Negócios

Governo italiano aprova socorro estatal ao Monte dei Paschi

O governo não comunicou o valor do socorro, mas o ministro das Finanças garantiu que será "suficiente para cobrir as necessidades"

BMPS: plano foi adotado após o fracasso da recapitalização nos mercados do terceiro banco da Itália (©afp.com / Fabio Muzzi)

BMPS: plano foi adotado após o fracasso da recapitalização nos mercados do terceiro banco da Itália (©afp.com / Fabio Muzzi)

A

AFP

Publicado em 23 de dezembro de 2016 às 09h11.

Última atualização em 23 de dezembro de 2016 às 09h19.

O chefe de governo italiano, Paolo Gentiloni, anunciou na madrugada desta sexta-feira um plano de socorro para o BMPS e outros bancos em dificuldades, aprovado pelo Conselho de Ministros.

O plano de emergência, adotado após o fracasso da recapitalização nos mercados do terceiro banco da Itália, será apoiado por um fundo de 20 bilhões de euros avaliado pelo Parlamento, e garantia dos depósitos dos correntistas, disse Gentiloni em entrevista coletiva.

O governo não comunicou o valor do socorro, mas o ministro das Finanças, Pier Carlo Padoan, garantiu na mesma coletiva que será "suficiente para cobrir as necessidades definidas por testes de resistência" dos bancos.

O plano prevê, em primeiro lugar, a possibilidade de o Tesouro garantir as novas obrigações emitidas por um banco em dificuldades, em troca de uma comissão, para permitir que a instituição tenha o mesmo nível de confiança que o Estado e possa recorrer aos mercados financeiros mesmo "submetida a tensões", destaca a presidência do Conselho.

Os bancos terão ainda acesso, em condições fixadas no acordo com a Comissão Europeia, a um sistema de créditos de emergência denominado ELA ("Emergency Liquidity Assistance"), algo que foi crucial para os bancos gregos.

O socorro prevê ainda um mecanismo de recapitalização preventiva, com uma injeção de fundos públicos ainda não definida, e uma contribuição de acionistas e detentores de bônus, através de uma negociação forçada dos títulos a um nível muito inferior a seu valor nominal.

O BMPS, o banco mais antigo do mundo, é o ponto fraco do sistema bancário italiano, cuja fragilidade e créditos duvidosos - que sem dúvida jamais serão devolvidos-inquietam toda a Europa.

O resgate de quatro pequenas entidades provocou no ano passado muitas perdas para os correntistas, provocando manifestações e ao menos um suicídio, algo que o governo quer evitar desta vez.

Na quarta-feira, as duas câmaras do Parlamento votaram um aumento de 20 bilhões da dívida pública, solicitado pelo governo para ajudar os bancos com problemas.

Os bancos Carige, Veneto Banca e Banca Popolare di Vicenza também devem se beneficiar do socorro.

Pier Carlo Padoan afirmou na quarta-feira que os 20 bilhões de euros eram uma medida "de precaução", "suficiente" para enfrentar possíveis dificuldades.

A intervenção pública pretende "manter a estabilidade financeira" e "preservar a poupança" dos italianos, acrescentou, ressaltando que o sistema bancário é "sólido, apesar de algumas situações de crise".

O sistema bancário italiano em seu conjunto gera grande preocupação devido à sua dispersão (aproximadamente 700 estabelecimentos) e à importância dos créditos morosos em sua carteira, estimados em 360 bilhões de euros, um terço do total da zona do euro.

O BMPS está em dificuldade há anos. Foi fragilizado pela desastrosa compra em 2007 do banco Antonveneta, e depois pelo escândalo de prevaricação, com o qual acumulou as perdas de 14 bilhões de euros entre entre 2011 e 2015.

Desde 2014, implementou duas ampliações de capital de 8 bilhões de euros, quantia já dissipada.

As ações do BMPS sofreram uma desvalorização de 86% desde o início de 2016.

Acompanhe tudo sobre:acordos-empresariaisBancosCrises em empresasItália

Mais de Negócios

Azeite a R$ 9, TV a R$ 550: a lógica dos descontaços do Magalu na Black Friday

20 frases inspiradoras de bilionários que vão mudar sua forma de pensar nos negócios

“Reputação é o que dizem quando você não está na sala”, reflete CEO da FSB Holding

EXAME vence premiação de melhor revista e mantém hegemonia no jornalismo econômico