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Guerra declarada na JBS: BNDES x irmãos Batista

ÀS SETE - Nesta sexta-feira, a companhia debaterá se abre uma ação contra os administradores da empresa por conta dos crimes que eles admitiram em delação

Joesley: ontem, Joesley entregou à Procuradoria-Geral da República novos áudios das conversas que teve com políticos (Leonardo Benassatto/Reuters)

Joesley: ontem, Joesley entregou à Procuradoria-Geral da República novos áudios das conversas que teve com políticos (Leonardo Benassatto/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 1 de setembro de 2017 às 06h38.

Última atualização em 1 de setembro de 2017 às 08h10.

A companhia de alimentos JBS realiza uma assembleia nesta sexta-feira que mais parece a batalha final de uma guerra entre seus dois principais acionistas — a holding J&F, dos irmãos Batista, e o banco de fomento BNDES.

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Na principal pauta da assembleia, os acionistas vão decidir se abrem uma ação de responsabilidade civil contra os administradores da empresa por conta dos crimes que eles admitiram em delação premiada. A ação obrigaria Wesley Batista a deixar a presidência da maior processadora de carnes do mundo.

A assembleia acontece depois de seguidas batalhas entre J&F e BNDES. No início da noite de ontem o juiz da 8ª vara cível da Justiça Federal de São Paulo concedeu uma liminar para impedir os representantes dos irmãos Batista de votar na assembleia.

A liminar atendeu um pedido do BNDESPar, o braço de investimentos do BNDES, e da Caixa Econômica Federal, que juntos detém 26% da JBS, por entender que há conflito de interesse no fato de Wesley Batista e os executivos que representam a J&F poderem votar em uma assembleia que julga a abertura de ação contra o executivo.

A decisão da Justiça nesta quinta-feira aconteceu após o BNDES sofrer derrota com o mesmo pedido na Comissão de Valores Mobiliários. Na última terça-feira 29, o órgão decidiu que o caso não permitia concluir que havia conflito de interesse. A defesa da J&F alegou que a troca de controle brusca na empresa permitiria aos bancos cobrar dívidas antecipadamente por quebra de contrato.

Desde que assumiu o cargo em junho, o atual presidente do BNDES, Paulo Rabelo de Castro, declarou guerra contra os irmão Batista, defendendo o afastamento dos executivos na JBS. Em maio, o presidente Michel Temer, que indicou Rabelo ao cargo, foi acusado de corrupção por Joesley Batista em sua delação.

No auge da corrida para tentar uma conciliação com o BNDES, que foi a responsável pela convocação da assembleia desta sexta-feira, a J&F contratou o banco BR Partners para mediar as conversas com BNDES e adiar a assembleia por 90 dias. O banco não obteve sucesso.

Os irmãos Batista ainda tentam reverter a liminar até às 10h desta sexta-feira, horário em que a assembleia terá início. Se seus representantes não puderem votar, os demais acionistas devem aceitar a proposta da abertura do processo e Wesley Batista deve ser afastado.

Os problemas dos Batista se estendem a outras frentes. Ontem, Joesley entregou à Procuradoria-Geral da República novos áudios das conversas que teve com políticos, em gravações que envolvem parlamentares e ao menos um ministro.

O fato de tais arquivos virem a público só agora, três meses após o início do escândalo, tem levado críticos da delação a falar em omissão de provas. A defesa da JBS disse ao jornal Folha de S. Paulo que não há risco de quebra no acordo de colaboração.

Em entrevista à revista VEJA desta semana, Joesley afirma que ainda não tem coragem de sair de casa, e diz que desconfia que o governo de Michel Temer operava para impedir sua delação.

Segundo ele, o presidente “sempre foi muito direto, ele pedia dinheiro mesmo”. Os escândalos envolvendo os Batista, como se vê, estão longe do fim.

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