Casa do Pão de Queijo: rede em recuperação judicial deve ser adqurida pelo Grupo Trigo (Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 25 de outubro de 2025 às 15h50.
Última atualização em 25 de outubro de 2025 às 15h52.
O Grupo Trigo, dono de marcas como Spoleto, China in Box, Gendai, está negociando a aquisição da Casa do Pão de Queijo, empresa que está em recuperação judicial com dívida total de R$ 57,5 milhões.
A informação foi revelada pelo presidente do Grupo Trigo, Tom Moreira Leite, durante participação em um painel da ABFCon 2025, evento da Associação Brasileira de Franchising realizado nesta semana em Una, na Bahia.
“Estamos adquirindo um negócio que estava em RJ, a Casa do Pão de Queijo. O juiz homologou o acordo há dois dias. Ainda não pagamos, mas o processo está homologado”, disse o executivo.
A transação, segundo Leite, ainda não está concluída e envolve a compra da marca e das lojas franqueadas, cerca de 150 unidades.
Segundo o executivo, a aquisição faz parte da estratégia de expansão do Grupo Trigo por meio da compra de redes de alimentação que já contam com estrutura franqueada, operação consolidada e forte reconhecimento de marca.
“Nosso negócio é ser franquia. A gente compra o ativo a um preço melhor e foca naquilo que fazemos de melhor, que é gerir o sistema de franquias”, afirmou.
A Casa do Pão de Queijo, comercialmente conhecida como CPQ Brasil S/A, é uma empresa fundada por Mario Carneiro em 1967. A história da empresa começou com uma receita especial de pão de queijo criada pela sua mãe, Dona Arthêmia.
A primeira loja foi inaugurada na Rua Aurora, no centro de São Paulo, e rapidamente se tornou um sucesso, vendendo 2 mil pães de queijo no primeiro dia.
Com o crescente sucesso, a empresa construiu sua primeira fábrica na Barra Funda, São Paulo, permitindo a expansão da produção e a adoção do modelo de franquias. Em 1987, sob o comando de Alberto Carneiro Neto, a imagem de Dona Arthêmia passou a estampar a logomarca da empresa.
Nos anos 2000, com mais de 200 lojas franqueadas, a Casa do Pão de Queijo recebeu um aporte de capital do fundo de Private Equity do Banco Pátria, possibilitando a construção de uma nova fábrica em Itupeva, São Paulo. Em 2005, a empresa alcançou 700 pontos de venda e, em 2008, atingiu a marca de 1.000 pontos de venda.
Em 2009, o Banco Standard se tornou sócio da empresa, junto com Alberto Carneiro e Marco Aurelio Aliberti Mammana, adquirindo a participação do fundo do Banco Pátria. Em 2010, a CPQ Brasil S/A adquiriu os direitos da marca "O Melhor Bolo de Chocolate do Mundo".
Em 2012, após o Standard Bank encerrar suas atividades no Brasil, Alberto Carneiro e Marco Aurelio Aliberti Mammana adquiriram 100% da CPQ Brasil S/A.
A Casa do Pão de Queijo apostou nos últimos anos na abertura de unidades próprias em diversos aeroportos. A empresa investiu aproximadamente R$ 14 milhões para abrir dez novas lojas em aeroportos privatizados, motivada por grandes eventos internacionais como a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016.
No entanto, a pandemia de covid-19 em março de 2020 causou uma queda drástica no faturamento, com perdas de 97% nos primeiros três meses e uma redução total de 50% no ano, informa a empresa no processo.
Os franqueados da Casa do Pão de Queijo também foram severamente impactados. A empresa informa que muitos franqueados tiveram de fechar suas lojas.
Na pandemia, a fábrica de Itupeva interrompeu a produção várias vezes, resultando em perda de produtividade.
A empresa também destaca a falta do delivery como um agravante para a queda da receita durante a pandemia.
"A empresa enfrentou dificuldades para obter linhas de crédito junto aos bancos, sendo forçada a recorrer ao não pagamento de impostos temporariamente", diz o processo.