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Grupo Marista cria braço de investimentos em startups e estreia com fundo de R$ 30 milhões

Com cheques entre R$ 250 mil e R$ 4,5 milhões, fundo quer startups que resolvam dores reais nas operações de escolas, universidades e hospitais próprios

Guilherme Skaf, da Rosey Ventures: “Vamos atuar com a disciplina de um investidor, seguindo a lógica de mercado e a busca por performance" (Rosey Ventures/Divulgação)

Guilherme Skaf, da Rosey Ventures: “Vamos atuar com a disciplina de um investidor, seguindo a lógica de mercado e a busca por performance" (Rosey Ventures/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 24 de junho de 2025 às 17h10.

Última atualização em 24 de junho de 2025 às 17h22.

Num universo onde os fundos de investimento de risco — os venture capitals — fecharam a mão e os cheques estão mais escassos e menores, startups precisaram encontrar uma nova maneira de receber aporte. Boa parte delas viu uma luz no fim do túnel nas grandes corporações e seus programas de investimento: os chamados Corporate Venture Capital (CVCs).

Nesses programas, empresas investem em startups que podem resolver dores diretamente ligadas ao seu negócio principal. A lógica é menos aposta no futuro e mais alavanca para o presente. Só que até isso está mudando. Se antes bastava dizer que investia em inovação, agora o que conta é retorno e sinergia real.

É com esse olhar que o Grupo Marista, tradicional nome da educação e saúde no Brasil, lança sua gestora de CVC: a Rosey Ventures.

O fundo começa com R$ 30 milhões e foco exclusivo em edtechs e healthtechs, startups que operam com soluções para educação e saúde, respectivamente.

A abertura do fundo já era desenhada há quase um ano e foi antecipada pela EXAME, com exclusividade, ainda em 2024.

O CVC do Marista estreia com três startups no portfólio: Estuda.com, Diário Escola e Pontue. Todas elas vieram de aportes feitos anteriormente pela FTD Educação, editora que faz parte do grupo. A expectativa, agora com uma estrutura formalizada, é ampliar o número de investidas ao longo de 2025 com novos cheques que vão de R$ 250 mil a R$ 4,5 milhões.

“Vamos atuar com a disciplina de um investidor, seguindo a lógica de mercado e a busca por performance, mas sem perder o propósito institucional que sempre guiou o Grupo Marista”, afirma Guilherme Skaf, ex-Wayra Brasil, o CVC da Vivo, e agora gestor da Rosey Ventures.

A tese do fundo é buscar startups early stage, com modelos escaláveis e que possam ser aplicadas de forma prática nas operações do grupo. A Rosey responde diretamente às necessidades dos hospitais, escolas e universidades mantidas pelo Marista.

Qual é a atuação do Grupo Marista

Com atuação nacional, o grupo tem uma estrutura extensa: mantém duas universidades (PUCPR e PUCSC), escolas próprias, dois hospitais em Curitiba (Marcelino Champagnat e Universitário Cajuru) e centros de pesquisa.

A ideia é que as startups investidas tragam soluções para problemas reais, do aprendizado de alunos ao atendimento em enfermaria.

O fundo também terá como prioridade o uso de inteligência artificial, especialmente em projetos que melhorem processos internos ou otimizem rotinas operacionais nas áreas fim.

“Acreditamos que as startups podem ser aliadas potentes na construção de soluções de impacto sistêmico. Por isso queremos apoiar propostas inovadoras que dialoguem com os desafios reais das nossas frentes de missão”, afirma Skaf.

Capital de risco mais seletivo

O movimento do Grupo Marista acontece num mercado que está mais criterioso. Em 2024, o número de startups ativas no Brasil ultrapassou 14 mil, mas o capital de risco ficou mais seletivo. Em resposta, os CVCs passaram a ocupar um espaço central, com mais de 200 corporações brasileiras já operando iniciativas próprias.

Só que o CVC também mudou.

“Não se trata apenas de investir, mas de construir pontes com o ecossistema, contribuindo para o amadurecimento do setor e conectando tradição à capacidade de adaptação às dinâmicas do mercado”, diz o head da Rosey.

Ao trazer o venture capital para dentro de casa, o Grupo Marista tenta não só se atualizar, mas garantir relevância futura em dois setores que estão sendo profundamente transformados por tecnologia e dados: saúde e educação.

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