Eugênio Staub, presidente da Gradiente: aportes para lançamentos devem somar 35,7 milhões de reais (Reprodução)
Daniela Barbosa
Publicado em 17 de maio de 2011 às 19h09.
São Paulo – Disposta a retomar suas operações ainda no primeiro semestre deste ano, a Gradiente aposta em novos segmentos para se reposicionar no mercado. De acordo com uma proposta entregue à Secretária de Estado de Planejamento e Desenvolvimento Econômico do Amazonas (Seplan), para angariar incentivos fiscais, a companhia espera faturar 345 milhões de reais nos próximos três anos com a venda de tablets. A Gradiente planeja produzir 230.000 unidades do produto no mesmo período.
Em processo de recuperação judicial, a Gradiente mudou seu nome para Companhia Brasileira de Tecnologia Digital (CBTD) – em nome da qual está a proposta apresentada à Seplan.
Neste ano, a receita com a venda de tablets da Gradiente deve chegar a 45 milhões de reais, segundo o documento. A companhia planeja produzir 30.000 unidades neste primeiro momento e ir aumentando a produção nos próximos anos. Em 2013, a produção total pode chegar a 120.000 unidades, quatro vezes mais que no primeiro ano de produção.
Os 30.000 tablets planejados para este ano equivalem a 10% do total do que o setor estima que o Brasil movimentará neste ano. Segundo dados da consultoria IDC, cerca de 300.000 unidades deve ser comercializados no país em 2011.
Os tablets da companhia serão destinados ao mercado interno. Segundo a proposta da Gradiente, não está nos planos exportar o produto para outros países neste primeiro momento. Boa parte dos insumos para a fabricação, no entanto, deve vir de mercados internacionais. Cerca de 80% das peças serão importadas e apenas 20% virão de empresas locais, segundo a empresa.
Se de fato a promessa da Gradiente de estrear neste novo mercado se consolidar, a companhia terá que lidar com outros desafios. O maior deles, é claro, será disputar o mercado com gigantes que já lideram e atuam nesse segmento há tempos. A Apple, líder do segmento, detém mais de 70% do mercado de tablets no mundo.
Outras companhias, como Motorola, HP e Dell, recentemente estrearam no segmento e todas elas têm planos de explorar este mercado no Brasil. A Motorola já anunciou que lançará seu primeiro tablet no país, em abril.
Outras apostas
Sem dúvida, a produção de tablets é a grande novidade do retorno da Gradiente ao mercado. No entanto, o segmento não é a aposta principal da empresa. Segundo relatório apresentado à Seplan, a companhia estima faturar cerca de 570 milhões de reais com a venda de receptores de sinal de TV, em três anos. A produção pode atingir 1 milhão de unidades no período.
A companhia planeja investir também na produção de aparelhos de MP3 portáteis. A receita gerada com o segmento, até 2013, deve somar cerca de 270 milhões de reais. Para dar conta da produção de todos os segmentos, a Gradiente vai precisar fazer investimentos que somem 35,7 milhões de reais. Aproximadamente 17,6 milhões de reais devem vir de investimentos financeiros e o restante, 18 milhões de reais, de aportes fixos.
Dificuldades
Liderada pelo empresário Eugênio Staub, a Gradiente, desde 2007, acumula uma série de problemas financeiros. A companhia acumula dívidas de mais de 300 milhões de reais.
Desde 2010, a empresa adotou outra razão social para se reestruturar e criou uma empresa subsidiária, CBTD, para receber aportes de investidores, sem comprometer os recursos com pagamento de débitos antigos.
Para voltar a operar, a Gradiente necessita de investimentos que somem pelo menos 130 milhões de reais. Segundo apurou EXAME.com, três investidores públicos e um americano devem financiar o retorno da Gradiente ao mercado nos próximos meses.
Procurada por EXAME.com, a companhia preferiu não comentar sobre o assunto.