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Com dívida bilionária, Clealco pede recuperação judicial

Grupo ressaltou que empenhou "significativos esforços" nos últimos meses para superar dificuldades econômicas e operacionais e impulsionar a performance

Grupo Clealco: empresa havia chegado a acordo com bancos para refinanciar quase 1 bi de reais em dívidas (Nacho Doce/Reuters)

Grupo Clealco: empresa havia chegado a acordo com bancos para refinanciar quase 1 bi de reais em dívidas (Nacho Doce/Reuters)

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Reuters

Publicado em 17 de julho de 2018 às 15h36.

Última atualização em 17 de julho de 2018 às 18h15.

São Paulo - O grupo sucroenergético Clealco entrou com pedido de recuperação judicial nesta terça-feira, tendo por objetivo renegociar mais de 1 bilhão de reais em dívidas, afirmou à Reuters o CEO da companhia, que mantém a venda de ativos como uma possível opção em meio a esse processo.

A decisão pelo pedido de recuperação judicial, protocolado junto à Comarca de Birigui (SP), partiu do Conselho de Administração da companhia, que possui três usinas no Estado de São Paulo com capacidade instalada para moer cerca de 10 milhões de toneladas de cana por safra.

"A decisão... foi por entrarmos com pedido de recuperação judicial, cujo objetivo é permitir a renegociação da dívida bancária, de modo a encontrar soluções para a companhia voltar a ser rentável e atingir os níveis de produção do passado", disse Alberto Pedrosa, à frente do grupo desde outubro de 2017.

Segundo ele, o endividamento considerado na recuperação judicial é de 1,3 bilhão de reais, sendo 75 por cento desse montante em dívida bancária, principalmente junto a Santander, Rabobank e Itaú Unibanco.

Os outros 25 por cento referem-se a dívidas com fornecedores de cana e de insumos em geral, bem como a compras de equipamentos.

No ano passado, o Clealco chegou a fechar um acordo com os principais bancos credores, alongando o prazo de pagamento da dívida, mas não conseguiu encontrar uma "solução de capitalização" entre investidores, seja via participações minoritárias, fusões com outros grupos ou mesmo venda de ativos, afirmou Pedrosa.

"Essa oportunidade não se concretizou e veio diminuindo à medida que os preços do açúcar começaram a baixar significativamente, o dólar começou a aumentar e as perspectivas da economia brasileira tomaram um viés negativo."

Sem perspectivas de uma melhora na capitalização, a empresa optou, portanto, por entrar com o pedido de recuperação judicial, avaliando que isso lhe proporcionará algum respiro no fluxo de caixa e outras possibilidades de renegociação das dívidas, explicou o CEO da Clealco.

Para ele, "é um pouco prematuro falar em venda de usinas", mas "certamente essa é uma opção entre várias outras".

Histórico

O endividamento do grupo Clealco explodiu após um ambicioso programa de desenvolvimento no início desta década, que incluiu a compra de terras e de uma nova usina, a de Penápolis, atualmente "hibernada" por falta de cana.

As outras duas usinas em operação, de Queiroz e Clementina, devem processar cerca de 7 milhões de toneladas na atual safra 2018/19, volume cerca de 7 a 8 por cento menor na comparação anual, disse Pedrosa, citando a falta de investimentos em tratos culturais e consequente envelhecimento dos canaviais como uma das razões para esse desempenho.

"Nossos resultados operacionais estão até acima do esperado, mas a atual situação impede investimentos em canaviais. Precisamos ter um tempo para definir as bases para que essas dívidas possam ser renegociadas", afirmou o CEO.

Nos últimos anos, dezenas de indústrias do setor de açúcar e etanol entraram em processos de recuperação judicial ou fecharam as portas, afetadas pelo controle de preços de gasolina por governos anteriores, entre outros fatores.

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