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Governo quer reduzir imposto de importação de carros, diz associação

Segundo a Abeifa, que representa os importadores, a equipe econômica deixou "clara" sua intenção de diminuir a alíquota dos atuais 35% para 20%

Kia Cerato: marca é líder do mercado de importados no país (Kia Motors/Divulgação)

Kia Cerato: marca é líder do mercado de importados no país (Kia Motors/Divulgação)

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Juliana Estigarribia

Publicado em 4 de julho de 2019 às 06h00.

Última atualização em 4 de julho de 2019 às 06h00.

Um pleito antigo dos importadores de automóveis pode finalmente ser atendido pelo atual governo. Segundo o presidente da Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores (Abeifa) e também da Kia Motors, José Luiz Gandini, o desejo do ministro da Economia, Paulo Guedes, é reduzir o imposto de importação para veículos dos atuais 35% - alíquota máxima permitida pela Organização Mundial do Comércio (OMC) - para 20% até o fim do mandato do presidente Jair Bolsonaro.

“Conversei com a equipe econômica [do Paulo Guedes] e eles deixaram claro que é intenção do governo reduzir o imposto de importação de forma gradual até o fim do mandato do presidente Bolsonaro. Mas também garantiram que isso não vai acontecer do dia para noite”, afirma Gandini. Procurado, o Ministério da Economia informou que não vai se manifestar sobre o assunto.

As vendas de veículos importados continuam emperradas diante da economia instável e do dólar em nível próximo a 4 reais. No primeiro semestre, os emplacamentos do segmento somaram apenas 16 mil unidades, queda de 9,6% sobre igual período do ano passado.

O recorde do mercado de importados aconteceu em 2011, quando as vendas atingiram 199 mil unidades, desempenho puxado principalmente por marcas asiáticas como Kia, Chery e JAC Motors. Porém, no ano seguinte, o governo da então presidente Dilma Rousseff lançou o Inovar-Auto, programa de incentivos à indústria automotiva nacional, que previa 30 pontos extras do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos importados que excedessem a uma cota estabelecida para montadoras que não produzissem localmente: estas empresas só podiam trazer 4,8 mil unidades sem a majoração do IPI.

Com isso, as vendas de importados foram derrubadas. Em 2013, um ano após a vigência do Inovar-Auto, os emplacamentos recuaram para 129 mil unidades e os números só foram caindo ano a ano, até alcançarem 29 mil unidades em 2017, quando acabou o programa automotivo.

Com o fim do IPI extra, a expectativa era de que as vendas de importados melhorassem, mas com a economia ainda enfraquecida e o dólar pouco convidativo, o cenário continua desanimador para os importadores. A Abeifa revisou para baixo a projeção de emplacamentos em 2019, de 50 mil unidades para 40 mil unidades. “Com o desempenho fraco do primeiro semestre, fica difícil recuperar mercado na segunda metade do ano”, declara Gandini.

Horizonte incerto

Até a implementação do Inovar-Auto, a Kia Motors era líder entre os importadores. A montadora chegou a vender 80 mil unidades somente em 2011. No primeiro semestre de 2019, porém, a marca vendeu apenas 4,6 mil veículos, volume que, se anualizado, representa pouco mais de 10% do que foi emplacado naquele ano.

Gandini comenta que, atualmente, o cenário é incerto. Sem a aprovação da reforma da Previdência, o país vai perder credibilidade. “Hoje, eu não começaria um novo negócio no Brasil, em hipótese alguma.”

Ele destaca que a empresa ainda está pagando um dólar acima de 4 reais, já que o período entre a encomenda do carro à Coreia do Sul e a chegada ao Brasil leva cerca de seis meses. “Com a economia fragilizada, não há como repassar esses custos.”

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