Oi: ele pediu esforços mais rigorosos de redução de custos e uma posição em relação à austeridade (Nacho Doce/Reuters)
Reuters
Publicado em 18 de outubro de 2016 às 21h32.
São Paulo - Um acionista minoritário da Oi pediu que o conselho de administração da operadora de telefonia ajuste o plano de recuperação judicial apresentado em setembro, numa tentativa de neutralizar a crescente pressão dos grandes credores, como detentores de bônus e bancos.
Em carta ao presidente do conselho José Mauro Carneiro da Cunha, de 14 de outubro, o acionista Nelson Tanure disse que a reestruturação da Oi precisa ser feita de forma que permita a sobrevivência da empresa e não dos credores.
Ele pediu esforços mais rigorosos de redução de custos e uma posição em relação à austeridade.
A Reuters viu a carta. Um representante de imprensa de Tanure não quis comentar sobre a carta.
A Oi, que em junho pediu a maior recuperação judicial do Brasil com dívidas de 65,4 bilhões de reais, não quis comentar.
Tanure, que com outros investidores detém cerca de 7 por cento da Oi por meio de um veículo de investimento, disse que os pagamentos devem priorizar pequenos credores. A Oi deve a mais de 55 mil pessoas e empresas.
A carta de Tanure ressalta o caminho difícil que tem pela frente a Oi, cujo programa de reestruturação tem sido dificultado por crescentes disputas de acionistas e prolongadas negociações com detentores de bônus desde que o plano foi apresentado em 5 de setembro.
Segundo uma fonte com conhecimento do assunto, a carta foi uma resposta aos esforços de um grupo de detentores de títulos que se uniram com o bilionário egípcio Naguib Sawiris para disputar o controle da maior operadora de telefonia fixa do país.
O grupo liderado pela Moelis & Co uniu forças com Sawiris "para discutir e avaliar um plano de recuperação alternativo para Oi" durante e depois de sair da recuperação judicial.
Ao procurar favorecer credores menores em detrimento dos grandes, Tanure pode estar buscando o apoio do governo para uma reformulação da proposta de setembro, acrescentou a fonte.
Autoridades do governo já avisaram que estão prontos para intervir na Oi se necessário, para garantir a continuidade do serviço.
Na carta, Tanure questionou o valor da multas aplicadas pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e pede que elas sejam renegociadas.
Detentores de bônus não gostaram do plano original da Oi porque implica redução de 70 por cento no valor da dívida. Com 34 bilhões de reais de títulos em circulação, os detentores de obrigações formam o maior grupo credor da Oi.