Negócios

Grupo de cannabis medicinal recebe financiamento de R$ 15 milhões do Itaú BBA

Primeiro produto da empresa chegou ao mercado em janeiro, um canabidiol isolado, com custo em torno de R$ 950,00

Guilherme Franco e Gustavo Palhares, do Ease Labs: vamos dobrar de tamanho em 2023 (Ease Pharma/Divulgação)

Guilherme Franco e Gustavo Palhares, do Ease Labs: vamos dobrar de tamanho em 2023 (Ease Pharma/Divulgação)

Marcos Bonfim
Marcos Bonfim

Repórter de Negócios

Publicado em 11 de maio de 2023 às 05h00.

Última atualização em 11 de maio de 2023 às 11h52.

Após trocas e conversas que duraram um ano, o Ease Labs, grupo com presença no mercado de cannabis medicinal, acaba de receber um financiamento de 15 milhões de reais do Itaú BBA. O recurso foi obtido a partir de venture debt, uma linha que o banco de investimento criou no ano passado para apoiar empresas em fase de amadurecimento.

O venture debt é veículo cada vez mais presente no mercado brasileiro e funciona como uma espécie de título de dívida. Ao credor, oferece um retorno que combina remuneração fixa, na forma de juros, e variável – como um percentual sobre a valorização posterior do negócio.

O desembolso marca o primeiro financiamento do banco a uma empresa do setor de cannabis medicinal. "É um mercado com grande potencial de crescimento, regulado e fiscalizado tecnicamente pela Anvisa, com projeto de lei em discussão no legislativo e uma demanda reprimida muito grande", afirma Caio Viggiano, Managing Director de Renda Fixa do Itaú BBA.

Como o recurso financeiro será utilizado pelo grupo Ease Labs

O valor será usado pela empresa mineira para fortalecer a estratégia de pesquisa, desenvolvimento e lançamento de produtos. O Ease pretende ainda reforçar as ações de marketing e relacionamento com a comunidade médica. O engajamento deste público é fundamental para a adoção dos produtos à base da cannabis, uma vez que precisam ser prescritos.

Segundo pesquisa do portal Cannabis & Saúde, mais do que dobrou a quantidade de profissionais receitando produtos de cannabis medicinal,  de 6,3 mil em 2021 para 15,4 mil em dezembro passado. Em prescrições, alta de 487,8%.

O grupo foi fundado em 2018 pelo advogado Gustavo Palhares e pelo administrador de empresas Guilherme Franco, em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais. Atuando nos mercados de M&A, finanças e inovação, os dois enxergaram na incipiente indústria de medicina canábica uma oportunidade de empreender.

O negócio começou com a Ease Labs Global, operação que facilitava a importação de medicamentos feitos com cannabis para pacientes no Brasil. No ano seguinte, nasceu a Ease Labs Pharma, uma farmacêutica que hoje é o principal negócio em faturamento. O grupo ainda conta com a Catedral, uma farmoquímica adquirida no ano passado para cuidar do processo de purificação e padronização dos insumos.

Com a regulamentação do mercado nacional pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em 2020, a Pharma começou a desenvolver a sua linha de atuação e fabricação. Conta com um único produto, lançado em janeiro deste ano no mercado após aprovação em novembro passado: um canabidiol isolado.

O medicamento é usado no tratamento de doenças que atacam o sistema nervoso central como epilepsia refratária, Doença de Alzheimer e Parkinson. Na Raia Drogasil, empresa com a qual a Ease fechou parceria, o medicamento é comercializado por R$ 950,00.

Segundo Palhares, com a adoção de uma estrutura verticalizada e fabricação local, a empresa tem conseguido com que o produto fique entre 20% e 40% mais em conta do que a opção importada.

Quais são as frentes em que o negócio está estruturado

A Ease também tem desenhado no portfólio outros sete itens, três em análise pela Anvisa e quatro em desenvolvimento. Se aprovados, serão direcionados a pacientes com casos de ansiedade, depressão, problemas oncológicos e que sofrem com dores diversas.

Além da venda das farmácias, o negócio está ancorado em duas frentes:

Outro caminho em construção é a criação de uma unidade de negócio que não envolva cannabis medicinal. “Nós temos a previsão de lançar dois outros medicamentos fitoterápicos até o final do ano, baseados em ativos da biodiversidade brasileira”, afirma Palhares, cofundador e CEO do grupo.

No ano passado, ele conta, sem abrir os números, que o grupo cresceu cinco vezes em relação ao faturamento apurado em 2021. A expansão foi puxada pela Global com a importação de medicamentos. Para este ano, a expectativa é de repetir o resultado e já com a Pharma tomando a frente nos negócios.

Segundo projeção da Kaya Mind, empresa em dados e inteligência de mercado do setor, todo o mercado de cannabis no Brasil deve movimentar R$655 milhões este ano. E, produtos medicinais à base de cannabis, já respondem por um bom filão deste valor.

Acompanhe tudo sobre:EmpreendedorismoMedicinaIndústria farmacêutica

Mais de Negócios

Floripa é um destino global de nômades digitais — e já tem até 'concierge' para gringos

Por que essa empresa brasileira vê potencial para crescer na Flórida?

Quais são as 10 maiores empresas do Rio Grande do Sul? Veja quanto elas faturam

‘Brasil pode ganhar mais relevância global com divisão da Kraft Heinz’, diz presidente