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Governo anuncia compra de 6.500 respiradores de fabricante brasileira

Aparelhos são da Magnamed, de São Paulo, que produzirá os insumos em parceria com empresas como Positivo, Flex, Fiat, Klabin e Suzano

Respirador da Magnmaed: fabricante fará parceria com empresas não-especializadas para aumentar produção (Magnamed/Facebook/Reprodução)

Respirador da Magnmaed: fabricante fará parceria com empresas não-especializadas para aumentar produção (Magnamed/Facebook/Reprodução)

CR

Carolina Riveira

Publicado em 8 de abril de 2020 às 13h32.

Última atualização em 9 de abril de 2020 às 18h38.

O governo federal fechou a compra de pelo menos 6.500 respiradores, conforme anunciado em entrevista coletiva à imprensa nesta quarta-feira, 8. A leva começa a ser fabricada nos próximos dias pela empresa brasileira Magnamed, especializada no segmento. O prazo de entrega será de até 180 dias, segundo a EXAME apurou.

A fabricação também terá parceria de empresas de outros segmentos que estão se juntando às fabricantes de respiradores para alavancar a produção. No caso da leva encomendada pelo governo, estão na parceria empresas como Suzano e Klabin, de papel e celulose, a montadora Fiat, e as fabricantes de eletrônicos Positivo e Flextronics — esta última fabrica dispositivos para empresas de tecnologia parceiras em Sorocaba, no interior de São Paulo. A compra feita pelo Ministério da Saúde, é garantida pela seguradora do banco de investimentos BTG Pactual, controlado pelos mesmos donos da EXAME. A apólice assegura que o adiantamento de 129 milhões de reais feito pelo governo à Magnamed será efetivamente usado na fabricação dos respiradores.

Essas companhias, no geral, cedem a linha de produção para fabricar os respiradores. Como o respirador é um item de alta tecnologia e de fabricação complexa, o modelo a ser produzido pelas parceiras segue a patente das empresas especializadas. Além da Magnamed, produzem respiradores no Brasil fabricantes nacionais como a Leitsung, VentLogos e KTK.

A Leitsung já havia anunciado em março parceria com a empresa de energia WEG, que usaria sua linha de produção para fazer os respiradores licenciados pela companhia especializada — segundo a WEG, serão 50 respiradores por dia.

Uma das fontes próximas ao setor informou que, com a ajuda das parceiras, a produção pode aumentar até dez vezes nas fabricantes especializadas. No geral, a linha de produção dessas empresas dava conta de algumas centenas de aparelhos por mês, mas, com a pandemia, a demanda agora é por milhares de itens, ficando acima da capacidade de produção.

A fabricação de respiradores vem sendo um dos maiores desafios no combate ao coronavírus. O aparelho é usado para ajudar pacientes que apresentem insuficiência respiratória, um dos sintomas mais comuns da covid-19, doença causada pelo vírus.

Com todos os países sofrendo com falta de equipamentos, a disputa pelos aparelhos também se tornou global. Além da linha de produção pequena, as empresas especializadas podem começar a sofrer com a falta das peças necessárias para a produção.

Em um respirador produzido no Brasil, cerca de 20% a 30% dos componentes é importado, com peças vindo de países como a Suíça e os Estados Unidos, segundo uma fonte próxima ao setor. Indústrias também estão se oferecendo para fabricar algumas destas peças internamente, como a fabricante de aeronaves brasileira Embraer.

A Magnamed, que fechou a parceria com o governo federal, protagonizou no mês passado um dos marcos da falta de respiradores no sistema de saúde. A empresa teve uma fábrica em Cotia, em São Paulo, invadida pelo governo local na busca pelos aparelhos.

Uma lei brasileira de fevereiro permite que os governos confisquem estoques de insumos de saúde pagando preço médio dos últimos 12 meses ou o menor valor praticado. A Justiça, depois, obrigou as autoridades de Cotia a devolver os insumos. A empresa não comenta.

Na semana passada, o governo da Bahia acusou os Estados Unidos de terem confiscado em Miami uma carga de 600 respiradores comprada pelo estado de um fabricante na China. Os americanos teriam pagado mais pela carga, de modo que o fabricante decidiu deixar os aparelhos no país em vez de terminar a entrega para a Bahia. O governo baiano pagaria 42 milhões de reais.

A embaixada brasileira publicou na semana passada uma postagem negando que o governo americano tenha feito um confisco. Países como a França e a Alemanha também acusaram os americanos de confiscar cargas, incluindo equipamentos de proteção, como máscaras. Os Estados Unidos, país com maior número de casos de coronavírus, precisam de dezenas de milhares de aparelhos, mas não têm equipamentos suficientes.

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