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Governo vai aprovar compra de área da Embraer por Boeing, diz ministro

Medida é uma forma de manter a Embraer "forte em um mercado cada vez mais competitivo e demandante de recursos", diz Joaquim Silva e Luna

Embraer: A parceria das empresas acontece depois da aliança entre Airbus e Bombardier, anunciada no ano passado e que representa o maior realinhamento do mercado global de aviação (Roosevelt Cassio/Reuters)

Embraer: A parceria das empresas acontece depois da aliança entre Airbus e Bombardier, anunciada no ano passado e que representa o maior realinhamento do mercado global de aviação (Roosevelt Cassio/Reuters)

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Reuters

Publicado em 30 de agosto de 2018 às 17h00.

Rio de Janeiro - O governo federal vai aprovar ainda na gestão do presidente Michel Temer a venda da área de aviação comercial da Embraer para a norte-americana Boeing, mas a decisão só será tomada após as eleições para não contaminar a disputa eleitoral, disse nesta quinta-feira o ministro da Defesa, Joaquim Silva e Luna.

Em visita ao Rio de Janeiro com Temer e outros ministros para acompanhar o andamento da intervenção federal na área de segurança no Estado, Luna afirmou à Reuters que não há dúvidas dentro do governo que a união de esforços entre as empresas é um bom negócio para o Brasil e uma forma de manter a Embraer forte em um mercado cada vez mais competitivo e demandante de recursos.

"Essa é uma decisão para depois das eleições. Isso pode embaralhar o processo eleitoral. É um negócio entre empresas privadas que está em curso, e, nada foi atrapalhado no percurso", afirmou Luna. "Para ficar isento, ele (Temer) prefere receber isso depois das eleições para uma decidir por uma posição esse ano ainda. A negociação está muito clara e é só concordar", acrescentou.

Segundo o ministro da Defesa, o aval do governo federal manterá as bases do acordo em que a Boeing ficará com participação de 80 por cento em uma nova empresa que será criada a partir da cisão da área de aviação comercial da Embraer, a principal geradora de lucro da empresa. Os 20 por cento restantes ficarão com a Embraer, que manterá sob seu controle as atividades de aviação executiva e de produtos militares.

"O negócio é nesses moldes e a tendência é que seja assim (80/20)", disse o ministro da Defesa.

Temer precisa aprovar o negócio porque o Brasil possui uma golden share na Embraer que dá poderes a Brasília vetar discussões de caráter estratégico sobre o futuro da companhia.

Na semana passada, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Dyogo Oliveira, afirmou que a aprovação do governo à venda de parte da companhia não estava associada ao calendário eleitoral e que a discussão seguia embasada em questões estritamente técnicas e jurídicas.

No final de julho, a Embraer foi alvo de uma ação popular proposta pelos deputados petistas Paulo Pimenta (RS), Carlos Zarattini (SP), Nelson Pellegrino (BA) e Vicente Cândido (SP) que pede a suspensão das negociações da companhia com a Boeing.

Embraer, terceira maior exportadora do Brasil, e Boeing anunciaram no início de julho assinatura de um memorando de entendimento para formar a joint-venture, em uma transação que avalia as operações de aviação comercial da companhia brasileira em 4,75 bilhões de dólares.

A parceria das empresas acontece depois da aliança entre Airbus e Bombardier, anunciada no ano passado e que representa o maior realinhamento do mercado global de aviação em décadas ao fortalecer os fabricantes estabelecidos do Ocidente contra novos entrantes da China, Rússia e Japão, afirmam analistas.

"Esse é o princípio da oportunidade. As vantagens competitivas tem um prazo e se elas não forem utilizadas aquela vantagem pode se perder", disse o ministro da Defesa.

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