desafios diferentes com base em sua história, população e dinâmica. No entanto, nosso trabalho sobre diversidade e inclusão trata da criação de oportunidades iguais para todas as pessoas em sistemas de desigualdade e, infelizmente, existem muitas semelhanças na maneira como esses sistemas operam em todo o mundo. Assim, podemos desenvolver estratégias para trazer mais inclusão, justiça e equidade em todas as regiões, concentrando-nos em abordar a experiência de exclusão e desigualdade, que é universal.

Como o Facebook está trabalhando para ajudar as comunidades minoritárias?

Nossos aplicativos dão às pessoas uma plataforma para que suas vozes sejam ouvidas e, todos os dias, a nossa comunidade usa nossos apps para aprender, organizar e inspirar outras pessoas em questões críticas – incluindo aquelas que afetam desproporcionalmente a comunidade negra, como a brutalidade policial e o racismo estrutural. Sempre há mais a fazer para promover a igualdade e a justiça racial. É por isso que estamos sempre desenvolvendo novos recursos, revisando nossas políticas e realizando investimentos financeiros para apoiar e elevar essas causas. Posso citar algumas iniciativas do Facebook para apoiar a comunidade negra no Brasil.

Uma delas é o recém-lançado “Rise”, um programa para quem busca oportunidades no mercado publicitário, que inclui treinamentos gratuitos e online, conversas com profissionais do Facebook e muito mais. O programa treinará 600 jovens negros em marketing digital e marketing science. Para esse programa, temos parceria com o Instituto Guetto e o Indique uma Preta.

Outra importante iniciativa no país foi lançada em 2017. O centro de inovação do Facebook, chamado Estação Hack, atua por meio de parceiros para oferecer treinamentos gratuitos em áreas como programação e tecnologia. Até agora, a Estação Hack já capacitou mais de 40 mil pessoas no Brasil. No primeiro semestre de 2020, o percentual de alunos negros em nossas aulas online e gratuitas superou o aquele de alunos brancos. Há também aulas exclusivas para organizações de empoderamento preto, como a ONG Projeto Ponte para Pretxs.

Como o Facebook está trabalhando para remover o discurso de ódio?

O Facebook se posiciona firmemente contra o ódio. Com base na contribuição de uma ampla gama de especialistas em âmbito global, definimos discurso de ódio como aquilo que ataca diretamente as pessoas com base em características protegidas, incluindo raça, etnia, nacionalidade, afiliação religiosa, orientação sexual, sexo, gênero, identidade de gênero ou deficiência ou doença grave. Usamos uma combinação de tecnologia e revisão humana para aplicar essas políticas, e hoje temos mais de 35 mil pessoas trabalhando em áreas relacionadas a segurança no Facebook. Nosso objetivo é remover o discurso de ódio sempre que tomamos conhecimento, mas sabemos que ainda temos progresso a fazer.

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