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Grandes redes de supermercado brigam com mercadinhos para crescer

Entre janeiro de 2014 e agosto de 2017, o número de lojas de vizinhança de cadeias organizadas cresceu 55,5%

Mini Extra: modelos de loja são os que mais crescem ao lado do atacarejo (foto/Divulgação)

Mini Extra: modelos de loja são os que mais crescem ao lado do atacarejo (foto/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 1 de novembro de 2017 às 08h35.

Última atualização em 1 de novembro de 2017 às 09h30.

São Paulo - Grandes redes de supermercados estão numa corrida para conquistar o comércio de vizinhança, um segmento dominado por cerca de 60 mil pequenas lojas independentes, com até quatro caixas registradoras, que começa a sentir de perto a concorrência das gigantes do varejo.

Entre janeiro de 2014 a agosto de 2017 cresceu 55,5% o número de lojas de vizinhança de cadeias organizadas, de 1.735 para 2.698, aponta a consultoria Nielsen, especializada em pesquisas de mercado.

"Os números revelam que há um boom na abertura de lojas de vizinhança pelas redes organizadas", diz Jonathas Rosa, coordenador da área de varejo da Nielsen. Ele observa que esse formato foi o que mais abriu lojas nos últimos anos. Guardadas as proporções, já que o investimento é infinitamente menor, o ritmo de expansão do varejo de vizinhança das redes organizadas é comparável ao do atacarejo, mistura de atacado com varejo, que avançou 55,8% no mesmo período.

Queda da inflação, dificuldade de transporte nas cidades, praticidade, envelhecimento da população, que tem problemas para se locomover, e o recuo do valor dos aluguéis explicam o sucesso desse modelo nos últimos tempos.

Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), ressalta que o empurrão para "corrida do ouro" das grandes redes no varejo de vizinhança veio com a redução da informalidade entre os pequenos empresários por causa do aumento fiscalização para coibir a sonegação de impostos e a aceitação do pagamento com cartões por essas lojas, por exemplo. A formalização abriu as portas para que as redes apostassem num segmento que tem margem de venda maior em relação ao hipermercado e supermercado por conta da comodidade nas compras.

No Carrefour, por exemplo, o varejo de vizinhança é o formato de loja que mais cresce dentro da companhia, inclusive com aumento de vendas quando se compara com as mesmas lojas. "Largamos um pouco atrás em relação aos demais e estamos acelerando", diz o diretor do Carrefour Express no Brasil, Douglas Pina.

No último sábado, 28, a rede abriu a 101.ª loja no Estado de São Paulo, de um projeto que começou em 2014 com quatro lojas. Em 2015, foram inauguradas 15 e no ano passado 50. Ao que tudo indica o ritmo acelerado de 2016 deve se repetir neste ano. No primeiro semestre foram abertas 17 lojas e no 2º semestre até agora, mais 17. Se o ritmo de expansão for mantido, a rede deve fechar 2017 com 120 lojas e investimentos de R$ 90 milhões em três anos, calculam especialistas.

A história se repete no concorrente, o Grupo GPA. "O formato de vizinhança, com as bandeiras Minuto Pão de Açúcar e Mini Extra, são os modelos de loja que mais crescem ao lado do atacarejo", diz o diretor executivo de Proximidade, Johnny Campos. O GPA tem 265 lojas de vizinhança, que representam 30% do total de pontos de venda do varejo alimentar da empresa. O GPA investe nesse modelo desde 2007 e neste ano, até setembro, abriu sete lojas.

"Estamos fortalecendo o TodoDia, nos últimos dez anos, esta foi a bandeira que mais cresceu", diz o vice-presidente de Operações do Walmart, Bernardo Perloiro. TodoDia é a bandeira de loja de vizinhança do grupo. Em 2007 eram sete loja e hoje são mais de 150. Neste ano investimos em duas novas lojas na região Nordeste, uma delas a ser inaugurada até dezembro, conta.

Quebradeira

Álvaro Furtado, presidente do Sincovaga, que reúne também os supermercados independentes além das lojas de grandes redes, diz que o boom das lojas de vizinhança das grandes cadeias levou muitos pequenos lojistas a fechar as portas.

Para Nelson Barrizzelli, professor da FEA/USP, a grande rede também tem desafios para concorrer com a loja independente de vizinhança. "O dono mora ali, conhece o cliente e tem o sortimento adequado."As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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