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Ele quebrou duas vezes — e agora sua corretora de seguros fatura R$ 4,9 milhões

A Granto, de Uberaba, apostou em um nicho pouco explorado: seguros garantia para empresas que vencem licitações públicas

Felipe Ramos, CEO da Granto Seguros: empresa nasceu no Triângulo Mineiro, em Uberaba

Felipe Ramos, CEO da Granto Seguros: empresa nasceu no Triângulo Mineiro, em Uberaba

Laura Pancini
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 15 de fevereiro de 2025 às 07h32.

Última atualização em 15 de fevereiro de 2025 às 11h43.

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Empreender no Brasil é um teste de resiliência. Para Felipe Ramos, CEO da Granto, esse desafio veio cedo. Antes de encontrar o caminho certo no setor de seguros, ele quebrou duas vezes e passou seis anos enfrentando dificuldades financeiras.

A virada aconteceu em 2015, quando ele enxergou uma oportunidade em um nicho pouco explorado: seguros garantia para PMEs que vencem licitações públicas. O mercado era dominado por gigantes, e pequenas empresas tinham dificuldade para conseguir apólices.

Em Uberaba, no Triângulo Mineiro, Ramos mergulhou no setor e, com um modelo de captação baseado em tecnologia e inteligência artificial, transformou a Granto em uma referência.

A empresa saiu de R$ 2 milhões de receita líquida em 2022 para R$ 2,5 milhões em 2023, um avanço de 31,09%. No último ano, a receita atingiu líquida R$ 4,2 milhões em 2024, um crescimento de 61%. O desempenho colocou a Granto no 43º lugar no ranking EXAME Negócios em Expansão 2024, na categoria de 2 a 5 milhões de reais.

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Caia duas vezes, levante três

Antes da Granto, Ramos tentou empreender em outros setores. Seu primeiro negócio foi um e-commerce de cosméticos, que durou menos de seis meses. “Eu era aquele moleque de 22 anos que queria trabalhar duas horas por dia e ficar milionário. Deu tudo errado”, lembra.

A segunda tentativa foi uma franquia de seguros, mas um erro no contrato fez com que ele levasse apenas 49% do faturamento, enquanto arcava com todas as despesas. “Comprei um negócio para trabalhar para outra pessoa”, diz o mineiro. Sem fluxo de caixa, precisou encerrar a operação antes mesmo de emitir uma única nota fiscal.

Os anos seguintes foram difíceis. Ramos ficou endividado e, por um período, nem sequer podia ter conta bancária própria. Em 2015, decidiu tentar novamente. Sem dinheiro e com o apoio da esposa, começou a vender seguros em um quarto de apartamento, atendendo clientes por telemarketing. Foi nesse período que encontrou a oportunidade que mudaria sua trajetória.

Mariana Moreira, Felipe Ramos, Marisete Raffaelli, Caroline Ramos e Matheus Villié: a Granto começou e continua como um negócio de família

Negócio de família

A Granto nasceu de uma necessidade real. Um empreendedor procurou Ramos porque havia vencido uma licitação pública, mas precisava apresentar um seguro garantia para formalizar o contrato. Sem conseguir ajuda das grandes corretoras, ele corria o risco de perder tudo.

Ramos levou 15 dias para resolver o problema, mas conseguiu entregar a apólice. “Naquele momento, percebi que existia uma oportunidade gigante. Se era difícil, significava que poucos estavam fazendo”, explica.

A partir daí, ele começou a buscar outras empresas que precisavam do mesmo serviço, monitorando diariamente o Diário Oficial da União para identificar vencedores de licitações. A estratégia deu certo, e o volume de clientes começou a crescer.

Em 2015, a irmã de Felipe, Caroline Ramos, trocou a carreira em banco para se juntar à empresa como diretora. Um ano depois veio a esposa, Mariana Moreira, que passou a ser coordenadora das operações da Granto. A mãe Marisete Raffaelli faz parte da empreitada e cuida do financeiro desde 2018. O pai também ajudava na época, mas faleceu alguns anos depois. Mais recentemente, para completar o time, o cunhado Matheus Villié entrou para o time de vendas.

“Percebemos que poderíamos escalar o negócio com inteligência artificial e dados. Trouxe o Augusto Cordeiro, nosso sócio e agora diretor de tecnologia, e desenvolvemos um sistema que monitora mais de 5 mil portais públicos e privados, identificando oportunidades em tempo real”, explica Ramos.

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Crescimento acelerado

A estratégia chamou a atenção do mercado. Em 2022, a Granto recebeu seu primeiro aporte da Bossa Invest, de João Kepler, além de investimentos de Thiago Nigro (Primo Rico) e Flávio Augusto (Wise Up).

Segundo Ramos, a participação no programa Primo Startups ajudou a fortalecer o modelo de negócio e consolidar a empresa como uma insurtech.

A segunda rodada veio em 2023, liderada pela Bossa, mas desta vez com a entrada da SC Ventures e da Algar Telecom, que passou a ser investidora e parceira comercial da Granto. “No primeiro ciclo de captação, levei 10 meses para convencer os investidores. No segundo, fechamos tudo em cinco semanas”, conta.

Agora, a Granto tem uma meta ambiciosa: se tornar uma das 20 maiores corretoras de seguro garantia do Brasil até 2028. Para isso, quer expandir suas operações e atingir R$ 30 milhões de faturamento nos próximos três anos.

O que é o ranking EXAME Negócios em Expansão

O ranking EXAME Negócios em Expansão é uma iniciativa da EXAME e do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME). O objetivo é encontrar as empresas emergentes brasileiras com as maiores taxas de crescimento de receita operacional líquida ao longo de 12 meses. Em 2024, a pesquisa avaliou as empresas brasileiras que mais conseguiram expandir receitas ao longo de 2023. A análise considerou os negócios com faturamento anual entre 2 milhões e 600 milhões de reais.

A edição 2025 já está com inscrições abertas. A participação é 100% gratuita. As inscrições vão até 5 de maio, mas quem concluir o cadastro antes de 31 de março ganhará o acesso a uma trilha de conteúdos online dedicados a empreendedores dentro da plataforma LIT, da escola de negócios Saint Paul. Entre os conteúdos estão inteligência artificial, sustentabilidade corporativa, gestão de times de alta performance, capital de giro e gestão do fluxo de caixa, marketing digital e cenário econômico.

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