Negócios

Grupo Pão de Açúcar avança na corrida do supermercado digital 

Desde o começo da pandemia, o GPA ganhou diversos rivais, como Mercado Livre e Magazine Luiza, que passaram a vender alimentos e bebidas pela internet

Pão de Açúcar: o grupo aumentou o investimento em logística e transporte. De 120 lojas que faziam entregas diretamente para o comércio eletrônico, hoje são 200 (Pão de açúcar/Divulgação)

Pão de Açúcar: o grupo aumentou o investimento em logística e transporte. De 120 lojas que faziam entregas diretamente para o comércio eletrônico, hoje são 200 (Pão de açúcar/Divulgação)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 25 de agosto de 2020 às 10h35.

Última atualização em 25 de agosto de 2020 às 11h53.

As vendas pela internet de frutas, legumes e verduras passaram anos tendo uma relevância pequena para supermercados e consumidores - até agora. A pandemia do novo coronavírus acelerou essa tendência e varejistas de diversos segmentos decidiram entrar nesse mercado. O Grupo Pão de Açúcar, que vende pela internet há 25 anos, precisou acelerar os investimentos na área para manter a liderança.

No grupo, o comércio alimentar cresceu 272% no segundo trimestre em relação ao mesmo período do trimestre anterior. Cerca de 90% das compras são entregues em menos de 24 horas e o grupo entrega em média 700.000 itens por dia.

As vendas pela internet já correspondem a 15% das receitas da bandeira Pão de Açúcar - o grupo ainda controla as marcas Extra e Assaí. O Cheftime, marca de gastronomia que entrega de kits para o preparo de alimentos a refeições prontas, cresceu 867% no trimestre, com maior presença em lojas - o negócio passou a entregar pratos prontos em abril, competindo com iFood e Rappi. 

Parte dessa logística é feita através da startup James Delivery, adquirida em 2018. O James Delivery, que passou a estar presente em cada vez mais cidades, viu o volume de vendas crescer mais de 1.200%, com alta no número de pedidos e no ticket médio. 

Investimento alto em logística

Rodrigo Pimentel, diretor do comércio eletrônico da companhia, acredita que parte desse crescimento vem da resposta rápida logo no início da quarentena. No mesmo dia em que o Grupo recebeu as primeiras notícias de que a quarentena poderia ocorrer, na segunda quinzena de março, decidiram reforçar sua divisão de comércio eletrônico. Ele afirma que em um dia aprovou a contratação de mil novos colaboradores. A frota de entrega passou de 250 veículos para mil.

Desde então, o grupo aumentou o investimento em logística e transporte. De 120 lojas que faziam entregas diretamente para o comércio eletrônico, hoje são 200. A empresa também passou de dois centros de distribuição, voltados para entregas de compras maiores, para um total de cinco e planeja abrir outros três CDs até o final do ano.

Esses centros não servirão apenas para atender o comércio eletrônico e a ideia é criar negócios especializados. Um dos exemplos é o Pão de Açúcar Adega, um site e loja exclusivos para a venda de vinhos e lançado em 2018. 

A empresa acaba de divulgar que é a marca mais lembrada na categoria de supermercados online segundo o levantamento da Ebit Nielsen. Levando em consideração o ranking completo, o e-commerce da marca saltou mais de 40 posições na comparação com a pesquisa anterior.

Para Pimentel, a empresa é mais lembrada pelos consumidores por ser uma das pioneiras no setor. A empresa já trabalha com comércio eletrônico desde 1995. As lojas já servem como centros de entrega há três anos - e entregas no mesmo são oferecidas há quatro. "É muito mais barato entregar para quem mora ao lado de uma loja. Sempre acreditamos no modelo híbrido de logística", diz Pimentel.

Concorrência

O Grupo Pão de Açúcar passou anos como um dos únicos supermercadistas a atuar no comércio eletrônico - as vendas de alimentos e bebidas pela internet no entanto tinham uma participação pouco relevante.

Desde o começo da pandemia, a categoria cresceu - e o grupo ganhou diversos rivais. Não apenas o maior concorrente Carrefour passou a vender mais pela internet - as vendas online no Carrefour chegaram a 918 milhões de reais, com alta de 377% nas vendas do segmento alimentar no segundo trimestre. Outras varejistas como Mercado Livre e Magazine Luiza também apostaram na categoria de alimentos e bebidas durante a quarentena.

Pimentel diz que não se preocupa com a concorrência. "O mercado vai crescer de qualquer maneira, esse foi um ano intenso que destravou esse mercado", afirma. O diferencial do grupo, acredita, é a venda de alimentos frescos, resfriados e congelados, que não são normalmente vendidos por essas outras plataformas.

Ao contrário de produtos de limpeza ou itens secos, de mercearia, que podem ser comprados em quantidade e armazenados, é necessário buscar produtos frescos com uma frequência muito maior - e essa recorrência maior é um dos grandes tesouros para o comércio eletrônico.

Vender itens frescos também garante um tíquete médio maior. Embora o custo logístico das entregas seja maior do que uma compra em um supermercado físico, para a empresa o negócio vale a pena - e muito. O tíquete médio por compra é seis vezes maior no comércio eletrônico do que em um super ou hipermercado. 

Um dos motivos para a conta ser tão alta, diz o diretor, é que a compra online também inclui itens como frutas, verduras, carnes e outros itens perecíveis. "As pessoas não estão comprando apenas produtos de limpeza", afirma.

A forma como consumidores fazem compras de mercado mudou mais em cinco meses do que nos 25 anos em que o Grupo Pão de Açúcar atua com e-commerce. Para se manter relevante, o investimento também precisa ser maior.

Acompanhe tudo sobre:e-commercePão de AçúcarSupermercados

Mais de Negócios

Ela transformou um podcast sobre namoro em um negócio de R$ 650 milhões

Eles criaram um negócio milionário para médicos que odeiam a burocracia

'E-commerce' ao vivo? Loja física aplica modelo do TikTok e fatura alto nos EUA

Catarinense mira R$ 32 milhões na Black Friday com cadeiras que aliviam suas dores