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Grupos ativistas pedem que investidores não comprem ações da JBS e Marfrig

De acordo com carta assinada por 30 instituições, os frigoríficos estariam envolvidos com a destruição da floresta amazônica

JBS: ambientalistas orientam investidores a não comprarem ações de frigoríficos brasileiros (JBS/Divulgação)

JBS: ambientalistas orientam investidores a não comprarem ações de frigoríficos brasileiros (JBS/Divulgação)

AO

Agência O Globo

Publicado em 11 de dezembro de 2019 às 20h50.

Um grupo internacional formado por 30 instituições sem fins lucrativos publicou uma carta aberta, nesta quarta-feira, alertando potenciais investidores sobre o risco de desmatamento nas cadeias de suprimento da JBS e Marfrig e aconselhando que não adquiram ações das duas empresas brasileiras, informou o jornal britânico The Guardian.

De acordo com a carta, assinada por Global Witness, Rainforest Action Network e Greenpeace Brasil, entre outros, os dois frigoríficos brasileiros estariam envolvidos com a destruição da floresta amazônica, onde o desmatamento disparou este ano e os incêndios na região atingiram em agosto um recorde de nove anos.

Em 2020, bilhões de dólares em ações detidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) das duas das maiores empresas de carnes do mundo supostamente estarão à venda. Procurado pela reportagem, o BNDES se recusou a comentar.

A carta segue um relatório divulgado na terça-feira pelo The Guardian, do Bureau of Investigative Journalism e pelo Reporter Brasil, que mostrou que durante o verão os incêndios na Amazônia eram três vezes mais comuns nas zonas de criação de gado. Estima-se que cerca de 70% da floresta amazônica desmatada tenha sido convertida em pastagem, segundo a carta. E JBS e Marfrig são dois dos maiores compradores de gado da região.

"Há um crescente reconhecimento por bancos centrais, bolsas de valores, consumidores e público de que as mudanças climáticas se tornaram uma questão material para o sistema financeiro. Isso serve como uma alerta", diz a carta.

Falando ao The Guardian, Shona Hawkes, consultora sênios de políticas florestais da Global Witness, existem algumas lacunas reais nas informações que a JBS e a Marfrig estão fornecendo em sua cadeia de suprimentos:

"Os investidores precisam insistir nessa informação", afirmou Shona.

Em um e-mail enviado ao jornal britânico, o diretor de sustentabilidade da Marfrig, Paulo Pianez, disse que os esforços da empresa para cumprir seu compromisso de desmatamento zero incluem um alerta de incêndio em tempo real e uma plataforma de monitoramento de fornecedores.

“A Marfrig desenvolve constantemente tecnologias para mitigar riscos, ao mesmo tempo em que envolve fornecedores permanentemente e garante transparência a todos os envolvidos”, afirmou.

Pianez também disse que apenas 47% de seu gado provém de fazendas de "ciclo completo".

Por sua vez, a JBS disse em um e-mail que seu sistema de monitoramento da Amazônia cobre mais de 280.000 milhas quadradas, avalia mais de 50.000 fazendas todos os dias e bloqueou mais de 8.000 fazendas fornecedoras por não conformidade.

“A JBS está comprometida com a erradicação do desmatamento, garantindo práticas sustentáveis ​​de criação de animais e melhorando a subsistência dos agricultores da região amazônica”, disse um porta-voz da empresa em um e-mail. “Instamos aqueles que compartilham o objetivo comum de acabar com o desmatamento a procurar soluções em vez de críticas".

Alguns bovinos nascem, são criados e criados na mesma fazenda - esses são chamados de fornecedores diretos, ou fazendas de “ciclo completo”. Mas muitos passam por várias fazendas - ou "fornecedores indiretos" - antes do abate, com alguns especializados em engorda, outros em criação. Isso está se mostrando uma fraqueza séria no monitoramento do desmatamento pelas grandes empresas brasileiras de carne.

De acordo com a reportagem do The Guardian, os grupos que assinaram a carta argumentaram que nenhuma empresa fez o suficiente:

"Comprar ações nessas empresas significa correr um grande risco de se envolver no desmatamento na Amazônia", disse Christian Russau, da Associação Alemã de Acionistas Éticos. "Nós na Europa também somos responsáveis."

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