Shopping Bourbon em São Paulo, unidade do Grupo Zaffari (Zaffari/Divulgação)
Mariana Desidério
Publicado em 28 de agosto de 2018 às 06h00.
Última atualização em 28 de agosto de 2018 às 09h38.
São Paulo – Com um pequeno império de supermercados no Rio Grande do Sul, o Grupo Zaffari agora vai dar mais atenção a outra divisão de seu negócio: a de shopping centers.
A companhia acaba de criar uma nova marca de administradora de shoppings, batizada de Airaz. A intenção é unificar a gestão dos centros comerciais que já são operados pelo grupo – e expandir a atuação neste segmento.
"Queremos dar nome e identidade aos novos processos de administração de shopping centers do Grupo Zaffari, que passaram a incluir ferramentas e práticas inéditas no mercado", disse o gestor da nova empresa Roberto Manuel Zaffari, por e-mail. Big data, mapas de calor e acompanhamento das vendas em tempo real são algumas dessas ferramentas.
Fundada em 1935 e com um faturamento de 1,57 bilhão de dólares só na divisão de varejo, a empresa tem como carro-chefe os supermercados. São 36 lojas no total, sendo a grande maioria no Rio Grande do Sul (a rede é a 6ª maior supermercadista do Brasil).
A partir da década de 1990, a companhia começou a apostar no modelo que tem o hipermercado como loja âncora de um shopping center.
Atualmente o Zaffari tem 13 shoppings divididos em três bandeiras: Bourbon Shopping, Moinhos Shopping e Porto Alegre CenterLar. Doze deles fica no Rio Grande do Sul e um na cidade de São Paulo.
A intenção é expandir esse setor. Em janeiro o Zaffari comprou o shopping San Pelegrino, em Caxias do Sul (RS), e há dois novos projetos em andamento em Porto Alegre. Com a Airaz, a ideia é unificar a gestão de todas as bandeiras do grupo.
“Antes da Airaz, os empreendimentos apresentavam-se ao mercado individualmente. Dessa forma, alguns parceiros comerciais que possuíam lojas em determinados equipamentos desconheciam os potenciais dos demais, e que inclusive a administração era a mesma”, afirmou Roberto Manuel Zaffari.
Para os lojistas, a integração vai permitir maior acesso a tecnologia. Quando inaugurar uma loja, por exemplo, a Airaz ajudará o parceiro na divulgação “com comunicações multicanais segmentadas aos consumidores do perfil escolhido, utilizando-se de um banco de dados próprio, o Airaz Big Data”, explica Zaffari.
O grupo também acompanha a evolução de cada loja através de um painel de controle de performance. Com isso, busca propor medidas preventivas para que os parceiros tenham êxito nos negócios.
Outras iniciativas são monitoramento do mapa de calor da rede Wi-Fi dos empreendimentos; acompanhamento em tempo real da performance de vendas dos lojistas e um aplicativo (em testes) para abono de estacionamento por parte do próprio lojista para clientes em compras.
O gestor destaca ainda a publicação de revistas com promoções das lojas do grupo e parcerias com entidades como o Sebrae para orientar os lojistas.
A aposta do grupo pode ser uma forma de preparar o terreno para enfrentar uma possível crise do setor, que vem se desenhando no mercado externo. Nos Estados Unidos, os shopping centers tem estado cada vez mais vazios, devido à fuga dos clientes para o e-commerce. Um relatório do Credit Suisse diz que um quarto dos shoppings norte-americanos fechará até 2022.
Para Roberto Zaffari, o mercado brasileiro está em “período de ajuste”, mas ainda “há espaço e oportunidades para equipamentos e localizações qualificadas, em formatos inteligentes e relevantes”.
“Os empreendimentos precisam buscar a renovação de seus conceitos e soluções. Somente dessa forma continuam conectados com a realidade. Estamos desenvolvendo projetos nestes sentidos e que acreditamos valorizarão os entornos e as vidas das pessoas”, afirma.