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GPA espera laudo para decidir se cancela contrato com empresa de segurança

A empresa de segurança Groupe Protection presta serviços de segurança ao Grupo Pão de Açúcar desde 2016 com 53 seguranças.

Supermercado Extra, formato de supermercado do Grupo Pão de Açúcar (Grupo Pão de Açúcar/Divulgação)

Supermercado Extra, formato de supermercado do Grupo Pão de Açúcar (Grupo Pão de Açúcar/Divulgação)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 18 de fevereiro de 2019 às 14h05.

Última atualização em 18 de fevereiro de 2019 às 15h02.

O Grupo Pão de Açúcar, dono da marca de hipermercados Extra, informou que cogita cancelar o contrato com a empresa de segurança privada Groupe Protection. Na semana passada, um segurança da companhia matou um homem de 25 anos dentro de uma loja do Extra no Rio de Janeiro.

O GPA tem contrato com a empresa de segurança desde 2016. A empresa presta serviços de segurança e vigilância em lojas do Rio de Janeiro. Hoje, 53 seguranças da Groupe Protection atuam junto ao GPA. A EXAME, o GPA afirmou que cancelará o contrato com a prestadora de serviços assim que a apuração judicial for concluída e ficar “comprovada a responsabilidade do segurança pela morte do jovem”.

O jovem Pedro Gonzaga foi imobilizado e sufocado até a morte por um segurança em uma unidade na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. O segurança Davi Ricardo Moreira Amâncio, de 32 anos, não poderia atuar na atividade de segurança privada.

Amâncio, que trabalha há pouco mais de um ano na empresa Groupe Protection deveria ter apresentado certidões negativas de antecedentes criminais. De acordo com reportagem exibida pelo programa Fantástico, da TV Globo, neste domingo, 17, ele já havia sido condenado por lesão corporal depois de agredir uma ex-companheira.

Procurada, a empresa segurança Groupe Protection não atendeu as ligações da reportagem.

O Grupo Pão de Açúcar afirma que “tem normas e procedimentos definidos para a contratação e acompanhamento registrado dos trabalhos de prestadores de serviço que atuam nas suas lojas”.

Dentre os procedimentos estão: proibição de uso de violência (física ou verbal) nas abordagens realizadas em loja, aptidão do profissional para enfrentamento de situações dentro das lojas evitando excessos, uso de métodos defensivos não-letais e respeito ao próximo, diz a companhia.

O GPA diz ainda que exige de seus prestadores de serviço um treinamento adicional ao exigido pela lei. A legislação exige que agentes de segurança privada passem por uma reciclagem a cada dois ano. No contrato com GPA, os prestadores precisam ainda fazer um treinamento customizado anual.

Além de disponibilizar a documentação com tais normas e procedimentos, e exigir seu cumprimento, a empresa também determina, de seus prestadores, que se cumpra não só o que determina a legislação vigente com relação a processos de reciclagem (a cada 2 anos), mas que seja realizado um treinamento adicional customizado anualmente, de acordo com as especificidades dos negócios da empresa.

Apesar disso, o Grupo Pão de Açucar e suas marcas não têm tido sucesso em evitar casos de violência e racismo em suas lojas.

Em 2017, o Extra foi multado por constranger uma criança negra a comprovar suas compras. O caso aconteceu em 2011, em uma unidade na Marginal Tietê, em São Paulo. Funcionários conduziram um garoto de 10 anos para uma sala, onde a criança sofreu agressões verbais e físicas, muitas delas com teor racista. Ela foi acusada de furto e constrangida a prestar esclarecimento, apesar de trazer consigo a nota fiscal dos produtos que carregava.

A empresa foi multada em 458 mil reais, entrou com recurso, que foi negado. Na ocasião, o GPA enviou a seguinte nota: “A rede esclarece que repudia qualquer atitude discriminatória e que tem na diversidade uma importante alavanca social e econômica, respeitando a todos os seus clientes, colaboradores e parceiros. Sobre o fato em questão, como ele ainda está em julgamento, o Extra não pode comentá-lo”.

Em 2018, um adolescente negro foi agredido por seguranças do supermercado Pão de Açúcar, depois de consumir uma barra de chocolate e um Doritos dentro da loja, antes de pagar pelos produtos.

Questionado sobre a recorrência de casos, o grupo afirmou a EXAME que o Extra participa da Coalização Empresarial pela Equidade Racial e de Gênero, que estimula a implementação de políticas e práticas empresariais no campo da diversidade.

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