Negócios

Grupo chinês compra aplicativo de relacionamentos gay Grindr

Empresa vem de país onde a homossexualidade continua sendo objeto de fortes pressões sociais


	Gindr: app se classifica como "a maior rede mundial de contatos para homens gays"
 (Reprodução/Gindr)

Gindr: app se classifica como "a maior rede mundial de contatos para homens gays" (Reprodução/Gindr)

DR

Da Redação

Publicado em 12 de janeiro de 2016 às 15h21.

A empresa chinesa Kunlun Tech, especialista em jogos online, comprou uma participação majoritária do aplicativo de relacionamentos gay Grindr, anunciaram nesta terça-feira ambas as partes - num país onde a homossexualidade continua sendo objeto de fortes pressões sociais.

O Grindr, que se classifica como "a maior rede mundial de contatos para homens gays", reivindica milhões de usuários para seu aplicativo, baseado essencialmente na localização.

Fundado em 2009, o Grindr foi pioneiro da tecnologia que permite localizar por meio de um smartphone um potencial parceiro, em função de um perfil mas também da proximidade geográfica. Este modelo foi copiado por outros sites de contato, como por exemplo o Tinder.

Numa mensagem publicada em seu blog, o presidente e fundador do Grindr, Joel Simkhai, disse que sua empresa "aceitou que a Kunlun Tech comprasse uma participação majoritária", e que esta operação "representa uma enorme prova de confiança em sua visão de conectar ainda mais os homens homossexuais com o mundo que os cerca".

A Kunlun Tech - um dos mais importantes criadores e operadores de jogos online da China - confirmou depois que comprava uma participação de 60% no Grindr por um montante de 93 milhões de dólares, o que valoriza a empresa californiana em 155 milhões de dólares.

"Este investimento em uma rede social especializada vai melhorar ainda mais o perfil estratégico da empresa no mercado global da internet", disse o grupo chinês em comunicado.

Em troca, sua experiência na administração de jogos e outros produtos online, poderia contribuir para melhorar os negócios do Grindr, acrescentou o comunicado da Kunlun Tech.

Um mercado seduzido

O anúncio claramente seduziu o mercado: as ações da Kunlun Tech subiram 10% nesta terça-feira na bolsa chinesa de Shenzhen Stock Exchange, o limite máximo permitido.

Esta é a primeira aquisição de ações por um investidor estrangeiro no Grindr, que afirma estar presente em 196 países e receber dois milhões de visitas diárias, com um volume de negócios anual de cerca de 32 milhões.

A China, por ter a maior população de usuários da internet em todo o mundo (cerca de 6,7 bilhões de pessoas), é um mercado importante e uma fonte de crescimento significativo para aplicativos de relacionamento, apesar das pressões que os homossexuais ainda sofrem no país.

Pequim descriminalizou a homossexualidade em 1997 e a retirou de sua lista de doenças mentais em 2001. No entanto, gays e lésbicas no país ainda sofrem uma forte pressão social e familiar, e os conteúdos ligados à homossexualidade são regularmente censurados na internet local.

Apesar de bares e outros locais de encontro e socialização gays são muito procurados nas grandes cidades, eles são muito raros. Assim, jovens homossexuais preferem a discrição e o caráter prático dos aplicativos.

A Kunlun Tech disse que nomearia três dos cinco membros do conselho de administração do Grindr, entre os quais figurará seu presidente, o multimilionário Zhu Yahui.

O aumento registrado na terça-feira pelas ações na bolsa aumentou a capitalização da Kunlun Tech a 1,1 bilhões de iuanes, cerca de 158 milhões de euros ou 172 milhões de dólares.

Acompanhe tudo sobre:AppsGaysLGBTPreconceitos

Mais de Negócios

'E-commerce' ao vivo? Loja física aplica modelo do TikTok e fatura alto nos EUA

Catarinense mira R$ 32 milhões na Black Friday com cadeiras que aliviam suas dores

Startups no Brasil: menos glamour e mais trabalho na era da inteligência artificial

Um erro quase levou essa marca de camisetas à falência – mas agora ela deve faturar US$ 250 milhões