Estação de recarga da Tesla Motors: a Tesla planeja investir US$ 5 bilhões na construção de uma fábrica para produzir pacotes de baterias para seus carros elétricos de luxo (Andrew Harrer/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 14 de março de 2014 às 14h58.
Sydney - Enquanto cada vez mais americanos preocupados com o meio ambiente fazem sua parte para ajudar a limpar o ar comprando um ecológico Prius ou um esportivo Tesla, uma forma nociva de chuva poluída está caindo na China.
O elo é o grafite, um componente vital das baterias usadas no Model S da Tesla, no modelo elétrico Prius da Toyota e em outros carros elétricos, bem como em dispositivos eletrônicos como o iPhone. O grafite é extraído e processado principalmente na China, onde a poluição com grafite contaminou o ar e a água, danificou safras e elevou as preocupações sanitárias.
Agora, em resposta, as autoridades chinesas estão fechando dezenas de minas e processadoras de grafite em um esforço para obter ar mais limpo, ainda que a demanda global pela commodity esteja aumentando.
“Não há dúvida de que os chineses estão entre a espada e a parede em termos ambientais”, disse Josh Landess, analista de transporte avançado que trabalha com a Bloomberg New Energy Finance. “Há uma ironia óbvia em que a perturbação que isso está causando seja da indústria de veículos e transportes limpos”.
O protesto em relação ao grafite é o mais recente dos pontos críticos do meio ambiente na China, que vão do envenenamento com chumbo a derramamentos ácidos e um “smog intolerável” nas grandes cidades. E embora a repressão possa ajudar a melhorar a qualidade do meio ambiente na China, também poderia afetar até um terço da produção mundial.
Os analistas discordam em relação ao impacto de um forte declínio da oferta de grafite. Simon Moores, analista sênior da Industrial Minerals Data em Londres, pensa que a posição mais dura da China aumentará os preços do grafite em até 30 por cento neste ano.
Outros dizem que mesmo essa alta só teria um impacto mínimo no preço total dos carros elétricos, embora pudesse desacelerar o declínio no longo prazo esperado nos preços das baterias.
Fornecimento crítico
Projeta-se que o mercado para os veículos híbridos e elétricos — como o híbrido Prius da Toyota Motor Corp. e o Model S totalmente elétrico da Tesla Motor Inc. — e para as bicicletas elétricas cresça rapidamente nesta década, impulsionado pela demanda por veículos mais ecológicos.
Para acompanhar a demanda, a Tesla planeja investir US$ 5 bilhões na construção de uma fábrica para produzir pacotes de baterias para seus carros elétricos de luxo, disse a empresa no mês passado. O projeto, apelidado a “gigafábrica”, seria a maior operação do tipo no mundo, segundo o CEO Elon Musk.
Cada carro elétrico contém cerca de 50 quilos de grafite. Os carros híbridos usam cerca de 10 quilos; as bicicletas elétricas, 1 quilo; os laptops, cerca de 100 gramas; e os celulares, cerca de 15 gramas, de acordo com Anthony Pandolfo, do departamento de Engenharia de Materiais da Monash University.
O crescimento e a diversidade de dispositivos eletrônicos propulsionarão a demanda por baterias recarregáveis, conforme a Lux Research.
Em vez disso, a China está reduzindo a produção enquanto confronta problemas ambientais mais nocivos surgidos da sua dependência do carvão para gerar eletricidade e dos automóveis convencionais.
Até 55 operações de grafite foram suspensas na província de Shandong, que controla 10 por cento da oferta global, em dezembro do ano passado por causa de uma série de violações ambientais. A intervenção do governo poderia se estender facilmente a outros produtores mal administrados na província de Heilongjiang, disse o analista do Credit Suisse Group AG Michael Slifirski.
Segurança na oferta
O combate à poluição do grafite na China está aumentando a preocupação entre os fabricantes de baterias em relação à segurança na oferta, conforme Chris Darby, CEO da Valence Industries Ltd., a desenvolvedora de Uley, uma mina de grafite no sul da Austrália. A empresa já possui compromissos para uma produção inicial dos estoques, disse ele.
“Eles podem ver a demanda crescendo”, disse Darby. “Eles querem um fornecimento garantido, e não têm certeza do fornecimento vindo da China ou das outras regiões no mundo”.