Apenas nos últimos 12 meses o Assaí ganhou 17 novas lojas, totalizando 115 (Divulgação/Divulgação)
Karin Salomão
Publicado em 27 de outubro de 2017 às 15h56.
Última atualização em 27 de outubro de 2017 às 18h57.
São Paulo – As lojas do Grupo Pão de Açúcar são hoje muito diferentes do que eram há um ano. “Estamos no ano de maior revisão de portfólio que o Grupo já passou”, afirma Ronaldo Iabrudi, diretor presidente do GPA, e complementa que as mudanças deverão continuar no ano que vem.
Quando a crise bateu, o cliente mudou os hábitos de consumo. Desde então, a bandeira Assaí começou a ter mais destaque e as outras precisaram se reformular. Outras estão mudando para se manter fortes, como a bandeira Pão de Açúcar.
O grupo fechou 45 lojas no trimestre, converteu algumas unidades para outras marcas e tem um grande plano de reforma de pontos de venda.
Apenas nos últimos 12 meses o Assaí ganhou 17 novas lojas, totalizando 115. Segundo o presidente, essas unidades representaram quase 1 bilhão de reais a mais em vendas para a bandeira.
Os planos são de abrir mais 6 unidades nas próximas semanas e inaugurar outras cinco unidades em 2018, que já estão em obras.
Desde o início do ano, 15 lojas Extra Hiper foram reformadas e viraram Assaí. A mudança teve um impacto negativo nas receitas do canal Multivarejo, que caíram 2%. Apenas no Extra, a queda foi de 4,6%.
A conversão, no entanto, tem um impacto bastante positivo para o grupo. Mesmo considerando os custos de reforma e construção, as novas lojas têm desempenho 30% superior em relação ao formato anterior.
A bandeira Assaí não foi a única a receber reformas consideráveis. Todo o parque de lojas irá passar por uma mudança para economizar energia elétrica. Cerca de 80% das lojas já foram adaptadas e o novo modelo gasta 10% menos energia.
Além disso, cerca de 50 lojas da marca Pão de Açúcar serão reformadas. 11 serão completamente remodeladas, com investimentos que podem chegar a 3 milhões de reais por loja, e 39 receberão mudanças menores. O objetivo é dar mais destaque para as categorias alimentares e os diferenciais das lojas.
O grupo fechou 19 drogarias e 5 postos de combustíveis no último trimestre.
A empresa também está repensando sua força de trabalho.
Mais de 2.000 funcionários já passaram por treinamento para serem polivalentes e poder exercer a função de caixa, além do posto normal de trabalho, para melhorar as filas nas horas de pico.
Apenas no terceiro trimestre do ano, 3.000 vagas de trabalho foram cortadas. No ano, já são 6.000 empregos a menos.
A abertura de lojas Assaí compensa esses cortes: são 4.000 postos de trabalho apenas na construção civil.
"Teremos um custo laboral mais baixo no próximo ano. O dissídio fechado com o sindicato está abaixo de 2%, o que nos dá espaço para melhorar o nível de despesas no próximo ano", afirmou o presidente.
Como consequência dessas ações, as despesas gerais e administrativas caíram 4,4% no terceiro trimestre, em relação ao ano passado.
O grupo apresentou lucro líquido consolidado de 32 milhões de reais no terceiro trimestre de 2017, revertendo prejuízo de 119 milhões de reais obtido em igual período do ano anterior.
Para o presidente da companhia, esse resultado está mais relacionado às transformações internas da empresa do que à melhora do ambiente macroeconômico. Uma deflação nos preços dos alimentos inclusive pressionou as receitas.
"Vimos uma queda de juros e uma pequena retomada do emprego, com melhora do poder de compra. No entanto, não vimos essa mudança se refletir nos caixas das lojas", disse.
Os resultados englobam apenas a divisão alimentar do grupo, com todos os formatos das marcas Assaí, Pão de Açúcar e Extra. Apesar de fazer parte do grupo, os números da Via Varejo não são mais consolidados com o balanço do grupo. A dona das marcas Casas Bahia e Ponto Frio está em processo de alienação.