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Grandes redes de hotéis se armam para consolidação no Brasil

Esperando um boom no número de quartos de hotéis nos próximos anos, empresas nacionais e estrangeiras adotam modelos distintos para financiar o crescimento


	Hotel da BHG: empresas se apoiam em duas premissas para justificar o apetite pelo país: expansão contínua da renda das famílias; e a crença no domínio das grandes redes no futuro
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Hotel da BHG: empresas se apoiam em duas premissas para justificar o apetite pelo país: expansão contínua da renda das famílias; e a crença no domínio das grandes redes no futuro (.)

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Da Redação

Publicado em 8 de outubro de 2013 às 11h53.

São Paulo - Controlar todo o processo, buscar parceiros ou se concentrar no que se sabe fazer melhor? Essas são algumas das alternativas que grandes investidores do ramo hoteleiro estão encontrando para fazer frente à expansão e consolidação do setor no Brasil.

Às vésperas da Copa do Mundo e das Olimpíadas e esperando um boom no número de quartos de hotéis nos próximos anos, empresas nacionais e estrangeiras adotam modelos distintos para financiar o crescimento, mas partilham a mesma percepção: embora ainda fragmentado, o espaço para amadores parece ficar cada vez menor.

A BHG, que opera a marca Golden Tulip no país, prevê uma arrancada em aquisições com os recursos de sua oferta de ações. O grupo português Pestana negocia a venda de hotel no Rio de Janeiro para levantar recursos, copiando estratégia adotada no exterior.

As sócias Hemisfério Sul Investimentos e WTorre usarão recursos próprios para levantar hotéis em cidades médias. A HotelPar quer o mesmo nicho, mas se associou a incorporadoras regionais para erguer hotéis de marcas norte-americanas.

Segundo o Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB), a iniciativa privada investirá 7 bilhões de reais até 2015 em projetos de expansão, com apenas 5 por cento disso liberado via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Com pouco subsídio do governo, as empresas se apoiam em duas premissas para justificar o apetite pelo país: expansão contínua da renda das famílias, e consequente aumento dos gastos com turismo; e a crença no domínio das grandes redes no futuro, ante os muitos --e em geral pequenos-- competidores de hoje.


"Nossa tese de investimento é exatamente essa, de consolidação e profissionalização do setor", disse o presidente-executivo da BHG, Eduardo Bartolomeo, na primeira entrevista desde que assumiu o cargo, em agosto. "O hóspede vai querer hotel de marca em que confie e saiba o que vai encontrar." A empresa acaba de criar uma diretoria de "gente e gestão" para alinhar a equipe ao seu agressivo plano de crescimento, que ganhou fôlego após a BHG levantar 355 milhões de reais em abril com uma oferta subsequente de ações --a empresa é a única do setor listada na Bovespa.

Com o dinheiro, a BHG deve fazer aquisições, construir hotéis e fechar novos acordos de administração até 2014. Sem considerar as "novidades", a empresa estima que seu número de quartos, atualmente de 8.539, suba cerca de 50 por cento até 2015.

Cada um a seu modo

Para ganhar musculatura, o Pestana optou por vender seu hotel no Rio de Janeiro e manter a administração do empreendimento, nos moldes do que já fez em Bogotá, na Colômbia; Barcelona, na Espanha; e em Cayo Coco, em Cuba.

A empresa usará o dinheiro para ampliar as unidades geridas no país, disse o diretor-presidente da rede no Brasil, Pedro Reimão, além de destinar recursos para a expansão internacional.

"É mais uma operação financeira: vendemos o hotel, pegamos a renda e mantemos chance de voltar a comprá-lo no futuro", disse.

O modelo de separar propriedade e administração tem ganhado força num cenário econômico global ainda fraco, principalmente nos países desenvolvidos, afirmou Carolina de Haro, sócia-diretora da Mapie, consultoria especializada em hotelaria.


"Em momentos em que a Europa ainda vive crise, capitalizar o ativo que é mais imobilizado permite ganhar liquidez para continuar fazendo aquilo que, em teoria, a empresa faz de melhor, que é administrar os hotéis", afirmou.

Dividir ou concentrar riscos?

A HotelPar, que anunciou neste ano o desenvolvimento de duas bandeiras econômicas estrangeiras no país, também escolheu dividir responsabilidades para tocar sua expansão.

A empresa paga ao grupo norte-americano Wyndham Hotel para usar as marcas e recebe assessoria nos projetos. Para construir os hotéis, a empresa se associa a incorporadoras locais, que em média assumem 70 por cento dos empreendimentos.

Em estratégia distinta, a gestora de fundos de private equity Hemisfério Sul Investimentos (HSI) e a sócia WTorre lançaram uma joint venture hoteleira que controla toda a cadeia. A empresa é responsável pelo desenvolvimento da bandeira Zii, com diárias abaixo de 200 reais.

Segundo o sócio-fundador da HSI Maximo Pinheiro Lima, o controle de marca, hotéis e operação é uma vantagem da joint venture. "No longo prazo eu consigo manter um padrão de excelência talvez melhor que a média, porque só dependo de mim mesmo", disse, descartando captar dinheiro no mercado. "Já temos uma estrutura de capital muito forte como gestora." Para Carolina, da Mapie, o maior controle sobre a marca também implica concentração de riscos. "Acredito que a separação entre gestão e propriedade aumentará porque o país não tem grandes linhas de crédito para a hotelaria", disse. "Essa é a forma que o mercado hoteleiro achou de financiar o crescimento." Independente do modelo escolhido, as empresas parecem otimistas quanto à expansão do negócio. No fim de 2012, o Brasil contava com 313.833 quartos de hotel, segundo dados do Ministério do Turismo. Nas contas da consultoria Jones Lang LaSalle, 270.500 eram de estabelecimentos com mais de duas estrelas, sistema de reserva online e acima de 25 apartamentos.

Segundo a consultoria, a oferta de quartos com esse perfil deve subir 71 por cento nos próximos 10 anos, o que justificaria a aposta das grandes do setor nesse segmento mais "qualificado".

"É claro que há concorrência e investidores com diferentes perfis", disse Ricardo Mader, diretor na consultoria. "Mas não conheço ninguém que queira sair. Há consenso que ninguém pode deixar um mercado com 200 milhões de habitantes de lado."

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